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Brasil

Lula discursa na ONU o que seu governo não faz na prática

setembro 27, 2025

Por: PSTU Brasil

Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula fez um discurso sobre defesa da soberania, contra o genocídio promovido pelo Estado de Israel, contra a ultradireita e de combate à pobreza. Mas, na prática, seu governo não toma medidas contra nenhuma dessas questões.

Não se combate a pobreza e a fome de verdade sem uma mudança estrutural no Brasil, que enfrente as desigualdades sociais e o baixo nível industrial e tecnológico do país. O domínio dos capitalistas brasileiros e estrangeiros, aliado à subalternidade em relação ao imperialismo, é justamente o que impede que desenvolvamos o país a serviço dos interesses dos trabalhadores.

É preciso revogar o arcabouço fiscal, acabar com a escala 6×1, reduzir a jornada de trabalho e aumentar salários, zerar o imposto para todos os trabalhadores, fazendo com que os lucros dos bilionários capitalistas paguem a conta da crise fiscal que atravessa o país. Não existe combate à pobreza hoje que não passe por isso. Basta ver que o aumento do salário mínimo anunciado este ano é insuficiente diante da inflação dos alimentos e é muito pouco comparado aos lucros dos 250 maiores grupos capitalistas.

Não adianta também discursar contra a tentativa de golpe da ultradireita quando, no Brasil, Lula mantém gente de direita e do centrão no governo, que estão tramando a anistia a golpistas. Enquanto isso, deputados do PT votam na famigerada PEC da Blindagem. Lula ainda acena para a redução de pena de Bolsonaro, e faz corpo mole para derrotar o projeto de anistia. Vai deixando a direita se criar, agradando os capitalistas, tudo em nome de manter a governabilidade burguesa.

Pela ruptura total com o Estado de Israel e uma verdadeira soberania

Discursar contra o genocídio é muito pouco diante do cenário atual. Passou da hora de o Brasil romper relações com Israel. Mas, ao contrário disso, a Petrobras continua enviando petróleo ao país, que vira combustível para os tanques do exército israelense. Espanha e Itália colocaram navios para proteger os ativistas que estão se solidarizando; o Brasil deveria fazer o mesmo, ainda mais porque há brasileiros na flotilha que se dirige a Gaza.

Sobre soberania, o governo vem comemorando porque o discurso de Trump mudou de tom com o Brasil. Trump afirmou que rolou uma “química” entre ele e Lula, convidando o mandatário brasileiro a uma reunião. O que aconteceu, porém, parece algo mais que uma repentina paixão.

Houve uma articulação entre grandes empresários brasileiros e o governo Lula, representado por Alckmin, para negociar nos EUA. Na pauta: as cobiçadas terras raras e a garantia dos interesses das big techs no Brasil. O aceno de Trump para Lula na ONU é precedido pela disposição do governo Lula de entregar riquezas nacionais que interessam aos monopólios dos EUA.

A narrativa do PT tenta mostrar que o governo Lula dobrou Trump e não se submeteu aos ataques do imperialismo estadunidense. A realidade é que, ao contrário das palavras em favor da soberania, o Brasil aceitou o tarifaço, seguiu as ordens da burguesia covarde e pró-imperialista, negando-se a qualquer tipo de retaliação (mesmo quando os EUA ampliam as sanções contra representantes do governo e do Judiciário), e agora coloca na mesa as terras raras para serem entregues ao líder supremo do imperialismo.

Esses acordos significarão uma maior entrega do país aos interesses dos monopólios dos EUA. Não é uma postura soberana de Lula quando afirma: “Eu fiquei feliz quando Trump disse que pintou uma química boa entre nós”. Ou quando diz que torce para dar certo a relação do Brasil com os EUA e que “não há por que Brasil e Estados Unidos viverem em conflito”. A relação dos EUA com o Brasil é de nos submeter como colônia, instalando suas transnacionais aqui para superexplorar nosso povo, tomando as riquezas nacionais e sufocando nosso desenvolvimento, nos mantendo dependentes e subdesenvolvidos.

Lutas pelo mundo mostram o caminho

Há manifestações de massas na França contra os ataques aos trabalhadores promovidos pelo governo. Vimos uma greve geral em apoio à Palestina na Itália. Manifestações contra o aumento do custo de vida no Equador enfrentam o governo de direita de Noboa. Um levante derrubou o governo capitalista do Nepal, controlado por um partido que, de comunista, só tinha o nome. E segue a luta dos trabalhadores, imigrantes e setores populares nos EUA contra o autoritarismo e os planos capitalistas de Trump.

Se é verdade que há ultradireita e ataques aos trabalhadores, também é verdade que há resistência e luta que apontam o caminho para enfrentar os capitalistas e construir uma alternativa para os trabalhadores. Aqui no Brasil é preciso reforçar as mobilizações contra os ataques do imperialismo estadunidense, denunciar qualquer tentativa de entrega dos nossos recursos e soberania e fazer avançar a mobilização da classe trabalhadora nas ruas, com independência de classe, por uma verdadeira soberania e direitos para os trabalhadores.

Um programa socialista e a construção de uma alternativa revolucionária

Para transformar essa luta em vitória, não basta denunciar e resistir: é preciso levantar um programa que unifique a classe trabalhadora em torno de uma saída socialista para a crise. Isso significa romper com o arcabouço fiscal, taxar fortemente os lucros dos bilionários, estatizar, sob controle dos trabalhadores, os setores estratégicos, como petróleo, energia, mineração e tecnologia, além de reorganizar a economia para atender às necessidades sociais, e não ao lucro de um punhado de capitalistas.

É urgente também construir uma alternativa política independente, que não se submeta à conciliação de classes do PT e seja capaz de enfrentar de verdade os projetos reacionários da direita e da extrema direita. A experiência mostra que confiar na “governabilidade burguesa”, como faz o PT, só fortalece nossos inimigos. Precisamos de uma organização revolucionária, enraizada nas fábricas, nos locais de trabalho, nos bairros populares, na juventude, capaz de dirigir as lutas e as transformar em força social para enfrentar o capitalismo.

E, com a classe trabalhadora à frente, construir um governo próprio dos trabalhadores sem patrões, que abra caminho para uma revolução socialista. Só assim será possível derrotar o imperialismo, romper com a exploração capitalista e conquistar de fato soberania e uma vida digna para os trabalhadores.

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