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Especial Palestina

A última capitulação de Gilbert Achcar

maio 28, 2025

Por: Alejandro Iturbe

Recentemente, Gilbert Achcar publicou em uma página marroquina o artigo “Gaza e a sabedoria do rei Salomão” sobre a situação na Faixa de Gaza e suas propostas ao povo palestino. Nesse artigo, Achcar, por meio de suas habituais formulações ambíguas, propõe que, para encontrar uma saída para a situação, o Hamas e seus aliados “devem retirar seus líderes e combatentes […] abandonar a Faixa de Gaza e entregar o controle deste território aos homens da Autoridade de Ramallah apoiados por forças árabes”.[1]

Gilbert Achcar é jornalista e professor universitário de origem libanesa, radicado na França. Por meio de artigos e livros, ele é a principal referência, para a Palestina e o Oriente Médio, da organização conhecida como Secretariado Unificado (SU) da Quarta Internacional. Apesar do nome, o SU rompeu definitivamente com a concepção de Trotsky já no final da década de 1990.

Em 2023, já havíamos feito uma dura crítica a outro artigo de Achcar no qual ele dá uma visão absolutamente derrotista das perspectivas de luta do povo palestino contra o Estado sionista e conclui com uma proposta pacifista: que o povo palestino deixe de lado qualquer forma de luta armada ou ação militar e se limite apenas a realizar “ações políticas”.[2]

Agora, Achcar está dando um passo qualitativo em sua capitulação: ele propõe diretamente que o Hamas pare de lutar contra Israel, deixe Gaza, deponha as armas e docilmente entregue esse território aos agentes coloniais do sionismo (“a Autoridade Palestina de Ramallah”) e aos governos cúmplices de Israel (“as forças árabes”).

O que é o Estado de Israel?

Para debater esta proposta de Achcar, é necessário partir do fato que deu origem a essa terrível situação. Ou seja, a “criação” do Estado de Israel, em 1947/48, dividindo o território histórico palestino em dois e concedendo ao “Estado judeu” mais da metade do território palestino (daí o conceito de “os dois estados”). Isso foi feito por meio de uma resolução da ONU impulsionada pelas potências imperialistas (especialmente os EUA) e apoiada pela burocracia stalinista. Durante este período, gangues armadas sionistas expulsaram grande parte do povo palestino, usando métodos de limpeza étnica. Em seu lugar, uma população de judeus europeus imigrantes foi artificialmente instalada e se apropriou das cidades, casas e campos dos palestinos, em um terrível processo chamado nakba (catástrofe).[3]

Posteriormente, Israel anexou à força mais e mais terras até ocupar diretamente 78% da Palestina. O povo palestino ficou apenas com os territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia (separados um do outro), que estavam primeiro sob a administração do Egito e da Jordânia, respectivamente, e depois, desde 1967, sob ocupação militar israelense direta. Em outras palavras, o Estado de Israel nasceu como um enclave político-militar do imperialismo no coração do mundo árabe, com uma população relocalizada artificialmente e usufruindo das casas, terras e campos roubados dos palestinos. Portanto, a essência do estado sionista é que, para se manter, deve se armar até os dentes e atacar permanentemente os palestinos (o “inimigo”) e outros países árabes.

Na maioria de seus artigos, Gilbert Achcar “esquece” essa origem do Estado de Israel. Isso não é coincidência, porque ter em mente a essência do caráter deste Estado e de seu povo leva inevitavelmente a uma conclusão: para que o povo palestino possa recuperar seu território e construir uma “Palestina livre do rio [Jordão] ao mar [Mediterrâneo]” (para o qual as famílias dos expulsos em 1948 podem retornar) é necessário destruir o Estado de Israel,  tal como na sua época foi necessário destruir o estado nazista para libertar os povos oprimidos “sob suas botas”. Uma luta que deve necessariamente ser travada no campo da guerra.

Pelo contrário, Achcar (assim como várias correntes de esquerda e palestinas) nos dizem que o objetivo estratégico do povo palestino deve ser lutar por uma nova versão dos “dois estados”. Uma versão piorada pelo fato de que os palestinos ficariam apenas com um estado pequeno (dividido em duas partes separadas), economicamente inviável, cercado e sufocado por um estado sionista armado até os dentes e sem lugar físico para o retorno das famílias expulsas[4].  Todas as posições de Achcar partem dessa primeira capitulação estratégica e, inevitavelmente, o levam a uma direção cada vez pior.

Os Acordos de Oslo

Outro “esquecimento” muito grave de Achcar é o significado e as consequências dos Acordos de Oslo, assinados em 1993 entre Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o governo israelense, com o endosso de Bill Clinton (então presidente dos Estados Unidos).[5].

Antes desses Acordos, desde o final de 1987, houve a Primeira Intifada (revolta em árabe): a rebelião heróica contra a ocupação israelense, liderada pelos jovens e crianças de Gaza e da Cisjordânia que enfrentaram soldados e armas israelenses com estilingues e pedras.

A repressão sionista assassinou 3.000 palestinos e prendeu vários milhares. Ao mesmo tempo, gerou uma crise aguda no moral dos jovens soldados israelenses que disseram estar dispostos a matar soldados inimigos e “terroristas”, mas não crianças e adolescentes desarmados.

O sionismo e o imperialismo estavam cientes do grave perigo que enfrentavam. Lá  começaram a promover os Acordos de Oslo, apresentando-os como uma forma de “alcançar a paz” e, ao mesmo tempo, como um primeiro passo no caminho para a suposta constituição de um mini-estado palestino em Gaza e na Cisjordânia. No papel, as forças militares israelenses se retirariam desses territórios, que seriam controlados pelas forças da OLP.

A OLP “comprou” essa “propaganda enganosa”: através da assinatura dos Acordos, reconheceu a legitimidade do Estado de Israel e renunciou à luta contra ele. Foi uma verdadeira traição de Arafat e da OLP que, dessa forma, abandonaram definitivamente seu objetivo fundacional: recuperar o território palestino histórico (“do rio ao mar”) para construir uma Palestina secular democrática e não racista.

Antes de Oslo, em 1978, o regime egípcio também reconheceu a legitimidade do Estado sionista e assinou a “paz” com ele nos Acordos de Camp David[6]. Em 1994, a monarquia jordaniana assinou um acordo semelhante estabelecendo o rio Jordão como fronteira entre os dois países. Dessa forma, esses regimes árabes tornaram-se cúmplices do sionismo para cercar e isolar os territórios ocupados e colaborar com o sionismo na repressão dos palestinos (incluindo os exilados que vivem em seus países). Por esta razão, também devem ser rotulados como traidores do povo palestino. Todos esses acordos são um sinal claro de que estão sempre a serviço do Estado sionista e do imperialismo.

A Autoridade Nacional Palestina e a Cisjordânia  

Os Acordos de Oslo em 1994 instalaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP) como o governo de Gaza e da Cisjordânia, com um governo e um parlamento eleitos por seus habitantes, com sede na cidade de Ramallah (Cisjordânia), e uma polícia palestina.

No entanto, isso não significou um passo em direção à constituição do mini-estado palestino (que já era um objetivo limitado). Pelo contrário, a Autoridade Palestina e suas instituições tornaram-se a administração colonial a serviço do domínio sionista e seus agentes policiais auxiliares da repressão israelense.

A Faixa de Gaza foi comprimida e isolada entre Israel e o mar. Enquanto isso, a Cisjordânia foi cercada por um muro e postos de controle israelenses, em sua parte ocidental, e “cortada em vários pedaços” controlados pelas forças israelenses, pela ANP ou por ambas, em conjunto. É impossível para os palestinos que vivem lá se deslocarem de uma área para outra sem passar pelos postos de controle.

Qualquer tipo de desenvolvimento econômico autônomo depende e é controlado por Israel (a moeda de uso comum é o shekel israelense). A pobreza e o desemprego são muito altos e forçam muitos palestinos a cruzar a fronteira diariamente para trabalhar na construção, fábricas e campos no território que o Estado sionista se apropriou. Mas, mesmo nas terríveis condições coloniais da Cisjordânia, foi surgindo uma burguesia palestina que encontra alguns espaços de desenvolvimento e enriquecimento, se “entrelaça” com a Autoridade Palestina e se associa à burguesia israelense[7].

Finalmente, o Estado de Israel continuou a roubar propriedades palestinas, tanto urbanas em Jerusalém Oriental quanto terras agrícolas. Novos imigrantes judeus de origem russa se estabeleceram lá, chegando a partir de 1990, após a queda da antiga União Soviética. Estima-se que já existam 800.000 desses “colonos” (200.000 deles em Jerusalém Oriental) que recebem grandes subsídios estatais para isso. É por isso que, atualmente, esses imigrantes são a “linha de frente” do ataque e da agressão contra os palestinos.

Hamas e a Faixa de Gaza

O Hamas é uma organização palestina fundada em 1987. Em sua carta de princípios,  reivindica o Alcorão como uma fonte ideológica e o método de jihad (guerra) contra o Estado de Israel para estabelecer “um estado islâmico palestino em todo o território do antigo Mandato Britânico da Palestina“.[8] Uma política que contrasta fortemente com a traição do al-Fatah e da AP, transformados em agentes coloniais do sionismo.

Portanto, não foi surpresa que, em 2006, em sua primeira participação nas eleições do Conselho Legislativo Palestino, o Hamas obteve uma vitória esmagadora sobre o Fatah e conquistou uma nítida maioria na Assembleia Legislativa para formar um governo. Em resposta, Mahmoud Abbas, membro do al-Fatah e presidente da ANP, não reconheceu a vitória do Hamas, proclamou-se a única autoridade palestina e, por meio de um golpe, manteve o controle das instituições centrais da Autoridade Palestina na Cisjordânia. Foi apoiado por Israel e pelas potências imperialistas, que reconheceram seu governo como “legítimo”.

Quando as forças de Abbas tentaram assumir o controle da Faixa de Gaza, foram derrotadas pelo Hamas, que se instalou como o governo legítimo daquele território. Naquela época, a LIT-QI caracterizou a Faixa de Gaza como tendo se tornado o único território palestino independente do Estado de Israel, e o governo do Hamas era a expressão política e militar disso.

Esta situação de independência de Gaza é inaceitável para o Estado sionista, que precisa acabar com ela. Assim, isolou completamente o território, bloqueou sua economia e, permanentemente, bombardeou-a para destruir sua infraestrutura de saúde e suprimentos básicos de água e eletricidade. Apesar disso, os palestinos resistiram obstinadamente e, de todas as maneiras que puderam, tentaram contra-atacar (como disparar mísseis caseiros de curto alcance em território israelense).[9]

A ação militar do Hamas e a invasão de Gaza por Israel

Em 7 de outubro de 2023, uma coluna de combatentes do Hamas e de outras organizações entrou em território israelita e levou a cabo uma ousada operação militar. Em outros pontos, centenas de moradores de Gaza romperam a barreira que a separava do Estado sionista e rapidamente realizaram ações menores. A coluna principal retornou a Gaza com prisioneiros israelenses. Foi um sinal de que, apesar de sua reputação de invulnerabilidade, as defesas israelenses têm pontos de fragilidade e fraqueza[10].

Em retaliação ao ataque, o governo de Benjamin Netanyahu lançou uma grande operação militar: invadiu o norte da Faixa de Gaza e, com métodos genocidas de limpeza étnica, busca “empurrar” um milhão de palestinos para o sul e expulsá-los para o Egito. Essa ação genocida já matou dezenas de milhares de palestinos e feriu mais de 100.000 (a maioria civis, idosos, mulheres e crianças). A fúria assassina do sionismo é tão grande que não teve nenhum problema em assassinar jornalistas estrangeiros e trabalhadores humanitários. A isto devemos acrescentar os milhares de vítimas da fome e da falta de cuidados médicos e de medicamentos. Apesar de sua ação genocida, o estado sionista não consegue consolidar o domínio efetivo sobre Gaza. Os palestinos não desistiram e, enquanto podem, estão voltando para suas casas destruídas.

Ao mesmo tempo, estão ocorrendo mobilizações massivas em todo o mundo que repudiam a invasão israelense e comparam seus métodos com os da Alemanha nazista. Depois de um certo impasse, estamos vendo uma nova onda dessas mobilizações[11]. Essas ações levam governos de potências imperialistas que sempre apoiaram Israel (como França, Canadá e Reino Unido) a pressionar o governo de Netanyahu a interromper sua ofensiva em Gaza[12].

A administração Trump “ foi e veio” com sua política (sempre no âmbito do apoio incondicional do imperialismo ianque ao estado sionista). Depois de assumir o cargo, pressionou Netanyahu a assinar um cessar-fogo em Gaza, algo que este aceitou a princípio e depois rapidamente o rompeu e reiniciou sua ação genocida. Naqueles momentos, Trump “deixou correr” essa ação sionista e disse que os EUA deveriam “tomar Gaza” e transformá-la em uma “zona livre”.[13] Finalmente, expressou “frustração” com o fato de Netanyahu ter rompido o cessar-fogo que havia proposto para Gaza[14].

A crise no Estado de Israel

O nervosismo do governo de Netanyahu diante dessa pressão internacional é tão grande que chegou a disparar “tiros de advertência” contra uma delegação de diplomatas europeus e países árabes que visitava o campo de Jenin, na Cisjordânia, o que já provocou um conflito diplomático com a União Europeia[15].

Este não é o único fator que complica Netanyahu, que vive uma crescente crise econômica e política profundamente ligada direta e indiretamente à manutenção de sua ação genocida em Gaza[16]. O impacto da campanha BDS (boicote, desinvestimento e sanções) está afetando cada vez mais a economia israelense e atingindo especialmente o setor da população que trabalha na nova economia privada israelense, que exige que o governo cesse o fogo em Gaza[17].

Junto com isso, mais e mais soldados reservistas israelenses estão se recusando a voltar às fileiras para evitar lutar em Gaza.  Ainda mais profundo é o fato de que milhares de israelenses deixam Israel e migram silenciosamente para a Europa e os EUA para estudar, trabalhar em sua profissão ou abrir seus negócios porque sentem que “já não pertencem ali”.[18]

A superioridade militar do Estado de Israel em Gaza é esmagadora e permite que Netanyahu mantenha sua ofensiva genocida. No entanto, como vimos, mesmo assim  não consegue obter uma vitória definitiva sobre os palestinos daquele território. Além disso, o isolamento internacional do estado sionista está crescendo cada vez mais em todo o mundo. Mesmo jovens judeus que vivem em vários países, como os Estados Unidos, rompem com o sionismo e repudiam as ações israelenses. Ao mesmo tempo, Israel está sendo corroído internamente por uma grave crise.

Nesse contexto, Achcar considera apenas a situação em Gaza e “esquece” tanto o que está acontecendo no mundo quanto a crise interna do Estado de Israel. Ele faz isso porque precisa mostrar um Netanyahu forte e sólido para justificar sua proposta de que o Hamas se renda ao inimigo (na realidade, que os palestinos de Gaza se rendam).

Sobre a proposta atual do Hamas

Em um artigo de 2023, expusemos nossas diferenças estratégicas e táticas com o Hamas[19]. Ao contrário de algumas organizações de esquerda, nós (a LIT-QI) “não ‘condenamos’ as ações do Hamas contra Israel e defendemos esta organização dos ataques do Estado sionista, do imperialismo e de seus muitos governos cúmplices no mundo. Estamos no mesmo “campo militar” da luta contra Israel e, por isso, realizamos eventos conjuntos em vários países do mundo que expressam essa unidade de ação. É parte da defesa do povo palestino e sua luta contra Israel.”

Nesse mesmo artigo, afirmamos: “Para derrotar militarmente Israel e destruí-lo, é necessário que ele seja atacado de fora ‘de todos os lados’. Ou seja, da fronteira dos países árabes fronteiriços (Egito, Líbano, Síria e Jordânia) com o apoio de todos os povos árabes e muçulmanos. A resistência palestina deve ser uma ‘faísca’ que inflame a luta revolucionária e militar dos povos árabes contra Israel”. Em tal situação, é possível derrotar militarmente o Estado de Israel[20]

Achcar abandonou completamente essa perspectiva de luta: critica o apelo do porta-voz do Hamas para que as massas do mundo árabe “peguem rifles, facas, machados, coquetéis molotov, escavadeiras e carros” para fazer “uma grande revolução que acabe com a ocupação israelense”. Afirma que essa possibilidade é “pura fantasia” e propõe que o Hamas e os palestinos em Gaza entreguem suas armas, se rendam e deixem de lutar contra Israel.

Para nós, o apelo do Hamas às massas árabes para que lutem com o que tiverem em mãos contra o Estado sionista é totalmente correto. O problema é que não propõe que, para que uma luta contra Israel “de todos os lados” ocorra, é necessário que as massas árabes e muçulmanas derrubem os governos cúmplices do Estado sionista, como os do Egito e da Jordânia, o agente colonial do sionismo na Cisjordânia (o governo de Abbas e al-Fatah) e encurralar outros governos (Líbano,  Síria, Irã) para passar das palavras aos atos e iniciar uma luta real contra Israel.

Na verdade, Achcar acredita que já existe uma derrota irreversível do povo palestino. É por isso que ele propõe que, para não continuar sofrendo o genocídio sionista, eles parem de lutar, se rendam e aceitem ser governados pelos agentes coloniais palestinos e pelos governos árabes cúmplices do Estado sionista.

Fazendo uma analogia histórica, é como se Achcar tivesse proposto aos heróicos combatentes da Resistência, na França ocupada pelos nazistas, que abandonassem a luta, entregassem suas armas e aceitassem ser governados pelo regime colaboracionista do marechal Pétain. Felizmente, os resistentes franceses não deram ouvidos aos conselhos dos Achcars da época.

Algumas conclusões finais

É um salto qualitativo sobre suas posições. Até este artigo, Achcar e o SU tinham uma visão derrotista e fizeram uma proposta pacifista ao povo palestino: abandonar a luta militar e continuar a enfrentar Israel apenas no “nível político”. Agora, eles acreditam que a derrota palestina já se materializou e, diretamente, que as pessoas devem se render.

Para apoiar sua proposta, Achcar e o SU usam o método repugnante de chantagem moral: para “proteger seu povo” para que ele possa sobreviver, o Hamas deve se render e forçar o povo de Gaza a aceitar uma situação como a da Cisjordânia.

Com essa posição, Achcar e o SU tornaram-se agentes operacionais do imperialismo, do estado sionista e de seus cúmplices. Tenham um pouco de dignidade e não manchem o nome da Quarta Internacional e do trotskismo.


[1] https://www.almounadila.info/archives/25432 (original em árabe, as citações são nossa tradução).

[2] https://litci.org/es/debate-con-gilbert-achcar-sobre-palestina-piedras-contra-tanques-y-misiles/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[3] https://litci.org/es/nakba-los-jovenes-no-olvidaron/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[4] https://litci.org/es/palestina-sobre-la-falsa-solucion-de-los-dos-estados/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[5] https://litci.org/es/oslo-la-paz-de-los-cementerios-para-la-continua-nakba/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[6] https://litci.org/es/egipto-el-impacto-de-la-situacion-en-gaza/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[7] https://litci.org/es/cisjordania-el-otro-frente-del-ataque-israeli-a-los-palestinos/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[8] “Carta do Hamas”. Oriente MédioWeb. 18 de agosto de 1988

[9] https://www.elconfidencial.com/tecnologia/2021-05-19/gaza-israel-iron-dome-misiles-cohetes-hamas_3087591/

[10] https://litci.org/es/a-un-ano-del-7-de-octubre-una-accion-historica-de-la-resistencia-palestina-2/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[11] https://es.euronews.com/my-europe/2025/05/19/decenas-de-miles-de-personas-protestan-en-la-haya-para-exigir-al-gobierno-holandes-que-act

[12] https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2025/05/19/franca-canada-e-reino-unido-pressionam-israel-e-ameacam-sancoes-se-ofensiva-em-gaza-continuar.ghtml

[13] https://www.theguardian.com/world/live/2025/may/15/israel-gaza-donald-trump-gulf-qatar-uae-iran-middle-east-crisis-live

[14] https://www.msn.com/es-co/política/gobierno/trump-estaría-frustrado-con-israel-por-la-guerra-en-gaza-pide-a-netanyahu-que-termine-el-conflicto/ar-AA1F9BU0?ocid=socialshare

[15] https://www.france24.com/es/medio-oriente/20250521-ej%C3%A9rcito-israel%C3%AD-dispara-a-delegaci%C3%B3n-de-diplom%C3%A1ticos-de-varios-pa%C3%ADses-en-jenin-la-ue-exige-investigaci%C3%B3n

[16] https://litci.org/es/crisis-politica-en-el-estado-de-israel/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[17] https://www.msn.com/es-co/noticias/other/el-ambiente-está-cambiando-el-creciente-número-de-israelíes-que-protestan-contra-la-guerra-en-gaza/ar-AA1Femx8?ocid=socialshare

[18] https://www.hispantv.com/noticias/economia/599729/iinflacion-subida-precios-exodo-israel

[19] https://litci.org/es/nuestros-acuerdos-y-diferencias-con-hamas/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

[20] https://litci.org/es/es-posible-la-derrota-militar-de-israel/?utm_source=copylink&utm_medium=browser

Tradução: Lílian Enck

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