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Perguntas e respostas sobre o chavismo e a Venezuela

agosto 14, 2024

A Venezuela é socialista?

O ex-tenente-coronel Hugo Chávez chegou ao poder através da via eleitoral, em 1998. Com um discurso de esquerda, falava sobre socialismo, tendo cunhado o termo “Socialismo do Século 21”, e até mesmo reivindicando Trotsky. Tentava, assim, canalizar um espaço à esquerda diante da derrocada do neoliberalismo e da profunda crise social, política e econômica que atravessava o país.

Por: PSTU Brasil

Na prática, porém, nunca ameaçou o sistema capitalista, mantendo o domínio e a exploração das grandes empresas, inclusive das multinacionais, e pagando religiosamente a dívida externa aos banqueiros. A Venezuela continuou no papel de grande exportadora de petróleo, subordinada ao mercado internacional. O que Chávez fez foi substituir o domínio da velha burguesia venezuelana por um novo setor, advindo do chavismo e das Forças Armadas: a “boliburguesia”, que tem na figura de Diosdalo Cabello seu principal representante.

O aprofundamento da crise nos últimos anos revela o caráter capitalista do regime de Maduro. O governo atacou direitos e as condições de vida da maioria da população, em benefício das grandes empresas, das multinacionais e dos banqueiros.

Maduro é anti-imperialista?

Apesar do discurso e de algumas rusgas, o governo Maduro nunca enfrentou o imperialismo. Reportagem do jornal “Financial Times”, no início do ano, inclusive, revela que o imperialismo já previa a proclamação da vitória de Maduro e estava plenamente disposto a aceitá-la, desde que uma eventual fraude não fosse tão escancarada.

Em seus anos de governo, Maduro nunca ameaçou as grandes empresas. Ao contrário, aprofundou as parcerias privadas, como no caso da petroleira norte-americana Chevron. Em abril deste ano, por exemplo, Maduro contratou o banco norte-americano Rothschild para reestruturar sua dívida pública de 154 bilhões de dólares, nas mãos de investidores dos EUA, da Rússia e da China, dentre outros. O pagamento da dívida desencadeou uma leva de recentes ataques a direitos, cortes de salários e de programas sociais.

O alinhamento aos imperialismos russo e chinês, que apoiam e ajudam a sustentar seu regime, por sua vez, não significa uma melhoria de vida para a população; mas, ao contrário, implica no aprofundamento da entrega do país e no saque de suas reservas minerais.

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O chavismo era progressivo e, agora, deixou de ser?

Desde seu início, o chavismo sempre foi um governo burguês e autoritário. O que ocorre é que Chávez surfou em uma conjuntura de “boom” das commodities, aproveitando a alta do petróleo no mercado internacional, para, garantindo os lucros das empresas, implementar alguns programas sociais que ajudaram a manter uma base social. Mas, mesmo as nacionalizações parciais foram realizadas mediante generosas indenizações, a preço de mercado.

Tão logo os ventos da economia mundial viraram, essas concessões parciais começaram a ser revertidas. Em 2013, Maduro assumiu o governo já numa conjuntura de crise. Ataques a direitos e privatizações foram as respostas do regime chavista, enquanto sua base social ruía. A manutenção do regime, então, foi garantida com base no aprofundamento da repressão e na perseguição à oposição.

O chavismo, portanto, nunca teve qualquer caráter progressivo. Sempre significou governos capitalistas, subordinados aos diferentes imperialismos, e garantidos por um regime de exploração da classe trabalhadora, em favor dos lucros da burguesia.

Quem é responsável pela crise na Venezuela?

As sanções dos EUA e da Europa prejudicam o país, sobretudo a população mais pobre, e devem ser combatidas de forma incondicional. O imperialismo domina o mundo todo, inclusive os países da América do Sul, e querem todos de joelhos diante de seus interesses capitalistas. Mas, o que jogou e mantém o país na crise é a manutenção da subordinação da Venezuela, durante décadas de chavismo, ao mercado internacional e ao gerenciamento do capitalismo.

No final de 2022, por exemplo, o governo Biden afrouxou as sanções, enquanto Maduro avançava na dolarização da economia, sem que isso significasse qualquer mudança, de fato, na vida do povo.

Isso significa que, no vai-e-vem de sanções do imperialismo, a vida do povo continuava piorando, chegando à dramática cifra de 80% da população em situação de pobreza (de acordo com a Pesquisa Nacional de Condições de Vida) e a uma diáspora que, desde 2013, reduziu em 11% a população no país.

Ser contra o Maduro e a ditadura é igual a apoiar a burguesia ou o imperialismo?

Muitos afirmam que se colocar contra Maduro e a sua ditadura é fazer o jogo da direita. Mas ninguém ajuda mais o imperialismo e a burguesia do que um governo que mantém o capitalismo, promove a ditadura, a repressão e a violência contra os trabalhadores.

A impopularidade do governo Maduro e o desastre a qual o chavismo levou o país estão fazendo com que setores apoiados pelos EUA ganhem cada vez mais legitimidade na Venezuela. A alternativa para os trabalhadores venezuelanos passa por uma saída independente, contra os bilionários capitalistas da boliburguesia, que enriqueceram muito durante os governos de Maduro e Chávez, ligados ao imperialismo chinês e russo. E, também, contra os velhos representantes da elite venezuelana, vinculados ao imperialismo dos EUA. Este é único caminho para enfrentar os diferentes blocos burgueses e imperialistas na Venezuela que são quem fazem o jogo dos capitalistas.

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