qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Quando a luta de classes começa pela juventude

Nos últimos anos temos visto uma multiplicidade de levantamentos ao redor de todo o mundo: os coletes amarelos na França, a luta pela autodeterminação na Catalunha, a revolução chilena, o movimento “Black Lives Matter” nos EUA, contra a repressão a Pablo Hasél no Estado Espanhol, contra a Reforma Tributária na Colômbia, por uma Palestina livre,…todos eles são o resultado do fracasso do sistema capitalista, incapaz de garantir os mínimos direitos democráticos e econômicos.

Por: Corriente Roja

E um fator comum se repete: o importantíssimo papel da juventude trabalhadora na primeira linha disposta a lutar até vencer. 

Uma juventude sem direitos e sem futuro

Nós jovens saímos sem medo para lutar porque sabemos que não temos nada a perder. Nossos direitos trabalhistas não são respeitados, a repressão é cruel com os/as ativistas jovens, nos roubam o direito à uma educação de qualidade e nos negam a capacidade de decidir sobre nossas próprias vidas constantemente. Vivemos em uma sociedade que oprime o jovem pelo fato de sê-lo.

Nem sequer podemos perder nosso futuro, porque não existe perspectiva alguma. A geração millennial,  a “mais preparada”, não encontra trabalho estável nem salários dignos. As gerações que hoje começam a discutir sobre política viveram toda sua vida em crise e sabem de sobra que este sistema nos dirige para a destruição da humanidade e do planeta, para a barbárie.

Organizemos a raiva!

A frustração e a raiva dos e das jovens se expressam nas mobilizações sociais em todo o mundo através de explosões violentas e desorganizadas que excedem rapidamente o motivo inicial pelo qual começaram e tomam um caráter de denúncia muito mais amplo.

Nós jovens da Corriente Roja e da LIT-QI vamos às ruas com nossa gente, compartilhamos estes sentimentos, porém sabemos que para uma mudança radical precisamos de uma organização muito mais profunda. Devemos ser críticos, ver e entender que tudo vai mal neste sistema e, por isso, compreender que não poderemos destruí-lo sem construir uma alternativa.

Organizar-se significa construir espaços no nosso dia a dia para solucionar nossos próprios problemas com nossa gente. Em vez de resignar-nos diante da má qualidade dos centros de estudo que frequentamos ou diante dos problemas entre alunos/as com os/as professores/as temos que organizar assembleias em cada instituto que respondam aos problemas. Em vez de assumir a falta de espaços de lazer, o problema estrutural da moradia ou da fome em nossos bairros, devemos nos colocar à frente de assembleias de bairros e associações de vizinhos. Em vez de normalizar que nossos/as chefes nos enganem ou não nos paguem pelo nosso primeiro trabalho temos que organizar espaços juvenis nos sindicatos para lutar contra a exploração.

E voltamos a dizer: é preciso organizar-se e ter outra opção para poder nos desfazer deste sistema. Por isso, só podemos avançar para o horizonte de construir um contrapoder. Sabemos que este horizonte pode parecer longínquo se olharmos para o umbigo, mas se aproxima quando estudamos a história, ou quando olhamos para o Chile ou a Colômbia, ou quando organizamos uma rede de alimentos no bairro. Pertencemos à classe trabalhadora, a única que tem a capacidade de alimentar a população, de construir escolas, de organizar hospitais…de organizar a sociedade de forma diferente.

A luta é o único caminho!

Somos muito conscientes de que ninguém vai nos dar nada. Há anos que o sistema caiu em uma profunda crise que tenta remediar atacando direitos históricos. É por isso que organizações como Podemos nunca chegam a cumprir aquilo que prometeram. De fato, chegaram ao Governo e nem sequer conseguiram derrubar a Lei da Mordaça ou a Reforma Trabalhista.  Inclusive para conseguir a mínima reforma teremos que arrancá-la na base da mobilização e luta.

Nós a juventude devemos aprender das lições do passado e desconfiar de todos aqueles que prometem mudar as coisas a partir de negociação com os Governos e as instituições burguesas. Devemos depositar nossa confiança em nossa classe e seus métodos de luta. Porque a história demonstrou que é possível.

Unir a Teoria e a Prática

Nós da Corriente Roja temos certeza que a alternativa à barbárie não é outra que a revolução socialista.  Construir um verdadeiro Governo d@s Trabajador@s  que divida o trabalho e a riqueza em função das necessidades sociais, tendo em conta os recursos do planeta e combatendo as bases materiais da exploração e das opressões.

Nós a juventude temos a tarefa de continuar a luta pela revolução socialista.  Devemos fazê-lo de forma consciente. O estudo do marxismo fora da luta revolucionária pode nos converter em ratos de biblioteca, mas não em revolucionários. A participação na luta revolucionária sem o estudo do marxismo acarreta inevitavelmente risco, incerteza e semicegueira que nos torna débeis diante do sistema.  Estudar o marxismo como marxista não é possível senão participando na vida e na luta da classe; a teoria revolucionária é verificada pela prática, e a prática é verificada pela teoria.

Operárias e estudantes, unidas adiante!

É importante compreender que a juventude não é uma classe em si. A maioria de nós pertencemos a famílias trabalhadoras. Nossa luta não pode ficar isolada. Desde a Corriente Roja chamamos @s jovens estudantes e trabalhador@s para avançar junto à classe operária para a revolução socialista.

As reivindicações da juventude que apresentamos aqui se fundem com as reivindicações do conjunto da classe operária e dos e das trabalhadoras. A luta por um posto de trabalho em condições dignas está estreitamente ligada à luta contra o desemprego e a crise capitalista, que recai sobre o conjunto da classe trabalhadora. Os direitos políticos que reclamamos para a juventude são inseparáveis da luta para conquistar as liberdades democráticas de toda a sociedade. Não teremos acesso em massa à cultura ou à saúde mental sem uma reorganização dos serviços sociais a serviço do povo pobre. Por tudo isso, a juventude deve fazer seu o programa do conjunto da classe trabalhadora e ser a faísca que incendeia a chama revolucionária.

Tradução: Lilian Enck

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