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Israel

Para Israel, bombardear Gaza é propaganda eleitoral

An explosion caused by Israeli airstrikes is seen on Gaza City, early Friday, Friday, March 15, 2019. Israeli warplanes attacked militant targets in the southern Gaza Strip early Friday in response to a rare rocket attack on the Israeli city of Tel Aviv, as the sides appeared to be hurtling toward a new round of violence. (AP Photo/Adel Hana)
março 15, 2019

Os cerca de 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza, Palestina ocupada, viveram mais uma de muitas noites de terror. Bombardeios massivos israelenses foram registrados a partir desta quinta-feira (14) e deixaram quatro palestinos feridos.

Por: Soraya Misleh

O Estado de Israel lançou ataques aéreos a mais de cem “alvos” ao sul da estreita faixa. Como é praxe, alega represália ao lançamento de dois mísseis por parte do Hamas – que nega –, os quais teriam atingido Tel-Aviv.  Nenhuma vítima ou confirmação de autoria, mas a desculpa usual para promover um novo massacre como propaganda eleitoral.

Diante de denúncias de corrupção do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o pleito israelense foi antecipado para 9 de abril – mesmo dia do genocídio sionista na aldeia palestina de Deir Yassin em 1948, ano da Nakba (catástrofe palestina com a criação do Estado de Israel mediante limpeza étnica). A ofensiva serve como propaganda eleitoral e é aprovada inclusive pelo principal concorrente de Netanyahu, Benny Gantz.

De olho nos votos a serem conquistados sob o sangue de palestinos, apressou-se em afirmar que Israel deve agir de forma “severa”. Como era de se esperar, o governo brasileiro não tardou em fazer coro, ao condenar os supostos ataques a Israel, assim como os Estados Unidos.  Como um bom aliado sionista, Bolsonaro deve ainda premiar a ocupação com novos acordos. Está com viagem marcada para o final deste mês a Tel-Aviv para se encontrar com Netanyahu.

Uma mostra de que vidas palestinas não importam a Bolsonaro, o que faz sentido para alguém que prima por declarações preconceituosas. A visita sucede a intensificação de bombardeios em Gaza nos últimos meses. Entre 11 e 13 de novembro de 2018, Israel lançou pesada ofensiva sob o mesmo falso pretexto de resposta e “defesa”. “Defesa” de quem ocupa o território palestino. Sob esse argumento estapafúrdio, os ataques aéreos criminosos a conta-gotas têm se tornado mais frequentes à aproximação das eleições israelenses, como tem sido alertado por diversos analistas.

Semanalmente ainda, bombas de gás são lançadas e franco-atiradores sionistas miram na cabeça de palestinos que protestam contra o cerco desumano a que estão submetidos há quase 12 anos na faixa de Gaza e pelo legítimo direito de retorno dos refugiados às suas terras. Em 30 de março de 2018, iniciaram-se todas as sextas-feiras essas manifestações, como parte da Grande Marcha do Retorno. Até o momento, foram mais de 250 mortos e 25 mil feridos. Excepcionalmente nesta semana os protestos foram suspensos, diante da iminência de um massacre israelense.

A situação em Gaza é dramática. A população enfrenta grave crise humanitária em função do cerco desumano, agravada pelos bombardeios e massacres constantes. A resistência, contudo, não se dobra. Promete manifestações gigantescas em 30 de março próximo –­ Dia da Terra para os palestinos, em homenagem a mártires que protestavam na Galileia, na data, em 1976, contra a tomada de suas terras por Israel.

Os palestinos persistem e resistem, seja por meio de sua memória coletiva, da presença incômoda ao colonizador, da bravura dos meninos que atiram pedras contra tanques, da denúncia dos crimes israelenses. Pedras, poemas, pipas incendiárias e outras “armas” improvisadas, da forma como é possível. É urgente apoiar essa heroica resistência e cercar Gaza de solidariedade incondicional ativa, em todo o mundo.

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