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Venezuela

Não à ameaça intervencionista de Donald Trump e do imperialismo americano! Fora, tropas ianques, da Venezuela e da América Latina!

agosto 27, 2025

Por: Leonardo Arantes / UST-Venezuela)

Nos últimos dias, o governo dos EUA, liderado pelo extremista de direita Donald Trump, vem fazendo uma série de anúncios e implementando ações com o objetivo de desenvolver uma operação militar em águas latino-americanas e caribenhas, sob o pretexto de combater o narcotráfico.

O imperialismo americano ameaça e mostra os dentes

Por meio de uma demonstração sem precedentes de poder militar naval, os Estados Unidos começaram a enviar vários navios de guerra e efetivos militares para a área mencionada há algumas semanas. De acordo com relatos da imprensa internacional, três navios de guerra, um submarino nuclear com capacidade de mísseis e operações de inteligência, bem como aeronaves de patrulha marítima P-8 Poseidon e uma força militar que supostamente ultrapassa 4.000 fuzileiros navais foram mobilizados até o momento.

Além disso, foi anunciado o envio de três contratorpedeiros equipados com o sistema de defesa aérea Aegis, juntamente com submarinos e aeronaves, para os limites das águas territoriais venezuelanas. Essas embarcações estão armadas com mísseis guiados, incluindo os mísseis Tomahawk para ataque a alvos terrestres, tecnologia de ponta utilizada pela Marinha dos Estados Unidos.

Essas embarcações polivalentes desempenham funções de combate naval, escoltando embarcações maiores (como porta-aviões), bombardeio terrestre e defesa aérea, entre outras. Podem ser utilizadas tanto para realizar operações de inteligência e vigilância quanto como plataforma de lançamento para ataques militares direcionados. Todo essa desproporcional movimentação de armas, supostamente para combater o narcotráfico, empregando armas, equipamentos militares, recursos e poderio militar mais característicos de guerras e/ou invasões militares, demonstra que, sob o pretexto de combater o narcotráfico, essa operação realizada pelo imperialismo estadunidense constitui uma nova ameaça contra os povos da América Latina e do Caribe em geral, e especificamente contra a Venezuela. Vendo toda essa operação se desenrolar perto de suas águas territoriais e considerando a tensão política dos últimos dias, torna impossível a Venezuela não avaliar a possibilidade de estar sendo considerado um potencial alvo militar.

O contexto político em que a ameaça intervencionista está ocorrendo

Consideramos pertinente descrever e analisar o contexto político em que a atual operação e ameaça intervencionista dos EUA estão ocorrendo.

Esta movimentação militar ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, emitir uma ordem em 8 de agosto autorizando o uso das forças armadas para “combater cartéis de drogas estrangeiros, com o objetivo de defender sua nação”. Antes disso, o governo dos EUA (7 de agosto de 2025) havia dobrado a recompensa para US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão de Nicolás Maduro. Vale lembrar que, em 2020, durante o primeiro mandato de Trump, Maduro foi acusado pelos Estados Unidos de tráfico de drogas e terrorismo. Especificamente, o governo dos EUA alega que Maduro e altos funcionários e militares de sua administração lideram o “Cartel dos Sóis”, uma suposta organização criminosa que os EUA declararam organização terrorista.

Após os anúncios mencionados, a Procuradora-Geral dos EUA, Pam Bondi, declarou que o governo americano havia “confiscado mais de US$ 700 milhões em bens de Maduro”, incluindo “dois aviões de luxo, várias casas, uma mansão na República Dominicana e outras na Flórida, uma fazenda de cavalos e milhões de dólares em joias”, tudo como resultado de suas ações como “líder do Cartel dos Sóis”.

Nas semanas anteriores, o governo Trump havia desenvolvido um processo de negociação com o governo Maduro, que incluía a troca de prisioneiros americanos por migrantes venezuelanos detidos pelo governo Bukele em El Salvador, a libertação de alguns presos políticos em território venezuelano e a concessão de uma nova licença autorizando a Chevron a operar no país e extrair e comercializar petróleo venezuelano.

É muito cedo para dizer se se trata de uma tentativa genuína do governo dos EUA de intervir militarmente na Venezuela ou se, como já ocorreu no passado, trata-se simplesmente de um aumento da pressão sobre o governo Maduro (também bastante provável) para forçá-lo a negociar acordos em condições ainda piores, a fim de abrir mão ainda mais da soberania do país, especialmente de seus recursos petrolíferos e minerais.

A verdade é que o argumento de “combater o narcotráfico” nada mais é do que um pretexto barato para, como já ocorreu no passado, e como demonstra a história, o imperialismo utiliza para intensificar sua ofensiva de recolonização na América Latina e no Caribe, e neste caso, particularmente contra a Venezuela.

Com a atual movimentação militar, o mínimo que Trump e seu governo, como representantes do imperialismo ianque, buscam é combater, controlar e derrotar o narcotráfico. Seu verdadeiro objetivo é fortalecer a proteção de seus interesses econômicos, políticos, geopolíticos e militares em uma região historicamente estratégica para o imperialismo estadunidense.

A Resposta do Governo Maduro: Falso Anti-imperialismo

Como esperado, a resposta de Maduro e de seus funcionários, como Diosdado Cabello (Ministro do Interior), Delcy Rodríguez (Vice-Presidente Executiva), entre outros, vários dos quais são acusados ​​de diversos crimes, tem sido negar as acusações que os vinculam (tanto Maduro quanto esses funcionários) ao narcotráfico, além de fazer declarações altissonantes como “…nenhum império virá tocar o solo sagrado da Venezuela…” (Nicolás Maduro, 19/08/2025) ou “…Também estamos posicionados no Mar do Caribe, em nosso mar territorial venezuelano, para defender nossa soberania…” (Diosdado Cabello, 19/08/2025).

Da mesma forma, anunciaram a mobilização de mais de 4 milhões de milicianos (reservistas) e o início de um processo de alistamento (incorporação de novos membros) e treinamento dessas forças (no qual certamente forçarão funcionários da administração pública a participar sob chantagem), enquanto o Vice-Presidente Executivo clama pela “unidade dos países latino-americanos diante das ameaças diretas de intervenção militar dos EUA” (Delcy Rodríguez, 19/08/2025).

Com tudo isso, Maduro ostenta um falso anti-imperialismo enquanto continua a entregar nossa soberania, recursos petrolíferos, hidrocarbonetos e minerais a corporações transnacionais imperialistas como a Chevron, bem como a Barrick Gold and Gold Reserve no Arco Mineiro do Orinoco (AMO). Ao mesmo tempo, isenta do imposto de renda as empresas imperialistas dos setores de petróleo e importação de alimentos. Também implementa uma medida de austeridade brutal contra os trabalhadores venezuelanos, que continuam sofrendo miséria e dificuldades, ganhando um salário mínimo mensal inferior a US$ 1, com acordos coletivos congelados e todos os seus direitos trabalhistas, sindicais e sociais violados.

A Oposição Burguesa Celebra a Operação e as Ameaças

Fiéis à sua natureza burguesa e de extrema direita e ao seu papel de servos do imperialismo estadunidense, María Corina Machado e a oposição organizada em torno dela apoiam as ameaças de intervenção e celebram a operação militar imperialista, alimentando expectativas na população de uma possível intervenção militar contra Maduro e o país, inclusive pedindo sua execução imediata e fugaz, enquanto declaram que os Estados Unidos seriam “o melhor aliado comercial, energético e de segurança da região” se ela se tornasse governo.

A partir daqui, alertamos que os trabalhadores e o povo venezuelano não devem depositar qualquer confiança em uma líder burguesa, parceira servil dos mais rançosos interesses imperialistas, nem no setor político que ela representa, muito menos no imperialismo estadunidense, seu governo e suas forças armadas.

Rejeitar as ameaças de intervenção imperialista, nenhum apoio a Maduro e seu governo.

Nós da Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), rechaçamos e apelamos ao repúdio desta nova ameaça intervencionista e desta agressão imperialista. Somos categoricamente contra a movimentação militar dos EUA perto dos limites das águas territoriais venezuelanas e nos mares de toda a América Latina e Caribe. Exigimos a retirada imediata das tropas norte-americanas destas latitudes. Exigimos que os governos do continente se manifestem contra tal operação militar.

Da mesma forma, afirmamos que rejeitar tal agressão e ofensiva do imperialismo norte-americano contra a Venezuela não significa prestar qualquer apoio político a Maduro e seu governo. Pelo contrário, denunciamos a sua política de entregar a nossa soberania e os nossos recursos naturais, energéticos e minerais, às transnacionais ianques, chinesas e russas, entre outras. Somos contra a política de destruição de salários, de subsídio de renda, de restrição de direitos trabalhistas e sociais, de violação das liberdades democráticas, de repressão contra trabalhadores, sindicatos e líderes políticos que se opõem ao governo, bem como suas tentativas de eliminar os sindicatos por meio da proposta de assembleia constituinte sindical. Chamamos os trabalhadores a se organizarem e se mobilizarem de forma unificada para derrotar a política de entrega da soberania do país e as medidas de austeridade antioperárias e as políticas antipopulares implementadas pelo governo e expulsar Maduro do poder.

Somente derrubando o governo Maduro, por meio da mobilização autônoma e independente dos trabalhadores e dos setores populares, será possível desenvolver um anti-imperialismo consistente que impeça a rendição do país, expulsando as corporações transnacionais e as joint ventures do setor petrolífero e do Arco Mineiro do Orinoco, nacionalizando 100% do petróleo, dos bancos, da produção de alimentos, das telecomunicações e de outros setores estratégicos, suspendendo o pagamento da dívida externa e repatriando o capital que foi retirado do país.

Todas essas são tarefas anti-imperialistas que não serão realizadas pelo governo burguês e ditatorial de Maduro, nem por nenhum governo burguês. Essas tarefas só podem ser realizadas por um governo dos trabalhadores e dos setores populares do país.

Fora das tropas ianques da América Latina e do Caribe.

Não à ingerência imperialista na Venezuela. Rechaçar as ameaças e agressões do imperialismo.

Nenhuma confiança na oposição burguesa, no imperialismo estadunidense, seu governo e suas forças armadas.

Mobilização operária e popular para impedir a rendição da soberania do país.

Derrotar as medidas de austeridade antioperárias e antipopulares do governo Maduro.

Pela restauração dos salários, dos acordos coletivos de trabalho e dos direitos trabalhistas, sindicais e sociais dos trabalhadores. Basta de repressão.

Não à assembleia constituinte sindical, pela defesa dos sindicatos.

Fora o governo Maduro.

Por um governo operário e popular.

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