Líbia
Brutal repressão de Kadafi não detém manifestações
fevereiro 24, 2011
O número de mortos pode passar de mil; governo líbio se desagrega. Quanto mais o ditador Muammar Kadafi recrudesce a repressão contra os opositores a seu governo, mas crescem as mobilizações contra a ditadura que já dura quase 42 anos.
Segundo a imprensa internacional, os rebeldes já tomaram o Leste do país, enquanto Kadafi tenta desesperadamente reprimir os protestos e manter o controle do Oeste, incluindo a capital Trípoli.
Para sufocar as manifestações, o ditador lança mão de mercenários estrangeiros que disparam de forma generalizada contra a multidão. Kadafi também teria usado aviões para bombardear as manifestações. As notícias sobre mortes são desencontradas. O governo reconhece apenas 300, o ministro da Itália dos Negócios Estrangeiros, Franco Frattini, afirmou na manhã desse dia 23 que as vítimas podem passar de mil, enquanto um médico francês que fugiu de Bengasi, bastião da oposição que sofreu forte repressão, chegou a dizer que só ali haveria dois mil mortos.
Segundo relatos, as milícias pró-Kadafi estariam encobrindo o massacre e escondendo os cadáveres de manifestantes. Nos primeiros dias de repressão, os corpos eram empilhados no meio das ruas a fim de servirem como exemplo. Mesmo assim, a população não parece ser intimidar.
Enquanto em Bengasi e outras cidades da região estão nas mãos dos manifestantes, em Trípoli as pessoas estão em casa, enquanto milícias de Kadafi patrulham e perseguem opositores pelas ruas. Pelas informações da imprensa, a cidade está completamente paralisada, apesar do discurso do ditador nesse dia 22, em que conclamava os que “amam Kadafi” a saírem às ruas em seu apoio e perseguirem os opositores. Nesse dia 23, apenas 150 pessoas se manifestavam a seu favor na Praça Verde, na capital.
Deserções e desagregação
A repressão brutal, ao que tudo indica, é um ato desesperado de um governo esfacelado. São inúmeros os relatos de deserções nas Forças Armadas, de soldados e oficiais que se negam a atirar contra o próprio povo. Ainda em Bengasi, dois pilotos não obedeceram a ordem de bombardear a cidade e se ejetaram do avião. Segundo o espanhol El Pais, 17 pilotos foram executados por se negarem a obedecer Kadafi.
Embaixadores líbios em todo o mundo pedem demissão, defendendo a queda do ditador. E, em mais um claro sinal de desagregação do Estado líbio, nesse dia 23 o ministro do Interior, Abdulá Yunis, demitiu-se e anunciou sua adesão aos manifestantes antigoverno. O ex-ministro era considerado um dos próximos de Kadafi e esteve ao lado do ditador no golpe militar de 1969 contra a monarquia.
O povo líbio parece cada vez mais determinado a levar até o fim sua revolução contra o o regime de Kadafi. Nem que para isso tenha que enfrentar os tiros e bombas do ditador insano.
Solidariedade
Diante da repressão do regime de Kadafi, a LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhdores) está impulsionando uma campanha internacional de solidariedade ao povo líbio. “A classe operária e os povos do mundo devemos atuar já em seu apoio, para frear a repressão e acabar com a ditadura”, afirma, conclamando ainda ”a ampla unidade de ação com todos os setores nesse sentido, em particular as centrais operárias e as organizações populares, no sentido de exigir dos movernos, incluindo os que se pronunciaram em apoio a Kadafi ou se calam frente a repressão, que rompam relações imediatamente com a ditadura líbia”.