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LGBT

De Stonewall até hoje, as LGBTIs são parte importante da classe trabalhadora

Thousands of participants march during the annual Gay Pride Parade in Sao Paulo, Brazil, Sunday, June 18, 2017. (AP Photo/Nelson Antoine)
junho 28, 2019

Junho é o mês do Orgulho LGBT (lésbico, gay, bissexual e transgénero). Na Europa, a data mais relevante é o dia 17 de maio, que marca a decisão da OMS (Organização Mundial de Saúde) de deixar de considerar a homossexualidade como doença. Foi declarado, portanto, o Dia Internacional contra a Homofobia. 

Por Helena Añasco 

Nas Américas, a data simbólica é o dia 28 de junho e refere-se a um episódio em Nova Iorque (EUA), em 1969: o Stonewall. Nesse dia, LGBTIs frequentadoras de um bar com esse nome começaram um enfrentamento com a Polícia devido às “rusgas policiais” frequentes, que criavam um clima de constante repressão e marginalização dessa população.

Essa luta de resistência durou quatro dias e teve à sua frente, principalmente, as mulheres lésbicas, as travestis negras e os gays imigrantes, mostrando que além de ser contra a violência policial, foi também contra toda a opressão e exploração que essas LGBTIs pobres, negros e imigrantes sofriam quotidianamente.

Stonewall teve uma grande repercussão e causou uma efervescência em todo o mundo. No ano seguinte, a 28 de junho de 1970, foi organizada a primeira Parada LGBTI nos Estados Unidos, com mais de 10 mil pessoas.

O fim da discriminação às LGBTIs também passa pela Revolução Socialista

A Revolução Russa, em 1917, que expropriou a burguesia, resultou em avanços grandiosos, incluindo para os LGBTI. Todas as leis contra a homossexualidade foram derrubadas pelo novo governo revolucionário. O sexo consensual foi definido como um assunto privado (ou seja, sem interferência do Estado). Em 1919, começaram a ser feitas cirurgias de mudança de sexo nos hospitais.

Mas a subida de Estaline ao poder iniciou um período de contrarrevolução e retrocesso desses direitos. Houve uma política de retorno das mulheres ao lar e ser LGBTI passou a ser considerado um “desvio pequeno-burguês” da antiga sociedade.

A restauração completa do capitalismo na Rússia só piorou a situação das LGBTIs, culminando nas leis absurdas e homofóbicas existentes hoje, transformando a Rússia no 2° país com maior discriminação a essa população na Europa.

Portugal e o combate à LGBTfobia

Portugal está em 6° lugar entre os países europeus que mais protegem direitos LGBTIs, mas essa é uma realidade de toda a classe trabalhadora portuguesa e imigrante no país?

Em Portugal, o casamento entre LGBTs é permitido por lei desde 2010, mas 47% dos concelhos nunca realizaram esse tipo de matrimónio. As razões vão desde a homofobia institucional camuflada, à invisibilidade da população LGBTI e à vergonha em assumir-se socialmente como tal.

Também a adoção por casais LGBTs está legalizada. Há, no entanto, um universo social muito diferente. Numa pesquisa realizada em 2015 em universidades de Lisboa, 70% opinaram que essa população não deveria exercer funções parentais.

Além disso, um terço dos estudantes LGBT sente-se inseguro pela sua orientação sexual na escola, dois terços já sofreram agressões verbais e a maioria nunca viu uma abordagem positiva sobre questões LGBTIs na escola.

Na última marcha LGBTI em Lisboa também se expressou muita insatisfação com o veto da lei da mudança de género.

Em Portugal, como no resto do mundo, as condições de trabalho das LGBTs são piores que as da população heterossexual e cisgénero, por estarem mais vulneráveis a empregos precários e informais. É de assinalar ainda que a violência doméstica às LGBTIs (principalmente jovens) é invisibilizada e não tem políticas públicas próprias.

Faltam ainda estatísticas oficiais e mais abrangentes sobre o impacto da homofobia e da transfobia no conjunto da sociedade e entre a população não branca e imigrante.

Nós, do Em Luta, defendemos que haja uma inclusão, do ponto de vista educacional, trabalhista e cultural, das LGBTIs trabalhadoras e estudantes que vivem no país. A nossa luta é todos os dias contra o racismo, o machismo e a LGBTfobia!

 

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