ter mar 19, 2024
terça-feira, março 19, 2024

Chile | Continuar nas ruas até que caia Piñera, todos eles e a Constituição de 80!

Em 18 de outubro, a revolução chilena começou com métodos de combate e autodefesa exigindo mudanças reais e a renúncia de Piñera. Dessa maneira, conseguimos vitórias parciais, mas precisamos buscar mais.

Por: MIT – Chile

Após a marcha de 25 de outubro, conseguimos tirar o exército da rua e derrubar Chadwick, o governo também foi forçado a mudar uma parte do gabinete. Piñera, depois de todos os assassinatos e torturas que cometeu sob o estado de emergência, fez um chamado para voltar à “normalidade”. Mas sabemos que não podemos voltar à “normalidade” após tanta repressão ao nosso povo e porque as propostas deles continuam nos mantendo no endividamento, com crise na saúde e salários que não são suficientes. Novamente se mostra que essa “democracia” e instituições são benéficas apenas para os empresários e seus interesses.

Por tudo isso, não podemos negociar ou discutir nada com esse assassino. A primeira tarefa que temos pela frente é derrubar Piñera e, para isso, devemos continuar nas ruas mobilizadas. Piñera merece ser preso por todos os assassinatos e violações de direitos humanos, mas também por ser um ladrão. Como os anteriores presidentes, foi saqueador dos recursos naturais do povo trabalhador do Chile, com o objetivo de favorecer grandes empresas. Piñera é o verdadeiro exemplo de empresários que se favoreceram com a ditadura, comprando empresas estatais a preço de banana. Portanto, apesar de a Mesa de Unidade Social (MUS) ter retirado a renúncia de Piñera das reivindicações, devemos passar por cima dessa traição e continuar exigindo sua saída.

Mas, como muitos de nós dizemos, não são 30 pesos, são 30 anos, então não se trata apenas de Piñera, depois de fazê-lo cair pela força da mobilização, precisamos buscar mais, para derrubar todos eles, tanto os da ex-Concertação como de direita . A ex-Concertación foi especialista em aprofundar a Constituição dos anos 80 e continuar dando nossos recursos naturais aos empresários, e embora esteja se postulando com uma cara mais democrática, eles garantiram uma saída da ditadura de modo a não afetar os interesses do próprio ditador, ao permitir que ele fosse um senador vitalício.

Sob os governos da Concertação, Frei Ruiz Tagle privatizou parte da Codelco: mais de 300 mil hectares de depósitos minerais menores foram transferidos gratuitamente para empresas estrangeiras. Além disso, o Porto de Ventanas e a Usina Termelétrica Tocopilla foram privatizados. O governo de Frei também privatizou as empresas Colbún, Edelnor e Edelaysen, que representavam cerca de 40% da geração de eletricidade do país. Seu governo iniciou a privatização de empresas fornecedoras de água potável.

Foram privatizados as distribuidoras da região metropolitana Emos (Águas Andinas), a de Biobío (Essbio) e a de Los Lagos (Essal). Nos governos de Alywin, Frei e Lagos, as medidas de Pinochet foram aperfeiçoadas, concretizando de forma acelerada o processo de desnacionalização do cobre. No Acordo de Livre Comércio Chile-Estados Unidos, os textos do TLC com o Canadá foram aperfeiçoados, reconhecendo como parte do investimento estrangeiro os depósitos chilenos de cobre, ouro e outros minerais. Se considerarmos o período entre 1974 e 2004, cerca de 90% dos investimentos estrangeiros em mineração foram feitos durante os governos da Concertação.

É por isso que temos que derrubar todos eles e a Constituição de 80, devemos demolir o legado de Pinochet que nos impõe: um Código do Trabalho empresarial repressivo, que incentiva a subcontratação e impede a organização dos trabalhadores; um sistema de AFPs que foi diretamente um assalto a nossos salários e miséria quando nos aposentamos; uma educação totalmente privatizada que endivida os estudantes; leis repressivas, como a Lei de Segurança Interna do Estado ou a Lei Antiterrorista; leis que favorecem as empresas florestais e usurpam as terras do povo mapuche como o decreto 701; a privatização da água e do saneamento, entre outros aspectos.

A Câmara dos Deputados estimou em 2,223 bilhões de dólares a perda de bens do Estado no último pacote de privatizações da ditadura entre 1985 e 1989, privatizações validadas por esta Constituição ditatorial. Um dos casos mais graves foi a CAP, uma vez que uma riqueza de 811 milhões de dólares foi entregue por 105 milhões. Tudo está ordenado e escrito nesta Constituição dos 80, por isso devemos destruí-la completamente.

Basta de repressão! Liberdade imediata aos presos por lutar! Julgamento e punição aos violadores dos direitos humanos!

Conseguimos tirar os soldados das ruas, conquistamos a Liberdade de David Veloso, mas Piñera não parou com a repressão. Temos 24 assassinados, mais de 50 ações por tortura e mais de 50 por violações sexuais cometidas pelas forças armadas, mais de vinte desaparecidos, um recorde mundial de pessoas que perderam os olhos pelas balas ( um garoto perdeu os dois olhos) e mais de 22.000 detidos desde o início dos protestos, com mais de 1.200 pessoas em prisão preventiva por lutar.

Com toda essa repressão, Piñera não consegue nos derrotar, foi superado pela mobilização combativa que continua sendo de massas. Suas forças armadas (FFEE), polícia de investigação (PDIs) etc. são extrapolados. Por isso, ele teve uma nova ofensiva com um plano repressivo anticapuz, antisaques, com mais serviços de inteligência para monitorar, prender e torturar os dirigentes da luta. Essa ofensiva frente à debilidade de Piñera deve servir apenas para organizar nossa autodefesa com mais seriedade.

Não podemos baixar as armas enquanto nossos companheiros estão detidos ou presos por lutar, devemos exigir a liberdade imediata, bem como julgamento e punição para os responsáveis ​​por violações aos direitos humanos, pois eles merecem ir para a cadeia.

Multiplicar e coordenar as assembleias populares e operárias para organizar e decidir tudo!

Devemos continuar impulsionando, multiplicando e coordenando as assembleias populares e operárias, sem representantes do empresariado, com total independência de classe.

Essas assembleias também devem organizar a defesa das manifestações e da população, por exemplo, formar comitês de vigilância nos bairros, comitês de choque ou defesa para os protestos, comitês que, juntamente com organizações de direitos humanos, investiguem casos de torturas e assassinatos, porque não confiamos em instituições empresariais, etc. Já existem maneiras conhecidas, por exemplo, de neutralizar bombas de gás lacrimogêneo, realizar barricadas eficazes, usar luzes laser para desorientar os policiais, formar escudos de defesa ou óculos de proteção para evitar as balas, a tarefa agora é que seja organizado pelas assembleias e que o movimento operário também use seus métodos de defesa.

Hoje, essas assembleias têm coordenação regional em alguns lugares e já existe um Encontro nacional convocado. Essas coordenações mais centrais devem ser fortalecidas, as assembleias das comunas ou bairros populares devem votar democraticamente seus representantes e que seus cargos devem ser revogáveis. Esses representantes devem levar a discussão e as propostas de sua assembleia para os encontros regionais ou nacionais. Assim, começamos a demonstrar que os trabalhadores, o povo pobre e a juventude, através de muita organização, podem se organizar e ainda mais: enfrentar a repressão, governar a nós mesmos.

Essas assembleias devem desenvolver mecanismos organizacionais que se enfrentem ao poder do governo, que sejam os que realmente decidem que tipo de sociedade precisamos, que medidas, que tarefas executar, praticamente o que as instituições empresariais como o parlamento fazem hoje, devem ser realizadas pelos trabalhadores e a população organizada.

Para avançar, precisamos começar com coisas prévias, por exemplo, que as assembleias tenham o controle de preços contra aumentos injustificados dos comerciantes: por exemplo, em Valparaíso, em vista do aumento e especulação dos comerciantes da vizinhança, a assembleia se reuniu com eles e pediu que baixassem os preços porque, caso contrário, eles organizariam o auto abastecimento, indo em caravana para comprar em locais rurais e também ameaçaram não continuar vigiando suas instalações. Diante dessa pressão, os comerciantes baixaram os preços para valores normais.

Esse exemplo é muito importante, porque é uma pequena amostra que organizados, trabalhadores e povo pobre podemos definir o curso das coisas: ser quem controlamos a distribuição de alimentos ou produtos de primeira necessidade, para não ter que pagar preços inflacionados de grandes cadeias que enchem seus bolsos (assim era feito pelas Juntas de Abastecimentos e Preços na Unidade Popular – UP). Se os operários controlassem uma fábrica, poderiam definir como fabricar, quais salários precisam, como distribuir o que é fabricado às populações etc. (isso foi feito pelos cordões industriais na UP).

Com esses passos, ir acumulando exemplos de organização e autogoverno a partir de baixo, mostrar que não precisamos dos patrões nem de seus governos ou instituições, a classe trabalhadora pode definir nossos rumos por meio de solidariedade e organização.

Hoje, além das Assembleias populares, existe a Mesa de Unidade Nacional (MUS) e eles estão chamando para formar conselhos (cabildos), alguns podem pensar que também é próximo a esta proposta. Mas esta Mesa de Unidade Nacional com os conselhos que estão convocando, tem o objetivo de que sejam instâncias de apoio às instituições do regime como o parlamento.

Não uma instância de organização que se eleva acima das instituições empresariais, muito menos que sejam organismos de auto-organização ou embriões de poder dos trabalhadores. Pelo contrário, eles não adotaram uma política de conselhos-assembleias da classe trabalhadora sem representantes das autoridades dos empresários e de suas instituições, por exemplo, em várias comunas o conselho foi convocado pelos próprios Prefeitos. Agora, pode haver conselhos que, devido ao ânimo dos moradores e trabalhadores organizados, passem por cima dessas intenções da direção da MUS (composta principalmente por partidos como o PC e a FA).

Hoje, a principal ferramenta de organização e luta são as Assembleias Populares e, se em nossas comunas, existem apenas conselhos, participamos deles, mas lutamos por seu conteúdo, com o objetivo de avançar na auto-organização, independência de classe e ensaio de autogoverno dos trabalhadores e setores populares.

Nenhum pacto ou concertação social com Piñera, como defende a Frente Ampla e o PC

 Não podemos fazer nenhum pacto social com aqueles que ano após ano nos roubaram, com aqueles que têm dívidas com os trabalhadores. Portanto, a saída de Piñera via acusação constitucional (com esse mesmo parlamento) ou pelo Pacto Social, proposto pela FA e pelo PC, é uma armadilha.

Uma acusação feita seguindo os artigos da Constituição dos 80, impostos a ponta de fuzil pela ditadura, uma acusação que é cada vez menos viável já que partidos como a DC e parte do PS se recusam a efetuar. Se transferirmos essa tarefa e esperarmos que essas instituições e os partidos políticos tradicionais façam esse trabalho, retornaremos ao beco sem saída de sempre: promessas que são levadas ao parlamento e ficam lá para sempre. Mas mesmo que o parlamento com deputados e o Senado aprovasse a destituição de Piñera, o ministro do Interior Blumel, como vice-presidente da República, assumiria, com o objetivo de convocar novas eleições com um prazo máximo de 120 dias. Eleições com as mesmas regras das instituições empresariais, nas quais vimos que, após 30 anos de eleições “democráticas” após a ditadura, nossa situação continua piorando, porque há um problema mais profundo, que é o sistema econômico e social capitalista.

A proposta de Assembleia Constituinte sem primeiro tirar Piñera, estando sob seu governo e respeitando os votos dos parlamentares também é uma armadilha, será impossível realizá-la. Então, o que o PC e a FA fazem com essa proposta é querer validar diante de nós um conjunto de instituições que sabemos que são podres e financiadas pelos empresários até a medula.

Ainda pior que isso, essa política mostra que, no fundo, não querem que Piñera caia, pois sabem que neste parlamento essa Acusação não terá um bom porto. Se a FA e o PC realmente quisessem derrubar Piñera, eles deveriam manter isso como uma tarefa central na MUS e, assim, continuar preparando greves combativas até conseguir sua derrubada, e não transferir toda a discussão para instituições podres como estão fazendo. É inaceitável que o conselho da MUS (liderado pela CUT e partidos como o PC e a FA) tenha retirado o “Fora Piñera” das demandas.

POR UM PLANO DE EMERGÊNCIA E UMA SEGUNDA INDEPENDÊNCIA:

A. Perdão das dívidas dos trabalhadores, da juventude e do povo

Porque o endividamento das famílias chilenas atingiu um recorde histórico, chegando a 74,3% da renda anual. Existem 9,5 milhões de cartões de crédito com dívidas que acumula a indústria de retail financeiro no Chile.

O retail não é apenas o setor da economia com os devedores mais inadimplentes, mas também um dos que concentra o maior número de reclamações por violações. Entre os abusos que se distinguem estão: a venda vinculada de seguro sem consentimento; contratos que nunca estão à vista do cliente; tráfego de dados pessoais para o retail a partir das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP); cobranças abusivas pela manutenção do cartão e saques em dinheiro e um script de vendas focado em promoções, mas com poucas informações sobre encargos, condições e taxas.

Por exemplo, de acordo com o contrato modelo da Hites, a taxa de operação e manutenção em caso de uso é de 6 UF por ano ($ 168.252, cerca de $ 235), o que equivale a uma taxa mensal de $ 14.021 (US $ 20). O contrato de 16 páginas e 34 cláusulas chega aos e-mails das pessoas somente após a assinatura por impressão digital, e esse mesmo documento agora é questionado pelo Sernac, uma vez que considera que as taxas “variáveis” definidas por Hites para retiradas em dinheiro são, na realidade, juros. A loja de departamento Hites está cobrando juros acima do que estabelece a lei de créditos. O setor financeiro da Hites, que possui uma carteira de mais de 500 mil clientes com dívidas, teve lucros de $ 10,098 bilhões (US $ 14,1 milhões) em 2018, enquanto aos trabalhadores nos afogam em dívidas.

Entre os imigrantes, os cartões Hites e Abcdin são os mais populares. Hites não exige residência definitiva e, em alguns casos, Abcdin também não. Ambas as lojas se especializaram na captura de haitianos e, mesmo no site da Hites, você pode acessar informações em espanhol e crioulo. Um estudo da Sernac sobre reclamações de estrangeiros indica que em 2018 as reclamações sobre serviços financeiros cresceram 21,1% e nos seguros em 43,3%. As empresas respondem favoravelmente a 53% das reclamações dos chilenos, mas, no caso de estrangeiros, esse número chega apenas a 35% e, entre os haitianos, apenas 17,6% recebem uma resposta favorável.

Por trás desse negócio estão os interesses das famílias e grupos econômicos mais influentes do país: Yarur, Larraín Vial, Solari, Heller, Cúneo, Paulmann, Hites, Calderón Voloshinsky, Yaconi Santa Cruz e Pollak Ben-David, entre outros.

Outro exemplo é a indignação pelo endividamento para estudar, totalmente relacionada ao modo de operação capitalista a serviço dos banqueiros: Em função do Crédito com Aval do Estado (CAE), entre 2006 e 2011, os bancos emprestaram aos estudantes 443,700 bilhões de pesos, e depois venderam com valor superior parte desses créditos ao Estado, e o Estado com nosso dinheiro (impostos, entre outros) pagou 591,9 bilhões de pesos. Em outras palavras, eles roubaram nosso dinheiro para entregá-lo aos banqueiros, isso o CAE esconde. Os bancos analisam o histórico dos estudantes, ficam com os bons pagadores e revendem ao Tesouro, por um preço mais alto, as dívidas dos maus pagadores. Teria sido mais barato para o Estado pagar a taxa de referência aos estudantes, em vez de endividá-los por 20 anos com o banco.

Assim, nos roubaram tanto que, como mínimo, precisamos exigir o perdão de TODAS as dívidas, chega de renegociações unilaterais para continuar nos roubando, chega de perdão para as grandes cadeias de lojas e dos bancos e pau nos trabalhadores. Perdão imediato de todas as nossas dívidas.

B. Fim das AFPS, por um sistema de repartição e solidário. Aposentadoria mínima de 500 mil pesos

A profundidade de nossas demandas é exemplificada com a exigência pelo fim das AFPs, onde não estão apenas a questão das aposentadorias de miséria, mas também o mecanismo pelo qual essas baixas aposentadorias são impostas: dos 10% que contribuímos, as AFPs não apenas administram, mas roubam grande parte para investir em negócios tanto no Chile como no exterior. Além disso, as AFPs repassam nosso dinheiro aos bancos a uma taxa anual com a qual obtêm um retorno de 4%, e então esses mesmos bancos “nos emprestam” nosso próprio dinheiro! Para os trabalhadores com taxas de juros mais altas. Um verdadeiro assalto no qual os trabalhadores estamos enlaçados. Além disso, das 6 AFPs que concentram todo o negócio, 3 têm proprietários norte-americanos, outra é de proprietário do Brasil, outra da Colômbia e a última é de propriedade chilena (AFP modelo). Isso demonstra a magnitude de nossa luta para eliminar as AFPs: não é apenas uma luta contra Piñera, não é apenas contra os empresários chilenos, mas enfrentamos interesses empresariais de diferentes países, especialmente dos Estados Unidos. Esses empresários, estrangeiros e chilenos, nos últimos 25 anos, receberam 90 bilhões de dólares em contribuições dos trabalhadores e, no mesmo período, só devolveram 30 bilhões de dólares em aposentadorias, ou seja, 2/3 de nossas contribuições esses magnatas roubam.

Por isso, exigimos o fim das AFPs, um novo sistema que seja de repartição e solidário, garantindo 500 mil pesos de aposentadoria mínima.

C. Saúde, educação e transporte públicos, gratuitos e estatais controlados pelos trabalhadores e o povo

A saúde pública, à qual a grande maioria recorre, os que possuem a FONASA vem em uma crise decadente: os milhares de mortes de pessoas em lista de espera; a superlotação de hospitais; ser colocado em cadeiras devido à falta de camas; a falta de pessoal. Todos esses sérios problemas são consequência de um sistema que funciona desmantelando o público para favorecer os negócios dos empresários. Na verdade, o Plano de Piñera Fonasa Plus buscava privatizar mais serviços internos no setor público. Por outro lado, há a saúde, no caso das Isapres.

As Isapres, saúde privada, são um grande assalto que enche os bolsos dos empresários, enquanto os pobres e a maioria da população podem morrer esperando por bons cuidados de saúde: em 2018 os lucros do ISAPRES chegaram a mais de 64 bilhões de pesos, aumentando quase 50% em relação ao ano anterior, e todas acabaram com resultados positivos. Por outro lado, vimos como as redes de farmácias privadas conspiraram permanentemente para aumentar os preços dos medicamentos essenciais.

A crise da educação já foi revelada após os protestos estudantis de 2006, 2011 e outros. O negócio das universidades privadas provou ser um escândalo, por isso os estudantes exigiram educação gratuita e universal, sem empresários.

E, finalmente, os mecanismos de transporte privado ao estilo Transantiago também se mostraram ser uma estafa e não estão à altura do que os trabalhadores precisam, com passagens que só aumentam e com péssima cobertura, onde viajamos todos os dias como sardinha.

É por isso que temos que tirar todos esses direitos sociais das mãos do privado, eles apenas buscam lucrar e negociar, só precisamos viver bem e, para isso, devemos nacionalizar a saúde, educação e transporte, garantindo serviços públicos e controlados pelos trabalhadores e o povo.

D. Fim da subcontratação e trabalho informal que reduz nossos direitos. Abaixo as leis trabalhistas de Pinochet

Basta de flexibilidade no emprego para favorecer os empresários. Por um Código Trabalhista único que agrupe trabalhadores públicos e privados, que garanta o direito de greve, negociação por setor da economia, o fim da subcontratação e direitos e transferência de todos para a empresa primária.

E. Redução da jornada de trabalho para garantir emprego para todos/as. Aumento do salário mínimo para US $ 600.000

O desemprego não baixa de 7%, eles dizem que é natural ter desempregado, é claro que é conveniente ter um grupo de desempregados dispostos a realizar o trabalho de outros em piores condições impostas pelos patrões. O direito ao trabalho deve ser garantido e, para isso, exigimos uma redução na jornada de trabalho para garantir emprego para todos. Além do aumento do salário mínimo para 600.000 pesos.

F. Abaixo o TAG, estradas livres. Altos impostos para os ricos. Impostos justos para pequenos proprietários

O TAG é um dispositivo eletrônico instalado no para-brisa dianteiro do veículo, que permite detectar a passagem pelo portal das rodovias urbanas e interurbanas concessionadas, com o objetivo de cobrar pelo trânsito realizado em cada uma dessas vias. Esse sistema trouxe custos abusivos para motoristas de caminhão ou proprietários de carros, que precisam se locomover para seus empregos nessas vias, e um grande negócio para os proprietários das vias, nos cobram até para nos locomover! Segundo o estudo da USACh, o modelo de rodovias concedidas em todo o país gerou uma receita de 18,573 bilhões de dólares e incorreu em custos de 15,455 bilhões durante esse período (1994-2014). Isso equivale a um lucro de US $ 3,118 bilhões. É por isso que os caminhoneiros estão firmes nesses protestos pela redução do TAG. É por isso que queremos acabar com o negócio dos proprietários de rodovias, queremos o fim do TAG! Por estradas livres!

Por outro lado, os grandes empresários continuam pagando impostos irrisórios, o governo após as mobilizações disse que aumentará o imposto sobre as casas dos super-ricos, mas não disse quanto esse imposto aumentará, nem diz nada sobre todos os casos de evasão fiscal que permanecem na impunidade Isso, enquanto pequenos comerciantes são brutalmente punidos com impostos mais altos. É por isso que exigimos um aumento enérgico nos impostos para os super empresários e impostos justos para pequenos comerciantes.

G. Pelo direito à autodeterminação do povo mapuche e à desmilitarização imediata do Wallmapu.

O povo mapuche tem seu direito democrático à autodeterminação, sua luta é nossa. Pela devolução de suas terras! Expropriação das empresas florestais. Desmilitarização dos territórios JÁ.

H. Pelos direitos democráticos de:

Mulheres: Por um plano de emergência que combata a violência machista, garanta casas abrigos; trabalho igual, salário igual; aborto livre e legal em todas as situações.

Imigrantes: nenhum ser humano é ilegal, direito ao pleno emprego, visto único para todos.

LGBTIs: basta de discriminação; direito ao trabalho para transexuais, educação sexual e não sexista.

I. Não ao TPP e fim de todos os acordos de livre comércio. Chega de colonização no Chile. Por uma segunda independência

O TPP atenta sobre nossa soberania, colocando as transnacionais acima do povo chileno. Hoje, no Senado, o projeto para sua execução foi congelado, mas eles ainda não querem rejeitá-lo. Devemos estar alertas e rechaçar quaisquer mecanismos para continuar vendendo e privatizando nossos direitos. Fora das transnacionais, precisamos de uma segunda independência.

COMO FINANCIAR O PLANO DE EMERGÊNCIA::

  • Confisco dos bens, expropriação e nacionalização de AFPS, os seguros e os bancos, renacionalização de cobre e recursos naturais sob o controle dos trabalhadores e o povo.

O Chile é um país rico em minerais e recursos naturais; poderíamos financiar importantes necessidades sociais (saúde, educação ou moradia); no entanto, os empresários estrangeiros das transnacionais levam todas as riquezas que os trabalhadores produzem para seus bolsos. Um exemplo são as transnacionais do cobre, como a BHP Billiton ou a Anglo American. O cobre é a riqueza do Chile, no entanto pouco disso permanece em nossos bolsos para nossas necessidades. Nesse caso, como nas AFPs, a luta pela recuperação dos recursos naturais se transforma em uma luta não apenas contra empresários chilenos, mas contra grandes empresários estrangeiros e suas instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, especialmente os EUA e a Europa.

  • As poucas famílias capitalistas e golpistas, que devolvem ao povo o que nos roubaram: plano enérgico de desprivatização

Do baixo salário que as famílias trabalhadoras ganham, cerca de 40% desse orçamento familiar é destinado aos mercados pertencentes aos 5 maiores grupos econômicos do Chile (Luksic; Paulmann; irmãos Matte Larraín; Angelini; Sebastián Piñera.). Esses mesmos 5 grupos que concentram monopólios são os que mais se enriqueceram com a ditadura e, sob os governos da antiga Concertação, se enriqueceram muito mais. São eles que roubam nosso trabalho pagando salários insuficientes em suas empresas, para que mais tarde esse mesmo salário tenhamos que gastar em seus negócios no retail ou cadeias de supermercados Têm um círculo vicioso que mantém uma concentração de riqueza em poucas mãos, enquanto estamos amarrados, vemos como nossa riqueza é jogada em suas mãos.

Devemos recuperar tudo o que essas poucas famílias bilionárias nos roubaram, para isso é necessário um plano de desprivatização e que o dinheiro roubado retorne aos trabalhadores.

POR UMA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE CONVOCADA E CONTROLADA PELAS ASSEMBLEIAS POPULARES, SE NÃO, SERÁ UMA ARMADILHA.

No calor das marchas, surgiu a demanda por uma Assembleia Constituinte: estamos cansados ​​da atual Constituição. É uma necessidade, além de destruir a Constituição dos 80, ter uma Assembleia Constituinte que rompa com toda a herança da ditadura e dos diferentes governos empresariais que tivemos.

No entanto, a partir dessa necessidade e  do povo, vários partidos políticos tradicionais se apoiaram, para tentar maquiar algumas coisas enquanto o fundamental continue a seu favor. Nenhuma proposta de Constituinte sem derrubar Piñera e com este Congresso pode fazer as mudanças que queremos. Eles querem que pareça estar mudando alguma coisa para que tudo permaneça o mesmo.

Até a proposta da Assembleia Constituinte do PC e da Frente Ampla também é uma armadilha, pois eles querem fazê-lo antes de tirar Piñera e respeitar os obstáculos e as limitações antidemocráticas da Constituição dos anos 80. Querem fazer uma Constituinte sem questionar o poder econômico dos monopólios que controlam e financiam as eleições. Os mesmos partidos tradicionais, ricos e corruptos, participariam desse processo eleitoral. O que eles querem é que deixemos as ruas e ponhamos nossa luta em suas mãos para fazer o que fazem há 30 anos, pactos e diálogos em favor dos de cima e contra os de baixo.

Diferentemente do que outros partidos dizem, nós do MIT acreditamos que a única maneira de garantir uma Assembleia Constituinte ou medidas que sejam totalmente para o benefício das e dos trabalhadores é se tirarmos Piñera, este parlamento e todas as instituições empresariais, acabando com tudo deixado pela ditadura. Para ser uma Assembleia Livre e Soberana, precisamos que ela seja convocada e controlada pelas Assembleias Populares.

CONTINUAR A REVOLUÇÃO NAS RUAS E ORGANIZAR UMA GREVE GERAL QUE PARALISE O PAÍS INTEIRO PARA DERRUBAR PIÑERA E CONQUISTAR O PLANO DE EMERGÊNCIA.

A mobilização começou com a valente juventude à frente, depois se somou toda a população, setores populares e trabalhadores. Depois, o movimento operário começou a entrar em cena – embora de maneira mais irregular -: mineiros de La Escondida, Chuquicamata e os portuários se juntaram às paralisações, houve uma assembleia de pescadores industriais no sul e uma salmoneira também foi tomada no contexto da luta nacional.

Esses passos do movimento operário são muito importantes para o apoio à luta popular, hoje muitos lutam em seus bairros com suas famílias. No entanto, sabemos que é muito difícil se organizar nos locais de trabalho, porque há muita perseguição nas fábricas e empresas àqueles se organizam, muitos operários vão aos protestos e enfrentam repressão sem medo, mas temem organizar ou preparar uma greve dentro do local de trabalho, por possíveis represálias. Essa perseguição é vista na hipocrisia de Luksic, que por um lado propõe um salário básico a seus trabalhadores de 500 mil pesos, mas por outro lado os impede de se organizar e ter o direito democrático de greve. E dizendo amém a essa perseguição empresarial, há vários líderes sindicais que se recusam a organizar a mobilização, seja por terem acordos com a empresa ou por temer represálias.

Precisamos quebrar a barreira desse medo, porque essa luta coloca tudo em questão, a melhor maneira de garantir que haja menos represálias é que o conjunto dos operários em Assembleias vote greve, quanto mais eles forem, melhor, e que a mobilização não pare até garantir que não haja demissões ou outras represálias. Para organizar isso, é preciso pressionar os dirigentes sindicais, substituí-los, se necessário, ou formar comitês de luta. A única maneira de garantir uma greve geral é que os setores operários se somem paralisando a produção; só então colocaremos em risco os interesses econômicos dos empresários e seu governo.

Se o movimento operário assume a liderança, os métodos de luta e defesa podem melhorar qualitativamente. Um exemplo é o que foi visto em Antofagasta quando um caminhão basculante colocou material contundente na estrada para montar uma barricada, a fim de garantir a manifestação.

POR UM GOVERNO OPERÁRIO E POPULAR

Embora nossas demandas possam parecer muito simples, o que de fundo está sendo questionado é toda esta relação entre as empresas como as AFPs, os bancos, as fábricas e os capitalistas de países mais ricos, estão sendo questionados de conjunto. É a forma pela qual a sociedade capitalista, como um todo, funciona.

A única maneira de garantir que todas as medidas da Constituição dos anos 80 sejam derrubadas é se os operários e os setores populares tomarem o poder através de uma revolução socialista. Como está evidente, apenas para acabar com as AFPs, precisa enfrentar poderosos interesses empresariais que os governos e instituições defendem ao máximo: sabe-se que mais de 40 ministros e autoridades governamentais da ex-Concertação e da direita estiveram envolvidos nos negócios das AFPs sendo parte de seus diretórios. Por acaso devemos acreditar que eles mesmos vão acabar com elas?

Precisamos tirar os empresários do poder, e isso significa destruir todas as suas instituições corruptas e substituí-las por instituições a serviço dos trabalhadores e dos setores populares. Para que os de baixo governem, precisamos de um governo operário e popular com base nas Assembleias Populares.

ORGANIZAR A DEFESA DO POVO TRABALHADOR PARA GARANTIR OS PROTESTOS. POLÍCIA E SOLDADOS DE BASE, JUNTEM-SE À LUTA!

A mídia empresarial discute muito sobre os métodos violentos dos protestos, mas não convém a eles dizer que a verdadeira violência vem do governo e das instituições do Estado. A violência veio dos milicos que estavam nas ruas, ou a repressão contínua da FFEE, as torturas, as detenções direcionadas de dirigentes em suas casas, próprias dos tempos da ditadura. Os cartazes nas marchas deixam claro que a violência é que as pessoas morrem esperando nas listas de espera pela crise da saúde, que os idosos cometem suicídio por causa de aposentadorias miseráveis ​​e outros males que são uma consequência do sistema capitalista. Nesse quadro, de repressão e respostas nulas, os trabalhadores, o povo pobre e a juventude, precisamos organizar nossa defesa, a defesa das manifestações e da população. O apelo ao pacifismo que os partidos tradicionais e até o PC e a FA fazem aos lutadores é hipócrita. Pois é uma necessidade imperativa exercer o direito à legítima defesa diante da violência do Estado.

PRECISAMOS DE UMA ORGANIZAÇÃO OPERÁRIA E POPULAR QUE TENHA UM PROJETO DE REVOLUÇÃO SOCIALISTA. CONSTRUIR O MIT!

Para que os trabalhadores, povo pobre e juventude tenham um projeto definido de sociedade e como conquistá-la, precisamos nos organizar, buscar as experiências anteriores de luta, e disputar contra todos os outros partidos que nos dizem que dentro desse sistema capitalista podemos melhorar as coisas, que dentro dessas instituições empresariais, podemos conseguir mudanças profundas. Os empresários estão organizados em seus partidos (direita ou ex Concertação) e instituições: Fundo Monetário Internacional, SOFOFA no Chile, etc., Nós trabalhadores precisamos de nossa própria organização internacionalista, preparada para enfrentar os empresários. Nós do MIT, estamos construindo essa alternativa como parte da Liga Internacional dos Trabalhadores, LIT-QI, e convidamos você a construir esse projeto de luta revolucionária internacionalista conosco!

Tradução: Lena Souza

 

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