Estados Unidos

Justiça já para Tom Alter!

A luta pela liberdade de expressão é essencial na defesa dos direitos democráticos contra a repressão do Estado.

John Leslie

outubro 30, 2025

Um ataque à liberdade acadêmica e os direitos democráticos no Texas.

O Dr. Tom Alter, um respeitado professor universitário titular, foi demitido pelo presidente da Universidade Estadual do Texas, Kelly Damphousse, em 10 de setembro por expressar suas opiniões políticas durante uma conferência socialista na web. Sua participação como membro do Socialist Horizon não tinha relação com seu cargo de educador e ocorreu em seu tempo livre, não sob os auspícios da universidade. O suposto motivo de sua demissão foram as acusações de que o Dr. Alter havia defendido a violência durante sua palestra; a acusação foi feita por uma autodenominada fascista, Karlyn Borysenko, que manipulou o vídeo gravado da palestra do Dr. Alter.

Cronologia e decisão judicial

Após a demissão inicial, um juiz determinou que a universidade havia violado os direitos processuais do Dr. Alter e ordenou sua reintegração. Alter foi «reintegrado», mas lhe foi proibido dar aulas até que uma audiência fosse realizada. A audiência ocorreu em 6 de outubro, mas a universidade esperou até 13 de outubro para comunicar ao Dr. Alter que ele havia sido demitido de forma definitiva.

Violação de direitos e comitê de defesa

Trata-se de uma violação flagrante dos direitos de Alter amparados pela Primeira Emenda do Estatuto dos EUA. Nos dias posteriores à demissão inicial do Dr. Alter, uma rede de ativistas sindicais e socialistas formou o Comitê para a Defesa de Tom Alter, com o propósito de lutar por seu posto de trabalho e proteger seu direito à liberdade de expressão.

Os partidários do Comitê para a Defesa de Tom Alter se comprometeram a construir a defesa mais ampla possível de seus direitos democráticos, envolvendo os sindicatos, as comunidades religiosas e as organizações estudantis em uma luta que nos afeta a todos. O Estado tenta usar o medo para nos manter calados. Se a demissão de Tom não for contestada, qualquer pessoa que seja alvo do Estado pode ser vitimizada e marginalizada.

Declaração do Dr. Alter

Após o anúncio de sua demissão em 13 de outubro, o Dr. Alter emitiu esta declaração: «Eu me oponho ao ataque da Universidade Estadual do Texas contra os direitos democráticos protegidos pelas constituições do Texas e dos Estados Unidos, assim como contra a liberdade acadêmica que um dia foi a marca registrada da educação superior no Texas.

Para que fique claro, minha demissão faz parte de um ataque político mais amplo realizado pela extrema direita autoritária para esmagar a democracia e as instituições democráticas nos Estados Unidos em geral e no Texas em particular. Mas as acusações que a administração da Universidade Estadual do Texas me imputa não se sustentam diante dos fatos; a verdade está do meu lado e espero com interesse meu dia nos tribunais.

Minha demissão, que viola claramente meus direitos de liberdade de expressão, associação e reunião garantidos na Primeira Emenda, representa uma vergonha, uma humilhação e um duro golpe para a reputação acadêmica da Universidade Estadual do Texas. Isso prejudica não apenas o corpo docente, o pessoal, os alunos atuais e os ex-alunos, mas também a comunidade de San Marcos.

Esta luta não começou comigo nem terminará comigo. Quero agradecer aos meus sindicatos, o Sindicato dos Empregados do Estado do Texas, a Associação Americana de Professores Universitários e Texas-AFT; à ampla coalizão de defensores dos direitos democráticos do Comitê para a Defesa de Tom Alter; à seção do Texas dos Jovens Socialistas Democráticos da América; ao Socialist Horizon; e a todos aqueles que valorizam a democracia básica».

Reações

O jornal universitário University Star citou uma declaração do Sindicato de Empregados do Estado do Texas (TSEU): «Em uma medida profundamente preocupante que atenta contra o coração da Primeira Emenda, Damphousse confirmou a demissão do Dr. Tom Alter, professor titular de História, após uma audiência coercitiva e fundamentalmente viciada».

Contexto Político

Esta campanha se inscreve no contexto de um ataque generalizado aos direitos democráticos por parte da administração Trump, que inclui um novo macartismo nas universidades, uma frenética repressão sindical sem precedentes desde a era Reagan, a ameaça de supressão dos movimentos sociais progressistas e um notável aumento do tamanho e do alcance do aparato repressivo do Estado.

O auge da extrema direita e as crescentes ações antidemocráticas do Estado são consequência da crise múltipla do sistema capitalista: a persistente crise econômica capitalista, uma profunda crise política e a crescente competição entre os Estados Unidos e as potências imperialistas emergentes, que coincide com a perda da hegemonia americana na cena mundial. Tudo isso é agravado pela iminente catástrofe climática. É nesse contexto que uma parte da classe dominante decidiu que a democracia liberal é algo inconveniente e dispensável.

Política de defesa

A esquerda americana tem um longo legado de organização de campanhas de defesa das vítimas da repressão estatal. Desde os Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW) até os movimentos comunistas e socialistas, a esquerda enfrentou a repressão com uma solidariedade incondicional e um compromisso inquebrantável com a preservação dos direitos democráticos pelos quais nossos antepassados lutaram e morreram. Como escrevemos em outra ocasião, «se os membros de qualquer organização ou movimento social —desde Black Lives Matter, passando pelo movimento operário, os antifascistas e as organizações políticas de esquerda— são alvo da repressão, da violência ou da espionagem, devemos permanecer unidos em solidariedade, independentemente de nossas diferenças políticas ou táticas».

O escritor e educador do Partido Socialista dos Trabalhadores, George Novack, escreveu: «Permitam-me resumir as características fundamentais da política de defesa que elaboraram os pioneiros do nosso movimento e que têm guiado todas as nossas atividades e conquistas posteriores.

«Os direitos democráticos, constitucionais e legais do povo estadunidense são as aquisições políticas mais valiosas de suas lutas passadas. Os socialistas devem defender firmemente esses instrumentos indispensáveis da luta dos trabalhadores pela emancipação contra qualquer intromissão, ataque ou erosão por parte das forças reacionárias. Uma defesa firme dos direitos existentes é a melhor maneira de ampliá-los».

Os socialistas defendem os direitos democráticos de todas as vítimas do sistema capitalista estadunidense e seu aparato estatal. Isso não significa que tenhamos ilusões em sua Constituição ou na retórica do governo capitalista sobre a democracia e a liberdade. Sabemos que seu conceito de liberdade não se estende realmente à classe trabalhadora e aos oprimidos. No entanto, temos que utilizar as escassas proteções que nos oferece a aparência de direitos democráticos nos Estados Unidos para defender nosso direito de nos expressar, nos organizar e lutar. Por isso devemos nos defender uns aos outros contra a repressão de forma incondicional e sem importar as diferenças políticas. Mais uma vez, levantamos o velho lema operário: «Uma ferida para um é uma ferida para todos».

Os advogados de Tom Alter estão apresentando uma ação, mas sabemos que as ações por si só não preservarão nossas liberdades. O que fazemos a cada dia em nossas organizações e nas ruas é o que fará a diferença.

O que pode ser feito

Há várias medidas concretas que você pode tomar para se juntar à luta pelos direitos democráticos do Dr. Tom Alter.

Assinar a declaração emitida pelo Comitê para a Defesa de Tom Alter.
Unir-se a um comitê de defesa local em sua zona e ajudar.
Levar o caso de Tom à sua comunidade religiosa, seu sindicato ou sua organização estudantil e pedir-lhes que respalden a campanha.
Fazer uma contribuição para ajudar a Tom Alter e sua família a pagar seus gastos básicos enquanto levamos adiante esta luta.
Publicar sobre o caso de Tom nas redes sociais e seguir nossa página de Instagram.
Enviar um correio eletrônico ou chamar a presidente da Universidade Estadual do Texas, Kelly Damphousse, a president@txstate.edu ou ao 512-245-2121.