Peru | Unir a classe operária em torno daqueles que lutam, como o Sindicato Celima!
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Por um Plano de Luta e uma Greve Nacional para derrotar as demissões coletivas e conquistar as soluções para as bases operárias em conflito!
Os operários da Celima que lutam contra uma segunda demissão coletiva abusiva declarada pelos empregadores estão entrando na fase decisiva de sua luta. Nos próximos dias e semanas, ocorrerão reuniões de “conciliação”, após as quais a autoridade decidirá se o pedido da empresa será aprovado ou rejeitado.
Os trabalhadores não confiam – nem tem porque confiar – que, apesar de que têm todas as razões em relação às pretensões da patronal, as autoridades decidirão a seu favor. A autoridade não é “independente”, e ainda mais a atual, que representa um governo que, na sua podridão e isolamento, se agarra ao último recurso que lhe resta, que é o apoio patronal.
A defesa jurídica é importante, mas os dirigentes que depositam toda a sua confiança nela para a resolução favorável do conflito estão errados, porque isso equivale a depositar confiança no governo Boluarte, e depositar confiança na mesma legalidade em que os patrões baseiam o seu sistema de exploração e a garantia dos seus lucros.
Além disso, o momento atual é de ofensiva patronal em todas as áreas: as demissões coletivas alastraram-se por muitas fábricas produzindo demissões em massa (San Lorenzo, DP World, Ransa, Ethernit, entre outras), as reivindicações não têm solução ou se se resolvem é com miséria, mesmo que os sindicatos façam longas greves (Holcim-Agregados Calcáreos, Retaíl, etc.). Os patrões aproveitam o momento reacionário aberto pelo governo, com a repressão criminosa da rebelião no sul, bem como a paralisia da CGTP, que muito pouco faz para canalizar a enorme raiva e ódio operário e popular contra Boluarte e seu Congresso podre.
Além disso, em melhores circunstâncias, a justiça decidiu não uma, mas muitas vezes, a favor dos empresários. Recordemos apenas o caso da Hialpesa, um império empresarial têxtil que declarou a demissão de 200 trabalhadores, incluindo todos os membros e dirigentes do sindicato, e a justiça emitiu uma resolução a favor da empresa.Portanto, confiar apenas na defesa jurídica conduz a isso e leva à aceitação do resultado final que dá razão à empresa. É diferente quando se perde lutando e esgotando todas as possibilidades, o que pelo menos deixa lições para aqueles que vêm depois.
A única garantia que os trabalhadores têm de defender seus direitos e suas aspirações de conquistar outros é por meio da luta. Não foi um “recurso legal” que garantiu o direito à jornada de trabalho de 8 horas. E todos sabemos que nenhum acordo se resolve “dialogando” com os patrões. Tudo o que temos nos custou sacrifícios e enquanto os capitalistas ganham cada vez mais, justamente porque não faltou luta.
Os operários da Celima têm esse entendimento e é por isso que os vemos lutando incessantemente, com suas esposas e filhos, até mesmo nos feriados. Então eles conseguiram derrotar a primeira demissão e agora esperam derrotar a segunda.
O caso agora é como enfrentar a última fase da luta onde a autoridade pode resolver –em última instância– contra eles, como aconteceu com Hialpesa, que tendo todas as resoluções anteriores a seu favor, a última foi contra e foi o que decidiu tudo.
Para isso, é preciso garantir a vitória, ou seja, a derrota do plano empresarial de demitir mais da metade dos sindicalistas: toda a direção e sua vanguarda combativa.
Os operários da Celima estão fazendo tudo o que podem e devem como trabalhadores conscientes. Este já é um exemplo para toda a classe trabalhadora do que devemos fazer, não apenas em cada base, mas como classe. É também um exemplo de que em 20 anos de existência os companheiros levaram muita solidariedade a inúmeros sindicatos em conflito; e ainda levaram apoio e alimentos à população que sofreu com o terremoto de Pisco e a enchente que atingiu o norte. Exemplo também ao se colocar à frente das grandes lutas operárias, como quando se colocou à frente da grande mobilização que levou à derrota da Lei do Emprego Juvenil, conhecida como “Lei Pulpín”, em 2015.
Mas lutar sozinho não é suficiente para vencer. Para garantir a vitória, é preciso construir uma corrente de apoio à sua luta em todos os espaços, com declarações para que muitas pessoas saibam sobre sua luta legítima e o que a grande mídia está silenciando seja conhecido; arrecadando dinheiro (atualmente fazem rifa) para financiar suas atividades; levando nossas bandeiras e nossas bases às suas mobilizações para dar-lhes força.
Precisamos unir todas as forças políticas, sindicais e de ativistas que se identificam com a causa, que é de toda a classe trabalhadora e do povo pobre, porque todos enfrentamos o mesmo governo subserviente às grandes empresas. Este pode e deve ser o passo prático que unifica as lutas sindicais travadas pelas diversas bases e possibilita seu triunfo. A luta operária é e deve ser expressa de forma unitária.
A Federação dos Trabalhadores da Indústria Manufatureira e Serviços Relacionados do Peru (FETRIMAP) convocou uma marcha até o MINTRA nesta quarta-feira, dia 8, contra as demissões coletivas e em apoio às suas bases em greve. Devemos participar de todos os lados e com todas as nossas forças. Mas este passo é insuficiente. Se realmente queremos derrotar as greves coletivas, devemos implementar um PLANO DE LUTA e uma GREVE NACIONAL preparada desde a base. A marcha do dia 8 deve ser incluída nesse plano.
Como sabemos, isso não está nos sonhos dos líderes da FETRIMAP ou da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), que estão fazendo a marcha apenas para cumprir. O impulso para um verdadeiro Plano de Luta e uma Greve Nacional só pode e deve ser tomado das e pelas bases, especialmente por aqueles que estão em luta. Daí a necessidade de ir com tudo à marcha do dia 8 e unir a luta em torno da dos companheiros de Celima.