sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER!

ABAIXO O CAPITALISMO QUE A PROVOCA!

 

O dia 25 de novembro foi definido como Dia Internacional contra a Violência à Mulher no Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribe, celebrado em Bogotá (Colômbia) em julho de 1981.

 

 

 

 

Esse dia foi escolhido em homenagem às irmãs Mirabal (Patria, Minerva e María Teresa), três ativistas políticas assassinadas em 25 de novembro de 1960 pela polícia secreta do ditador Rafael Trujillo na República Dominicana.

 

Com certeza, neste dia 25 serão emitidos comunicados da ONU e dos diversos governos do mundo solidarizando-se com as mulheres e manifestando-se contra a violência. Mas nada dirão sobre os aspectos mais profundos que estão por trás dessa violência, começando pelo fato de que a maioria das 1.500 milhões pessoas que vivem com 1 dólar ou menos por dia são mulheres.

 

Ninguém pode negar que a situação do conjunto da classe operária está em níveis impressionantes de pobreza, que se manifestam inclusive nos países imperialistas. Assim, vemos os 40 milhões de pobres dos EUA, os 17.466 milhões de desempregados na União Européia e países em guerra com milhares de mortos e expulsos de suas terras.

 

O imperialismo saqueia os recursos naturais da América Latina, África, Ásia, invade países como o Iraque, Afeganistão, Haiti e negocia com golpistas, como em Honduras. Ao mesmo tempo, em seus países, suprimem os direitos dos trabalhadores e as conquistas sociais do conjunto da classe trabalhadora.

A crise capitalista mundial continua "lançando" pessoas marginalizadas às ruas das grandes cidades do mundo, com uma maior proporção de mulheres e crianças, que delas dependem.

 

A violência doméstica

 

Quando se fala da violência contra a mulher, o primeiro que se denuncia é a violência doméstica que, como mostram as estatísticas de diversos países do mundo, se multiplica a cada dia.

 

Segundo um estudo do Banco Mundial, um de cada cinco dias úteis perdidos pelas mulheres por razões de saúde é resultante de problemas relacionados com a violência doméstica. No Canadá, um informe revela que esse tipo de violência causa um gasto da ordem de US$1.600 milhões anuais, incluindo o cuidado médico das vítimas. Nos Estados Unidos, diversos estudos determinaram perdas anuais entre US$10.000 milhões e US$67.000 milhões pelas mesmas razões. Na Europa, uma entre cada quatro mulheres foi vítima de maus tratos e 10% das agressões sexuais. No Chile, um estudo recente revelou que quase 60 por cento das mulheres casadas sofrem algum tipo de violência doméstica, e mais de 10 por cento sofrem agressão física grave. Na Colômbia, mais de 20 por cento das mulheres já foi vítima de abuso físico, 10 por cento sofreu abuso sexual e 34 por cento, abuso psicológico. No Equador, 60 por cento das residentes em bairros pobres de Quito foram agredidas por seu marido ou companheiro. Na Argentina, 37 por cento das mulheres agredidas por seus maridos já vêm suportando esse tipo de abuso há 20 anos ou mais. No Brasil, as pesquisas indicam que a cada 4 minutos uma mulher é agredida em casa por seu marido, pai, irmão ou companheiro. Na Nicarágua, 32,8 por cento das mulheres entre 16 e 49 anos são vítimas de violência física severa (golpes, agressões com objetos ou instrumentos cortantes, queimaduras e empurrões fortes)[1].

 

Cresce em todo o mundo o número de mortes entre as mulheres, em muitos casos precedidas por violações em mãos de seus maridos ou ex maridos. E depois de cada um desses casos aberrantes, existe uma generalizada responsabilização social da vítima. "Que terá feito a mulher para provocar isso?.. Se tivesse ido embora de casa, teria evitado. Se tivesse escolhido seu companheiro com mais cuidado.."

 

 O que menos se menciona são os fatores econômicos e sociais que causam a destruição das relações humanas, e tampouco a proliferação da cultura machista gerada por esta sociedade patriarcal, onde a violência é signo de virilidade e onde o "não" da mulher tem pouco valor.

 

A violência no trabalho

 

Não só a violência intra-familiar atinge a mulher. Também a política dos governos e empresários de submeter os trabalhadores e, em especial, as mulheres a extenuantes jornadas de trabalho, negando a elas todo tipo de segurança social, não dando atenção às doenças profissionais adquiridas e fazendo com que trabalhem nessas condições mediante a chantagem das demissões. São milhares as mulheres que, devido a essas jornadas, adquirem tendinite, túnel carpiano, varizes e outras doenças que as deixam com as mãos e as pernas praticamente inutilizadas. Praticamente desapareceu da legislação a pensão por invalidez. E alguns pontos protecionistas que ainda existem, como a proibição de demissão durante a gravidez, são ignorados pela patronal, com a cumplicidade da Justiça que, no melhor dos casos, soluciona o problema mediante o pagamento de uma indenização.

 

O sistema capitalista é o verdadeiro responsável

 

O capitalismo se aproveita da opressão da mulher e da diferenciação de papéis impostos pela sociedade patriarcal para incrementar a exploração. Por isso, não há dúvida sobre sua responsabilidade na violência trabalhista. Mas também é o principal responsável pela violência social e doméstica.

 

 Assim como a progressiva destruição dos serviços públicos sobrecarrega as tarefas da mulher trabalhadora e pobre, reforçando a escravidão doméstica, o desemprego massivo não só piora as condições de vida da família operária, como traz consigo a destruição das relações humanas. Perde-se as perspectivas de futuro e apela-se para o álcool e as drogas. Tudo isso redunda em uma maior violência na sociedade e na família operária. As mulheres e crianças são as principais vítimas. Os casos de mulheres agredidas, de crianças abusadas sexualmente, de mulheres violentadas aumentam com o crescimento do desemprego.  Aumenta também o abuso sexual nos trabalhos, devido ao medo das mulheres de denunciar, já que correm o risco de perder a única fonte de ingresso familiar.

 

Devido à deterioração das condições de vida, da falta de educação sexual e a dificuldade de acesso aos métodos anticoncepcionais, mais mulheres trabalhadoras e pobres serão obrigadas a recorrer a abortos clandestinos (ou aos brutais métodos dos abortos caseiros) diante de gravidezes não desejadas ou diante da impossibilidade de dar uma vida digna a seus filhos.  Esta é uma das mais terríveis formas de violência que diariamente é exercida sobre a mulher. Enquanto isso, as clínicas clandestinas continuam fazendo fortuna graças à legislação repressiva que impede que o aborto seja feito nos hospitais de forma gratuita e nas melhores condições médicas. Essas clínicas já são o segundo grande negócio, depois do narcotráfico, em grande parte dos países coloniais e semi-coloniais. A Igreja católica, com sua hipócrita política de "defender a vida", é também responsável por isso, já que manda milhões de mulheres trabalhadoras e pobres à morte ou mutilação. São igualmente responsáveis os governos que primeiro destroem, com seus planos, as condições de vida da mulher trabalhadora e depois, capitulando as pressões da Igreja e aos interesses dos donos das clínicas clandestinas, se negam a aprovar a legalização do aborto.

 

As que mais sofrem com essa terrível situação são as mulheres trabalhadoras mais pobres e marginalizadas, as negras, as imigrantes, e entre elas as mais jovens. Todas elas estão totalmente relegadas e esquecidas, inclusive por quem diz "governar para todos", como Lula e Chávez, ou em países onde há mulheres encabeçando os governos, ou ocupando postos-chave neles, como na Argentina, Chile e EUA, de Obama e Hilary Clinton. Este último é um caso simbólico, já que os representantes de dois setores oprimidos, um negro e uma mulher, incrementam as guerras e a expansão de bases militares, sobretudo, na América Latina, com acordos, como os assinados na Colômbia, onde os soldados americanos têm impunidade para tudo, inclusive a violação de mulheres.

 

Não há saída no capitalismo

Apesar de serem importantes todas as ações para enfrentar a violência contra as mulheres, não podemos acabar definitivamente com ela enquanto sobreviver este sistema perverso, no qual uns poucos lucram com o trabalho e o sofrimento da maioria da população.

 

As mulheres trabalhadoras e pobres, as camponesas, as imigrantes, as desempregadas, devemos encarar, com o conjunto da classe operária, a luta por nossos direitos. Devemos formar em nossos sindicatos e bairros, comissões especiais para investigar e denunciar o assédio e inclusive grupos de autodefesa para nos proteger dos ataques. Devemos fazer atividades de conscientização sobre esses problemas, devemos exigir do estado casas-abrigo para as mulheres agredidas e melhorias na legislação trabalhista.  Mas temos de ser conscientes de que isso não é suficiente.  Devemos levar, ao mesmo tempo, o combate contra as raízes do mal: a luta pela destruição desta sociedade injusta e discriminatória, para substituí-la por outra, solidária e igualitária, a sociedade socialista. Uma sociedade onde não exista exploração nem opressão, e onde se possam desenvolver, plenamente, relações verdadeiramente humanas.

 

Secretaria Internacional da Mulher

Liga Internacional dos Trabalhadores- IV Internacional

25 de novembro de 2009



[1]              Datos da RIMA (Rede Informativa da Mulher)

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