Argentina: a lei não foi aprovada, devemos radicalizar a luta!

A mobilização, apesar do frio e da chuva, contou com mais de um milhão e meio de pessoas. O Congresso virou as costas, algo comum nesse sistema que governa para os ricos. Mas a luta ainda não acabou.
Por: PSTU Argentina
Queremos debater com a direção desse movimento, a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto, sobre como deveríamos lutar e quais são as tarefas que temos pela frente.
A mobilização pelo aborto legal é de massa. Mas infelizmente aqueles que assumiram a sua direção não passaram do limite do Congresso e deram “fôlego” para o voto contrário. As expectativas nos acordos parlamentares colocaram um freio objetivo na luta. As dirigentes do coletivo Nem Uma a Menos, ao lado das organizações de mulheres e políticas cujo norte é as eleições de 2019, não estiveram à altura dos desafios.
A conquista do aborto teria que ser arrancada e isso exigiria a radicalização da luta, aprofundando o caminho iniciado nas ocupações das escolas secundaristas, colocando a necessidade da Greve Geral para alcançá-la e organizando uma mobilização no 8A que tomasse como exemplo as mobilizações de dezembro. Mostrando a essa juventude mobilizada que lutar não é “esperar do lado de fora para ver o que acontece”, mas também enfrentar às forças de segurança, se necessário.
É uma grande conquista que o tema do aborto seja discutido em todos os lugares. Que os privilégios da Igreja sejam questionados e que se exponha abertamente o direito de desfrutar da sexualidade sem ter que ser mães. Mas, também temos que ser conscientes que ainda não ganhamos. A vida de Liz[1] foi perdida da mesma forma, e se esperarmos um ano, como diz a direção feminista, as pobres continuarão morrendo sem o aborto legal.
Se a luta for radicalizada, e as CGT e CTA não nos abandonar como fizeram até agora e chamar uma Greve Geral e um Plano de Luta. Se vincularmos a demanda pela legalização do aborto às demais reivindicações das/os trabalhadores e se lutarmos nas ruas para derrubar Macri e o plano de ajuste do FMI estaremos mais próximos de impor a legalização.
Lamentavelmente, a FIT (Frente de Izquierda de los Trabajadores) e o resto da esquerda não se diferenciaram apresentando essa política, e também geraram expectativas no Congresso antidemocrático. Os deputados de esquerda, conquistados com tanto sacrifício, devem servir para multiplicar com sua voz, para milhões, a necessidade de ir às ruas para enfrentar o governo de Macri e não para ganhar mais cadeiras em 2019 como fazem os demais partidos.
Nós do PSTU queremos fazer um debate com aqueles que se mobilizaram, com os que ainda têm dúvidas, com quem continuam com forças de lutar e com quem se sentem derrotados, para ir à luta, estimular as assembleias nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros.
Para conquistar o aborto legal, seguro e gratuito não têm que esperar por nada, temos que continuar lutando, é o único caminho que nós, as trabalhadoras, temos para conquistar nossos direitos.
[1] Liz, nome fictício, morreu ao dar entrada na emergência de um Hospital no município de San Martin, devido a um aborto clandestino, dias após o Senado ter rejeitado o projeto de Lei para “legalizar a interrupção voluntária da gravidez”, ndt;
Tradução: Rosangela Botelho