8 de março: Mulheres trabalhadoras venezuelanas lutam pela derrota do ajuste antioperário e antipopular, a repressão da ditadura de Maduro e contra a violência de gênero

Por: UST – Venezuela
O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora é comemorado em todo o mundo; e ressaltamos que este é um dia de luta das mulheres trabalhadoras, para fazer frente àqueles que querem tirar o caráter classista, combativo e revolucionário desta comemoração. Tentando fazer as pessoas esquecerem que o Dia Internacional da Mulher surgiu de organizações revolucionárias de mulheres, como um dia de luta e em homenagem às mulheres trabalhadoras, seus sofrimentos e suas lutas.
São os governos burgueses ao redor do mundo, sejam eles que se autoproclamam neoliberais ou progressistas, são os partidos e setores da direita tradicional e da extrema direita conservadora, machista, patriarcal, racista e xenófoba, que atacam e cerceiam aberta e descaradamente os direitos conquistados pelo movimento de mulheres e LGBTQ+ no mundo; assim como os partidos da esquerda reformista e burguesa, que a partir de seus governos, valendo-se de discursos de mudança e inclusão, também lançam duros ataques contra a classe trabalhadora, implementam planos de ajuste fiscal e mantêm políticas de corte aplicadas anos atrás, abrindo caminho para que a extrema direita ganhe força.
O capitalismo, em sua fase de decadência imperialista e em um contexto de crise econômica e política, aumenta sua brutalidade para aprofundar a exploração, a miséria e a violência contra a classe trabalhadora e seus setores oprimidos, desregulamentando cada vez mais as relações de trabalho e precarizando os serviços sociais, sendo as mulheres trabalhadoras, especialmente as mais pobres, migrantes e racializadas, as primeiras a sentir os rigores das crises econômica e social, bem como os desastres ambientais e as guerras. Em suma, todos os flagelos gerados pelo capitalismo.
Na Venezuela, as mulheres trabalhadoras estão sofrendo com o brutal ajuste capitalista da ditadura de Maduro, que nos condena a viver com um salário mínimo de apenas US$ 2 por mês, que não é aumentado há três anos, com uma renda (bônus sem impacto salarial) que mal cobre 10% das necessidades básicas e com todos os direitos trabalhistas e sociais violados.
Também somos vítimas preferenciais da brutal repressão levada a cabo pelo regime ditatorial, sofrendo prisões arbitrárias e abusivas, ou na sua falta, de nossos filhos ou companheiros de vida pelo simples fato de expressarem sua posição política de oposição ao governo ou de defenderem seus direitos mais básicos.
Além de tudo isso, a violência de gênero atinge níveis alarmantes tanto contra mulheres quanto contra a população LGBTQ+, e também há falta de direitos como aborto gratuito e legal, casamento igualitário, abrigos para denunciar e estatísticas oficiais sobre violência de gênero não são publicadas (ou são quase inexistentes).
É por isso que no dia 8 de março, como movimentos de mulheres na Venezuela, lutamos pela derrota do ajuste capitalista, antioperário e antipopular de Maduro, por um salário igual à cesta básica, indexado à inflação e ao dólar oficial, contra os bônus salariais, e pela reconquista de todos os direitos trabalhistas e sociais violados.
Pelos direitos plenos das mulheres e pessoas LGBTQ+, pelo direito ao aborto gratuito, seguro e legal, ao casamento igualitário, pela construção e provisão de abrigos para mulheres e pessoas sexualmente diversas vítimas de violência, pelo fim dos feminicídios e transfemicídios, contra o abuso e assédio sexual e no local de trabalho, contra a violência reprodutiva, por uma educação sexual laica e sem julgamentos, pela distribuição em massa de métodos contraceptivos e pela implementação de planos universais e gratuitos de saúde sexual e reprodutiva, entre outros direitos.
Também lutamos pela libertação total e imediata de todos os/as detidos/as por lutar, por defender seus direitos e por expressar seu repúdio à escandalosa fraude cometida pelo governo Maduro nas últimas eleições presidenciais. Exigimos o direito de milhares de mulheres, esposas e mães de saber o paradeiro de seus filhos, companheiros e familiares sequestrados devido às políticas repressivas e criminosas da ditadura de Maduro, bem como de exigir sua liberdade.
Além das nossas fronteiras, apoiamos a resistência dos trabalhadores ucranianos e somos a favor da sua vitória, assim como nos solidarizamos com os milhões de refugiados e deslocados, principalmente mulheres, vítimas da destruição imposta pelos interesses imperialistas e seus aliados burgueses locais. Exigimos o fim da invasão russa e a retirada da Rússia, da OTAN e da UE da Ucrânia. Por uma Ucrânia livre, única e socialista. Rechaço geral à aliança Trump-Putin para dividir a Ucrânia, às pretensões do primeiro de ficar com 50% dos recursos minerais do país e às pretensões do último de tomar 20% do território ocupado.
Pelo fim do genocídio contra o povo palestino em Gaza, realizado pelo Estado de Israel com o total apoio das potências imperialistas, no qual mulheres e crianças palestinas são as principais vítimas desse massacre que inclui bombardeios, despejos forçados e a negação de seus direitos básicos.
Expressamos nossa mais forte rejeição às políticas xenófobas, racistas e misóginas de Donald Trump, nos manifestando contra suas deportações e sua criminalização da população imigrante nos Estados Unidos (incluindo, é claro, a população venezuelana). Expressamos nossa solidariedade a essa população e também denunciamos a colaboração de governos do continente.
Denunciamos Maduro por usar a população imigrante venezuelana nos EUA como moeda de troca com o imperialismo, colaborando efetivamente com a política de deportações e criminalização dessa população de Trump, em troca de favores do principal governo imperialista do mundo.
Repudiamos a política de sanções contra a Venezuela do ultradireitista Trump, pois estas só resultarão em mais pobreza e sofrimento para o povo trabalhador venezuelano, enquanto a boliburguesia e a burocracia do governo civil e militar continuarão vivendo uma vida de luxo, desfrutando dos frutos do poder, e usarão as sanções como desculpa para continuar aprofundando a aplicação das medidas de austeridade contra os trabalhadores e o povo pobre. Um ajuste cuja aplicação também beneficia (e por isso é aplaudida) pela burguesia tradicional, agrupada principalmente na FEDECAMARAS e outras associações patronais.
Nesse sentido, denunciamos também a aprovação com que María Corina Machado e o setor burguês da oposição que ela representa saudaram a reativação das sanções, bem como sua reivindicação de Trump como um “elemento-chave para a recuperação da democracia venezuelana” (María Corina Machado, dixit).
Por fim, como movimento de mulheres, lutamos pela derrubada da ditadura de Maduro por meio da mobilização unida e independente da classe trabalhadora e dos setores oprimidos da população, sem qualquer confiança na oposição burguesa e no imperialismo.
Derrotar o ajuste antioperário e antipopular de Maduro! Salário igual à cesta básica! Não ao bônus de salario!
Basta de repressão! Liberdade plena e imediata para os presos políticos!
Contra a violência de gênero! Chega de feminicídios e transfeminicídios! Não à violência sexual e reprodutiva!
Construção e fornecimento de abrigos!
Não ao assédio sexual e no local de trabalho!
Contraceptivos em massa e gratuitos, incluindo a pílula do dia seguinte!
Aborto legal, gratuito e seguro!
Educação sexual laica!
Não aos acordos governamentais com igrejas católicas e evangélicas para legislar sobre direitos das mulheres e da população LGBTQ+!
Pela vitória da resistência palestina e ucraniana! Fim da invasão russa da Ucrânia! Parem o genocídio contra o povo palestino!
Não às sanções imperialistas! Nenhuma confiança no imperialismo e na extrema direita internacional e local!
Fora Maduro! Por um governo dos trabalhadores, dos pobres e seus setores oprimidos!
Por um 8 de março classista, independente, rebelde, combativo e revolucionário!