Que o TUC[1] organize uma greve geral
Por: Liga Socialista Internacional – Grã Bretanha
Foi um grande dia de greve na Grã Bretanha, já que membros da RMT[2] na Inglaterra, Escócia e País de Gales realizaram piquetes em centenas de terminais e estações ferroviárias, e contaram com o apoio de muitos ativistas e sindicalistas. Mostrou que todas as mentiras do governo conservador e da mídia não afetaram o apoio à RTM, pelo contrário. Esta é a luta nacional mais forte, em muitos anos, contra as políticas governamentais de congelamento de salários, milhares de cortes de empregos (isso significou o fechamento de bilheterias) e cortes de aposentadorias/pensões, o efeito da privatização, etc. Mais de 50.000 trabalhadores se mobilizaram, entre eles, 10.000 trabalhadores do metrô da RTM em Londres. Isso está inspirando muitos trabalhadores e obrigando-os a pensar como pressionar seus sindicatos para que tomem a mesma ação. Mick Lynch, o líder da RTM, chama a todos os sindicatos para organizar uma greve nacional e unirem-se a esta luta contra um governo odiado.
Carl, um organizador de piquetes da RTM em Liverpool, disse hoje que uma “perda para a RTM seria uma perda para todos os trabalhadores” e que, “o governo está fazendo uma guerra de classes à RTM”. O governo está atentando contra a segurança “ao eliminar milhares de postos de trabalho da divisão de manutenção de Network Rail. Estão tentando fechar todas as bilheterias do país. Significa que as estações são muito menos acessíveis para as pessoas não capacitadas e as pessoas que precisam de ajuda”.
Mick Lynch, na televisão nacional, chamou centenas de vezes os representantes conservadores de “mentirosos”, já que culpam a RTM por fazer greve e não negociar. No entanto, a extrema ganância dos acionistas das empresas ferroviárias significou que ganharam 1 bilhão de libras, entre 2013 e 2019. Em 2021, as empresas operadoras de trens e ônibus anunciaram uma distribuição de dividendos de 500 milhões de libras para seus acionistas, e se gabaram de que “haveria mais”, depois de receber os subsídios adicionais por operar durante o confinamento pela pandemia. Mas, agora, o governo está cortando 4 bilhões do orçamento dos sistemas de transporte: 2 bilhões da ferrovia nacional e 2 bilhões de “Transport for London”.
O grande apoio à greve e aos piquetes por muitos sindicatos e a manifestação de mais de 50.000, organizada pelo TUC Londres e seus afiliados, mostram a profunda ira que se acumulou pela crise do custo de vida, os congelamentos salariais, os cortes de empregos, os cortes nas aposentadorias/pensões e a piora das condições. Tudo isto chega depois de 12 anos de austeridade e dois anos de COVID.
O que é dito nos piquetes?
Em Londres, muitos sindicatos ajudaram os piquetes, Eraldo, um dirigente da UVW (United Voices of the World), entrevistou dois apoiadores da luta. Tom, um professor do Sindicato Nacional de Educação, esteve hoje no piquete de Kings Cross “para mostrar solidariedade entre sindicatos e porque os professores não tiveram um aumento salarial em nove anos e o RMT está nos mostrando como um sindicato deve reagir a isso. Com sorte, isto é o que o sindicato fará quando terminar a votação para as greves em outubro e novembro”.
Natalia, uma estudante, também no piquete de Kings Cross, segurava uma faixa que dizia: “Estudante pelos direitos dos trabalhadores”. Ela expressou: “é realmente importante que os estudantes apoiem a greve, os meios de comunicação de direita dizem que os estudantes estão contra a greve…mas não é verdade…os estudantes estão apoiando muito a greve. Isto é parte de uma luta mais ampla contra a crise do custo de vida e os cortes salariais em grande parte, se não em toda a indústria. A greve da RMT está abrindo um precedente para que outros sindicatos entrem em greve, o que é muito importante. E é muito importante que todos venhamos e nos solidarizemos com a RMT”.
Eraldo informou que “Os trabalhadores de diferentes setores se esforçaram em parar e ir aos piquetes para mostrar solidariedade. Muitos carros buzinaram em solidariedade. Os ciclistas passavam e gritavam seu apoio à paralisação. fiquei realmente impressionado. Se olharmos as fotos de várias fileiras de piquetes, ao menos em Londres, as pessoas se reuniram ali, para expressar seu descontentamento com o governo e a crise que aflige a todos nós”.
Uma pesquisa de @SavantaComRes mostrou hoje que 58% do público disse que as greves ferroviárias desta semana estão justificadas, e 34% dizem que não. Danny (da GMB, uma organização de trabalhadores de diversos setores) de Swansea disse: “Fui a um piquete de Port Talbot que estava animado e tive um bom papo com alguns rapazes ali. Todo mundo estava muito aberto a uma greve geral e o piquete parecia estar recebendo muito apoio dos transeuntes”.
Ashley (do sindicato de lojas e distribuição) de Stockport: “O piquete foi bom, foi do lado de fora de um escritório de Network Rail, em torno de 12 pessoas compareceram, várias delas do Conselho de Sindicatos de Stockport. As pessoas eram amáveis, ninguém se opunha à ideia de uma greve geral e as 2 ou 3 pessoas com as quais consegui falar apoiaram a ideia de um aumento salarial acima da inflação. Curiosamente, no passado, se você criticasse o líder trabalhista, quando era [Jeremy] Corbyn, havia pelo menos 1 ou 2 pessoas que apareciam em sua defesa, mas com [Keir] Starmer ninguém estava interessado em defendê-lo ou ao resto das pessoas da direção trabalhista”.
Houve piquetes muito animados em Liverpool ao redor de Lime Street e vários depósitos de manutenção. As discussões mostraram um acordo geral sobre a necessidade de outros sindicatos entrarem em ação e para uma greve geral, ninguém apoia Starmer porque ordenou seus parlamentares de primeira linha e secretários parlamentares que não apoiaram os piquetes, que mostram a hostilidade do Partido Trabalhista às greves, à independência dos trabalhadores e a oposição absoluta ao socialismo. Discutiu-se sobre a necessidade de um novo partido operário e controle operário com nacionalização.
De acordo com o ponto sobre o controle operário, a principal página web organizadora dos piquetes colocou o exemplo da luta dos trabalhadores no estaleiro Clyde na Escócia quando Ted Heath era primeiro ministro. Foi uma batalha industrial prolongada para salvar os trabalhos de construção naval de Clyde, desde 1971 até outubro de 1972. Aconteça o que acontecer, esta experiência demonstra que os trabalhadores podem dirigir sua própria indústria sem o controle dos patrões.
Os informes de muitas partes do país mostram que o nível de solidariedade que os piquetes receberam foi muito impressionante, como em Liverpool. Na página web já citada, Darren Pilling, secretário regional do Conselho Regional do Noroeste e Gales do Norte da RMT, disse, sobre o dia de hoje: “Só queria agradecer-lhes pelo seu magnífico apoio hoje. ‘Os de sempre’ vem tentando vilipendiar-nos e demonizar-nos durante semanas na preparação. Sua presença em nossas fileiras de piquetes é um grande tônico e uma motivação para nossos membros enquanto embarcamos na luta de nossas vidas”.
A greve da RMT é de imensa importância para todos os trabalhadores britânicos. Também é de grande interesse e importância a nível internacional, como mostra esta publicação de uma coordenação de diversas organizações sindicais: “As organizações membros da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, e a Red Rail Without Borders, apoiam o chamado à greve da RMT e os grevistas; damos a conhecer este movimento em nossos diferentes países. Solidariedade internacional dos trabalhadores!” (ver laboursolidarity.org)
Pleno apoio à greve e aos piquetes da RMT
Todos os sindicatos tomem medidas nacionais para apoiar esta luta
Que o TUC convoque uma greve geral
Nota: entrevista de Carl extraída de SKWAWKBOX, https://skwawkbox.org/2022/06/21/video-rail-worker-explains-strike-as-public-supports-and-government-and-media-push-lies- y-propaganda/
[1] TUC (Trades Union Congress) é a central sindical que agrupa todos os sindicatos da Grã Bretanha.
[2] RMT é o sindicato que agrupa o conjunto dos trabalhadores do transporte, entre eles os ferroviários.
Tradução do espanhol/português: Lilian Enck
