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sexta-feira, março 29, 2024

Por que me filei a Corriente Roja?

Entrevista com Jordi Jaume Sanz. É licenciado em Sociologia. Trabalhou como operário em duas padarias, em uma fábrica fornecedora de assentos da Nissan, como motorista de reposição de máquinas de venda automática e na limpeza de ruas pela BCNeta (Barcelona Cidade Limpa – empresa de limpeza de Barcelona, ndt). Atualmente é professor do ensino médio. É filiado ao Co.Bas (Sindicato das Comissões de Base) e ativista na luta por moradia.

Por: Juan P.

POR QUE ME FILIEI A CORRIENTE ROJA?

O principal motivo é por se tratar de uma organização que, pelo que conheço dela, sempre foi fiel à classe trabalhadora, que tem um funcionamento organizativo plenamente democrático. E, o mais importante de tudo, faz parte de uma organização internacional (a LIT-QI) que sempre foi fiel aos povos que se levantaram contra a tirania de seus respectivos países e que tenta criar um partido mundial das/os trabalhadores/as para enfrentar os desafios colocados pela decadência do sistema capitalista global.

O capitalismo gera problemas globais que repercutem a nível local e que só podem ser resolvidos com uma organização internacional das/os trabalhadores/as.

Utilizemos como exemplo uma fábrica de uma transnacional estabelecida no Estado Espanhol.  Se os patrões dessa fábrica ameaçam transferir a produção para outro país, rapidamente as/os operárias/os entenderão que serão forçados a rebaixar suas condições de trabalho para manter seus empregos.

As conclusões são evidentes: o capitalismo conecta a força de trabalho dos diferentes países do mundo e impõe a competição entre as/os trabalhadores/as desses países.

Para sair ilesos dessa situação, só existe uma solução: a união das/os trabalhadores/as dos diferentes países para acabar com a competição entre eles. E para isso é necessário que se organizem em uma organização internacional das/os trabalhadores/as.

Por que é necessária, além dos movimentos sociais ou sindicatos, uma organização política?

A não solução do problema dos direitos civis nos EUA, colocada novamente em destaque pelo movimento Black Lives Matter, demonstra que para solucionar os problemas sociais de nossas sociedades (como a desigualdade racial) e o problema da opressão de classe implícito nesses problemas é necessário dotar esses movimentos de um programa, uma estratégia e uma ação coerente que vá muito além de simples reivindicações.

Por outro lado, o movimento pela autodeterminação da Catalunha mostrou que não é suficiente tentar fazer com que os partidos políticos burgueses respondam às inquietações da população e alcançar as suas conquistas democráticas.

A questão da organização política do povo e em particular da classe trabalhadora está, portanto, ligada a outra questão: a necessidade de uma organização política independente dos partidos burgueses e de suas instituições. Não podemos esperar que as instituições burguesas e com a democracia burguesa resolvam nossos problemas.

Sem mobilização e organização independente das/os trabalhadores/as não haverá solução para os nossos problemas: a representação parlamentar das/os trabalhadores/as deve estar subordinada a tal mobilização e organização, e não o inverso. Sujeitar a mobilização e a organização das/os trabalhadores/as a um projeto eleitoral (próprio dos partidos de “esquerda” que atualmente ocupam o Parlamento) vai em direção oposta ao que nós queremos.

Só poderemos ver cumpridas nossas reivindicações mais sentidas como classe, quando formos capazes de parar o país até que essas reivindicações sejam atendidas. E para isso necessitamos de uma organização sindical e política de massas independente com um programa definido, uma estratégia precisa e uma ação coerente com ela, que nos permita expulsar aqueles que dirigem nossa sociedade e colocar a classe trabalhadora em seu lugar.

Da mesma forma, sem uma organização internacional das/os trabalhadores/as de massas, independente e democrática que pressuponha o controle das/os trabalhadores/as dos países-chave para a produção e o comércio mundial e que possa colocar em xeque o capitalismo, é improvável que qualquer revolução em qualquer país do mundo seja bem sucedida no caminho para criação de uma sociedade verdadeiramente socialista.

Tradução: Rosangela Botelho

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