Para deter o genocídio e o apartheid, medidas concretas e mobilização permanente

Por: PST – Colômbia
O Partido Socialista dos Trabalhadores se une ao dia de mobilização, por ocasião da reunião de emergência convocada em Bogotá pelo Grupo de Haia.
Este grupo foi fundado em fevereiro de 2025 pelos presidentes da Colômbia e da África do Sul; tem um total de nove estados com Belize, Bolívia, Cuba, Honduras, Malásia, Namíbia e Senegal. O grupo busca coordenar medidas legais, diplomáticas e econômicas para responsabilizar Israel por supostas violações do direito internacional, incluindo genocídio, crimes de guerra e ocupação de territórios palestinos. Sua estratégia é fazer cumprir a normatividade do direito internacional e as decisões da Corte Internacional de Justiça (CIJ) e do Tribunal Penal Internacional (TPI). Algumas das ações promovidas são o embargo de armas e o bloqueio de navios israelenses.
Repudiamos as sanções do governo imperialista de Donald Trump contra Francesca Albanese, jurista e defensora dos direitos humanos, Relatora das Nações Unidas para a Palestina. As sanções incluem a proibição de viagens aos Estados Unidos, o congelamento de ativos mantidos no país e a proibição de qualquer pessoa ou empresa dos EUA de fazer negócios com ela; fazem parte da política do imperialismo reprimir a resistência e a solidariedade com a Palestina e silenciar as denúncias dos crimes cometidos por todos os meios possíveis.
Os objetivos da reunião de emergência, convocada em Bogotá, não poderiam ser mais justos e urgentes: deter o genocídio e o regime do apartheid. Reconhecemos esse apelo como um passo muito importante e valorizamos o peso político dos chefes de vários Estados que tentam impedir o genocídio. É importante destacar a importância da África do Sul como vanguarda desse processo, pois tem o prestígio de se mostrar como um país que superou o apartheid, graças à resistência interna, mas também à campanha internacional de denúncia e à política de BDS.
No nível da legitimidade política, Israel nunca foi pior; nem o sofrimento e a opressão do povo palestino. A mobilização e a rejeição internacionais são fundamentais para derrotar o apartheid e o genocídio, como demonstrou o caso da África do Sul.
Infelizmente, porém, isso não é suficiente, devido às características da ocupação da Palestina; não é possível reformar ou modificar o caráter do Estado de Israel, porque é um enclave colonial imperialista, com uma população transplantada, que tem um plano de expansão sobre o Oriente Médio e que só pode sustentá-lo travando uma guerra permanente.
Ao contrário do que o presidente Petro considera, não acreditamos que a solução de “dois Estados” seja possível, porque implica que a população palestina aceite o roubo de grande parte de seu território e seja despejada, renunciando ao retorno dos refugiados e legitimando um crime histórico. Mesmo que a matança pare por enquanto, a existência de Israel significa a manutenção do regime do apartheid, e isso só pode desaparecer em uma Palestina única, secular, democrática e não racista.
Por outro lado, esta iniciativa importantíssima em tornar a situação visível e avançar em medidas concretas, somada à ruptura das relações diplomáticas com Israel, contrasta fortemente com a continuidade das relações comerciais e militares. Na Colômbia, as forças policiais e militares continuam a usar a tecnologia da Elbit Sistem, a maior produtora de armas altamente letais de Israel, e além disso, foi apresentada na feira ExpoDefensa, oferecendo suas armas com total impunidade. Da mesma forma, a exportação de carvão foi demonstrada, pois segundo dados da Tadamun Antimili, 18 navios cheios de carvão (cerca de mil toneladas) foram enviados a Israel entre outubro de 2024 e março de 2025.
É por isso que não apenas apoiamos e acompanhamos a mobilização e a reunião do Grupo de Haia, mas exigimos que nesta reunião se avance em medidas concretas de Boicote, Sanções e Desinvestimento, o que implica a cessação imediata das exportações de carvão e de toda aquisição de tecnologia militar sionista, que, aliás, é usada para a repressão do povo colombiano. Da mesma forma, os TLCs com Israel devem ser rompidos; não basta que eles sejam “inativos”, pois mesmo que haja uma trégua ou cessar-fogo, nada pode apagar o caráter genocida de Israel. Medidas equivalentes devem ser tomadas pelos demais países do grupo e pelos que aderirem nesta ocasião.
Além disso, convocamos os presidentes e líderes reunidos a tomar decisões, promovendo uma campanha para que todos os líderes da região, mas especialmente aqueles que se dizem progressistas, como é o caso de Lula do Brasil, rompam imediatamente as relações com Israel e se juntem ao Grupo de Haia e seus esforços para deter o genocídio contra o povo palestino.
Exija a supressão imediata do esquema de distribuição de alimentos israelense-americano em Gaza, que tem sido usado como uma armadilha mortal, assim como se faria com animais que serão exterminados, para cometer massacres quando os habitantes de Gaza vierem buscar comida. Que o Grupo da Haia seja responsável pela distribuição da ajuda alimentar.
Apelamos aos líderes reunidos para que determinem nesta reunião uma nova remessa de ajuda humanitária, recolhida dos países membros, com uma campanha para exigir a sua entrada em Gaza. E que o Grupo convoque um grande dia de mobilização internacional, com eixo na América Latina.
Defendemos a realização da reunião e repudiamos qualquer repressão à mesma ou aos seus participantes; a ação diplomática é importante, mas insuficiente, e é por isso que pedimos que a solidariedade com a Palestina seja mantida nas ruas de todo o mundo.
Por uma Palestina livre do rio ao mar
Pelo fim do Estado sionista de Israel
PARAR o genocídio e abaixo o apartheid.
Tradução: Lílian Enck