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quinta-feira, março 28, 2024

Daniel Ruiz: “unir as lutas para barrar Macri e os patrões”

Um novo ano começou, no qual o plano econômico continua a causar estragos na família operária e nos setores médios.

Por: Daniel Ruiz, preso político do governo Macri

As metas do FMI se paga caro e diariamente na mesa familiar. Já estamos com falta de alimentos e a equação entre o aumento paritário (aumento salarial) e a inflação não fecha para o nosso bem-estar, só favorece os grandes polvos multinacionais e os bancos.

Tudo indica que as coisas não estão indo bem. O próprio FMI e sua Cúpula de Davos antecipam que a recessão vai continuar e, com ela a guerra comercial que está deixando milhares de demissões não só na China e nos EUA, mas também na Europa e em nossos países latino-americanos.

2019 também não trouxe bons ventos para as mulheres, que não só sofrem os efeitos do ajuste na mesa da família, sofrem também o aumento da violência machista, com um novo aumento nos casos de feminicídio.

A fome não pode esperar pelas eleições

Perante esta situação, existem centenas de conflitos em fábricas e setores, panelaços em alguns bairros, mas todos dispersos O que pode explicar que um governo cada vez mais odiado pela população possa avançar com o seu plano, sem grandes respostas que possam barrá-lo? Isso só pode ser explicado pela trégua vergonhosa que o conjunto das direções sindicais e movimentos sociais estão lhe dando.

É que enquanto a fome nos atinge, os dirigente sindicais e sociais estão por trás dos projetos eleitorais Kirchneristas (K), do Partido Justicialista (PJ) ou de Sergio Massa. Eles não estão organizando a classe para aliviar a fome, a falta de medicamentos ou os cortes nos serviços públicos, devido à “expectativa eleitoral”. O próprio Hugo Yasky, dirigente da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) e líder do movimento 21F, declarou que não é conveniente fazer greves em um ano eleitoral. Mais claro impossível.

Diante de um aumento brutal dos preços das tarifas propõem “marchas de tochas” que têm muito mais de campanha eleitoral que de luta concreta contra o governo e as multinacionais de serviços. O secretário-geral do Sindicato Operário do Vidro, Horacio Valdez, se mostra muito combativo diante das câmeras nas marchas das tochas contra o aumento das tarifas, enquanto deixa os trabalhadores de Pilkington sozinhos.

Abandonam a luta concreta para sair desta situação, que deveria começar pela expropriação de alimentos e remédios dos grandes supermercados, frigoríficos, laboratórios e campos, organizando brigadas de reconexão de serviços como eletricidade e gás, como fizeram na França e em alguns bairros da Argentina, e lutar pela adoção da passagem operário e popular em trens, metrôs e ônibus.

Temos que barrar as demissões.

A desculpa da crise e a disparada do dólar é usada tanto ​​pelos patrões e o governo, como pelos sindicalistas que não estão dispostos a lutar.

Mas, como está acontecendo na indústria automobilística e de autopeças em fábricas como Pilkington do vidro, Sport Tech, Nidera, Ferrocarril Belgrano, com demissões e suspensões, querem nos fazer acreditar que os cortes e o ajuste é a única coisa que podemos fazer.

Dizemos aos patrões para abrirem seus livros contábeis, que seus movimentos bancários não sejam um segredo comercial, que mostrem se é verdade que estão perdendo ou só ganhando menos do que gostariam. Os socialistas do PSTU exigem o controle operário da indústria e, sem hipocrisia, demonstrar quem é quem nessa crise. Propomos a distribuição de horas de trabalho sem redução salarial, como medida para parar as demissões.

Junte-se às lutas para barrar Macri e os patrões

Enquanto eles nos envolvem com as prévias dos partidos e as alianças eleitorais, em muitas províncias eles já anteciparam suas eleições para nos entreter em face de outubro. Mas nossas necessidades não se adaptam aos calendários eleitorais.

A necessidade de barrar Macri e os patrões é urgente, não podemos esperar. Nós temos que unificar todas as lutas, porque todos enfrentam um inimigo comum: o plano do FMI, aplicado por Macri, para o benefício das empresas e abutres do sistema financeiro, com a cumplicidade da “oposição” patronal e as direções sindicais traidoras.

Só podemos derrotar esse plano, retomando o caminho da luta de 18 de dezembro de 2017 e o que foi o Argentinazo.

Para isso, devemos chamar à ação direta, com exemplos como a luta dos trabalhadores do Astillero Rio Santiago, e que os trabalhadores sejam a direção de todas as lutas em uma pauta comum e em uma luta comum.

Temos que reunir as forças que estão espalhadas em cada conflito ou luta setorial. Só assim poderemos forçar os dirigentes da Central Geral de Trabalhadores (CGT) e das CTAs a romper a trégua que eles estão dando ao governo, para impulsionar a luta na perspectiva de forçá-los a chamar uma nova greve geral, como já fizemos.

Em cada zona ou região do país, organizar e unificar. Exigir assembleias e organizar comitês de luta em cada conflito. Não podemos permitir que os dirigentes sindicais dividam os trabalhadores demitidos e aqueles que não foram demitidos; aos trabalhadores das diferentes fábricas ou setores; aos trabalhadores e trabalhadoras através do machismo! Somente a unidade de toda a classe trabalhadora pode nos fortalecer!

E construir uma lista única de reivindicações para lutar juntos: basta de demissões e suspensões, aumento geral dos salários, abaixo o aumento de tarifas, em defesa da saúde e educação pública, contra a violência machista, unidade de todas as lutas, cercar a solidariedade os conflitos. Que a CGT-CTAs rompam a trégua! Organizem uma luta de verdade, a caminho de uma greve nacional!

Tradução: Lena Souza

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