Aborto legal e FIT. Sororidade ou irmandade de classe?

Até mesmo a discussão sobre o aborto legal causou crises e alinhamentos no Proposta Republicana (PRO), na União Cívica Radical (UCR), na Frente para a Vitória (FpV), no Partido Justicialista (PJ Federal).
Quem marcou alguns pontos foi o Congresso, que estava muito desmoralizado, depois da lamentável votação da Reforma Previdenciária em dezembro e da fúria popular que gerou.
Por: PSTU Argentina
A patronal não se rende. Fecha a porta e eles tentam entrar pelas janelas.
O “feminismo transversal” é uma dessas janelas. Essa fórmula coloca no mesmo saco, por exemplo, a Silvia Lospennato, PRO (que concluiu seu discurso entre lágrimas, antes da sanção parcial) ou a Mónica Macha, FpV/PJ, com as deputadas da Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT). Aparecem irmanadas pelo seu apoio ao aborto legal, ainda que as primeiras pertençam a partidos que nada têm a ver com os interesses das trabalhadoras ou da classe operária que a FIT alega defender.
O pior é que as companheiras da FIT que estão no congresso não se distanciam dessa sujeira. Pelo contrário, não se diferenciaram apresentando um projeto próprio no debate parlamentar, fazem parte de um grupo de whatsapp com as deputadas da patronal, chamado “L@s Sororas” (da palavra sor, que significa irmã), aparecem em fotos e vídeos dando risadas e abraços com inimigas dos trabalhadores.
Não são contundentes em mostrar publicamente que estão em caminhos opostos. Pode haver sororidade entre as deputadas de Cambiemos, FpV ou do PJ e a mãe de Santiago Maldonado ou de Rafael Nahuel, as esposas dos prisioneiros de Las Heras, as operárias reprimidas por levar a luta de Pepsico, as mães, esposas e irmãs das pessoas demitidas da AGR ou GM, as trabalhadoras e aposentadas que recebem menos de $10.000 (dez mil pesos), mulheres que recebem AUH (Asignación Universal por Hijo – bônus mensal por cada filho menor de 18 anos, até no máximo 5 filhos)?
Nenhuma sororidade com Cristine Lagarde nem com as representantes do Cambiemos e do PRO que colocaram o tapete vermelho para o FMI e o G20! Nem com Cristina Kirchner, que se gabava de ser “pagadora em série” da dívida externa e colocou o genocida Milani à frente das Forças Armadas!
O PSTU e o LM (Lucha Mujer – Luta Mulher), fazemos unidade nas ruas e na luta com todos os setores que apoiam o aborto legal, mesmo que não compartilhamos com suas propostas políticas. Mas, nada de sororidade nem de feminismo transversal com aqueles que defendem os empresários e o capitalismo!
Nossa irmandade é com as trabalhadoras e com a classe trabalhadora, é solidariedade de classe, para enfrentar todos os dias os ataques e as dificuldades a que empresários e empresárias nos levam, seus planos econômicos e seus governos, para que as mulheres trabalhadoras sejam protagonistas da luta pela libertação das mulheres e pelo socialismo.
Tradução: Nea Vieria