Lênin sobre a guerra
Por: Alícia Sagra |
Publicamos o prefácio do novo volume das obras selecionadas de Lênin publicadas pela LIT e pela Editora Lorca.
As guerras e a política diante delas, foi uma preocupação permanente na vida de Lênin e, a partir de 1914, um aspecto central de sua elaboração programática e política. Sua produção foi tão intensa (documentos, artigos, discursos) que fomos obrigados a dividir este Volume 3, Lênin e as Guerras, em dois volumes. A seleção de textos aqui apresentada foi publicada em ordem cronológica e abrange o período de 1900 a 1922.
Ao estudar esses textos, podemos falar de quatro momentos: de 1900 a 1914, em que Lênin denuncia centralmente os objetivos colonialistas das potências imperialistas em relação às guerras regionais, como as da China e Pérsia; de 1914 a 1917, onde a denúncia da guerra imperialista, dos socialistas que se tornam social-chauvinistas e o chamado para converter a guerra imperialista em guerra civil contra os governos se tornam o centro de sua política; de 1917 a 1918, quando a política em relação à guerra está intimamente ligada à sua política e às propostas programáticas para a Revolução Russa e, finalmente, o período entre 1918 e 1922, quando tudo está centrado na guerra civil e na defesa do Estado operário soviético.
Hoje, 100 anos após a morte do maior líder da revolução russa, quando nos deparamos com duas grandes guerras de repercussão mundial: a guerra genocida de Israel na Palestina e a guerra na Ucrânia, é necessário especificar qual era a política de Lênin em relação às guerras. Especialmente quando vemos políticas totalmente opostas, todas elas apresentadas como leninistas.
O caráter das guerras
Um aspecto central de Lênin, que é repetido várias vezes em suas obras, é que nem todas as guerras são iguais e que é necessário definir seu caráter para que se possa ter uma política correta em relação a elas.
O esclarecimento do caráter da guerra é, para um marxista, uma premissa indispensável que permiti resolver o problema de sua atitude em relação a ela. Mas, para esclarecê-lo, é necessário, antes de tudo, determinar quais são as condições objetivas e a situação concreta da guerra em questão. É necessário situar essa guerra nas condições históricas em que ela está ocorrendo. Só então poderá determinar a atitude em relação a ela. Caso contrário, o resultado será uma abordagem eclética, e não materialista, do problema.
De acordo com a situação histórica, com a correlação de classes, etc., a atitude em relação à guerra deve ser diferente em momentos diferentes. É absurdo renunciar por princípio, de uma vez por todas, a participar da guerra. [1]
Lênin analisa o caráter das guerras, no final do século XVIII e ao longo do século XIX, que acompanharam a criação dos Estados nacionais.
Embora as guerras nacionais tenham sido uma característica de uma época anterior no desenvolvimento do capitalismo, isso não significa que elas não possam ocorrer também na época imperialista, daí a importância de definir o caráter de cada guerra antes de agir.
Também diferimos deles [os pacifistas] porque reconhecemos plenamente que as guerras civis, ou seja, as guerras travadas pela classe oprimida contra a classe opressora – as guerras dos escravos contra os escravagistas, dos camponeses servos contra os proprietários de terras, dos assalariados contra a burguesia – são legítimas, progressivas e necessárias. Somos diferentes dos pacifistas e dos anarquistas porque nós, marxistas, reconhecemos a necessidade de um estudo histórico (do ponto de vista do materialismo dialético de Marx) de cada guerra separadamente. No decorrer da história, houve muitas guerras que, apesar dos horrores, ferozes, calamidades e sofrimentos que toda guerra inevitavelmente acarreta, foram progressivas, ou seja, favoreceram o progresso da raça humana, contribuindo para a destruição das instituições mais nocivas e reacionárias (…). Se, por exemplo, amanhã o Marrocos declarasse guerra à França, a Índia à Inglaterra, a Pérsia ou a China à Rússia etc., essas seriam guerras “justas”, guerras “defensivas”, qualquer que fosse o país que atacasse primeiro, e todo socialista desejaria a vitória dos Estados oprimidos, dependentes e com direitos reduzidos na luta contra as “grandes” potências opressoras, escravagistas e saqueadoras [2].
Essa precisão, sobre a possibilidade de guerras nacionais hoje, é muito importante para caracterizar e ter uma política em relação à atual guerra na Ucrânia. Grande parte da esquerda mundial argumenta que essa seria uma guerra entre a Rússia e a OTAN, portanto, sua demanda central é “NÃO à guerra”. Mas, seguindo os ensinamentos de Lênin, para caracterizar primeiro a guerra em questão, não há dúvida que se trata de uma invasão da Rússia, uma potência militar qualitativamente superior, à Ucrânia, um país que, exceto pelo período em que Lênin esteve à frente do Estado operário, sofreu historicamente a opressão russa, primeiro durante o império czarista e mais tarde pela burocracia stalinista. Trata-se, portanto, de uma guerra de libertação nacional, uma das “guerras justas e necessárias” das que fala Lênin, por mais reacionário que seja seu governo. A partir daí, não pode haver dúvida sobre a política a ser seguida: sem depositar nenhuma confiança em Zelensky, denunciando-o por seus planos contra a classe trabalhadora, os revolucionários devem ficar ao lado da Ucrânia até que a invasão russa seja derrotada, exigindo armas para atingir esse objetivo.
É claro que o imperialismo intervém, não poderia ser de outra forma, dada a magnitude do conflito. Lênin mostra como o imperialismo interveio até mesmo na revolução russa de fevereiro de 1917, mas isso não mudou o caráter da revolução, nem muda agora o caráter da guerra na Ucrânia.
Algo semelhante pode ser dito sobre a política em relação à guerra genocida de Israel contra a Palestina. Nesse caso, toda a esquerda está do lado da Palestina e contra Israel. Mas há setores importantes que, junto com isso, repudiam o ataque armado de 7 de outubro de 2023, realizado pelo Hamas. Isso não tem nada a ver com política leninista. A Palestina vem sofrendo há 76 anos com o colonialismo genocida e tem todo o direito de enfrentar essa situação com todos os recursos à sua disposição. Como diz Lênin: “essas guerras seriam guerras ‘justas’, guerras ‘defensivas’, qualquer que fosse o país que atacasse primeiro”. E isso é verdade, apesar de quaisquer diferenças políticas e programáticas que tenhamos com a liderança desse processo.
A Primeira Guerra Mundial
Com base nesse estudo das “condições objetivas e da situação concreta da guerra em questão”, o Congresso da II Internacional de 1912, realizado na Basiléia, na Suíça, definiu a guerra que estava sendo preparada como uma guerra imperialista e, a partir daí, a posição dos socialistas: lutar contra a guerra, se a guerra for declarada, não apoiar os governos, promover ações revolucionárias no caminho da revolução socialista. Lênin cita incansavelmente essa resolução e a ratifica na íntegra.
O caráter francamente anexionista, imperialista, reacionário e escravista dessa guerra é reconhecido com clareza cristalina no Manifesto [da Basiléia], que fez uma dedução inevitável: A guerra não pode ser “justificada sob o menor pretexto de interesse nacional de nenhuma índole”; é preparada “em nome dos lucros dos capitalistas e de suas ambições dinásticas”; por parte dos trabalhadores, será “um crime atirar uns nos outros”.
É uma guerra entre bandidos pela distribuição de espólios, pela subjugação de outros países. A vitória da Rússia, da Inglaterra e da França será a asfixia da Armênia, da Ásia Menor, etc., como afirma o Manifesto da Basiléia. A vitória da Alemanha será a asfixia da Ásia Menor, da Sérvia, da Albânia, etc. Isso está dito lá e reconhecido por todos os socialistas! Todas as frases sobre a guerra defensiva ou a defesa da pátria pelas grandes potências são falsas, hipócritas e sem sentido! [3]
De 1914 em diante, repetidamente, em documentos, artigos, panfletos, palestras, Lênin insiste no caráter imperialista da guerra, no apelo para que se cumpra o Manifesto da Basiléia, transformando a guerra imperialista em guerra civil, e denunciando os dirigentes socialistas que romperam com esse Manifesto e passaram para o lado de suas burguesias e seus governos.
O leitor perceberá como, a partir desses textos sobre a guerra, pode ser visto o pensamento de Lênin sobre diferentes aspectos da realidade. É a partir da guerra que ele esclarece sua definição de oportunismo e centrismo e, a partir daí, o novo tipo de partido a ser construído, bem como a necessidade urgente da construção de uma nova Internacional. E é também a partir da guerra que Lênin modifica sua proposta de poder frente a revolução russa, chegando à conclusão de que a “ditadura democrática dos trabalhadores e camponeses” já havia sido alcançada por meio do duplo poder exercido pelos sovietes operários e camponeses. Que o Governo Provisório iria continuar a guerra imperialista, portanto, para garantir a paz, o pão e a terra, era necessário que os sovietes tomassem o poder impondo a ditadura do proletariado. Que o que estava sendo proposto era a república dos sovietes e não a república democrática burguesa, aproximando-se assim da posição de Trotsky e de sua teoria da Revolução Permanente.
A leitura desses textos também nos permite precisar a posição de Lênin sobre o parlamentarismo, sobre o papel das mulheres na revolução, sobre a relação entre trabalho legal e ilegal, sobre como abordar as atividades de unidade de ação, como realizar a unidade dos revolucionários e como encarar as diferenças dentro do partido.
Oportunismo
Sua política contra a guerra imperialista e a favor de sua transformação em guerra civil é desenvolvida por meio de uma intensa batalha contra o oportunismo defensivo que tomou conta da II Internacional, explicando como surgiu e qual é sua base socioeconômica e seu conteúdo político.
O caráter relativamente “pacífico” do período de 1871 a 1914 alimentou o oportunismo, primeiro como um estado de ânimo, depois como uma tendência e, finalmente, como um grupo ou seção formada pela burocracia operária e por companheiros de viagem pequeno-burgueses (…). Qual é a essência econômica do defensismo na guerra de 1914-1915? A burguesia de todas as grandes potências está travando uma guerra para dividir e explorar o mundo, para oprimir os povos. Um reduzido grupo da burocracia operária, da aristocracia operária e dos companheiros de viagem pequeno-burgueses pode obter algumas migalhas dos grandes lucros da burguesia. O social-chauvinismo e o oportunismo têm a mesma origem de classe: a aliança de um pequeno setor de operários privilegiados com “sua” burguesia nacional, contra as massas da classe operária; a aliança dos lacaios da burguesia com este último contra a classe que ela explora (…). O conteúdo político do oportunismo e do social-chauvinismo é o mesmo: colaboração entre as classes, renúncia à ditadura do proletariado, renúncia às ações revolucionárias, aceitação incondicional da legalidade burguesa, falta de confiança no proletariado e confiança na burguesia (…). O social-chauvinismo é o oportunismo consumado. Já está maduro para uma aliança franca, e muitas vezes vulgar, com a burguesia e com o Estado-Maior. Esta aliança, precisamente, lhe dá uma grande força e um monopólio da imprensa legal e do engano das massas. É absurdo continuar a considerar o oportunismo como um fenômeno interno do partido (…). A guerra é muitas vezes útil para expor o que está podre e descartar convencionalismos. [4]
E, como conclusão do que o oportunismo se tornou, explica repetidamente como é equivocado chamar a unidade dos socialistas, pois é necessário um novo tipo de partido, de acordo com a época imperialista.
O tipo de partido socialista da época da II Internacional era um partido que tolerava o oportunismo em suas fileiras, que se acumulou cada vez mais ao longo das décadas do período “pacífico”, mas que se mantinha em segredo, adaptando-se aos trabalhadores revolucionários, tomando deles a sua terminologia marxista e evitando qualquer delimitação clara no campo dos princípios. Esse tipo de partido caducou. [5]
A época imperialista não tolera a coexistência num mesmo partido dos elementos de vanguarda do proletariado revolucionário e da aristocracia semi pequeno-burguesa da classe operária, que se beneficia das migalhas dos privilégios proporcionadas pelo status “dominante” de “sua” nação. A velha teoria de que o oportunismo é uma “nuance legítima” dentro de um partido único é alheio aos “extremismos”, tornou-se hoje o maior obstáculo classe operária, o maior obstáculo ao movimento operário. [6]
O centrismo
Não são menores os ataques de Lênin ao centrismo, a quem ele responsabiliza pela derrota na II Internacional, e centra sua batalha contra Kautsky, que se tornou um renegado do marxismo, depois de ter sido a maior autoridade na Internacional Socialista, e quem, por ter sido o que foi, ainda mantém grande influência sobre as massas trabalhadoras.
Lênin afirma que os social-chauvinistas (os oportunistas) são nossos inimigos de classe, são a burguesia dentro do movimento operário. São os setores objetivamente subornados pela burguesia com melhores salários, cargos honorários, etc., enquanto o “centro” é formado pelos elementos rotineiros, corroídos pela legalidade podre, pelo parlamentarismo e que, considerados histórica e economicamente, não representam uma camada social específica, mas são, no entanto, mais perigosos do que os oportunistas.
O oportunismo franco, que provoca a repulsa imediata da massa operária, não é tão perigoso nem prejudicial quanto essa teoria do “justo meio”, que exculpa com palavras marxistas a prática do oportunismo, que tenta demonstrar com uma série de sofismas a inadequação das ações revolucionárias, etc. Kautsky, o representante mais proeminente desta teoria e, ao mesmo tempo, a figura de maior prestígio da II Internacional, revelou-se um hipócrita de primeira ordem e um virtuoso na arte de prostituir o marxismo. [7]
Em sua luta contra o centrismo, Lênin conclama os partidos a não se subordinarem à legalidade.
Sem renunciar, em nenhum caso ou circunstância, aproveitar da menor possibilidade legal para a organização das massas e a propaganda do socialismo, os partidos social-democratas devem romper com o servilismo à legalidade. “Atire primeiro, senhores burgueses”, escreveu Engels, aludindo precisamente à guerra civil e à necessidade de violarmos a legalidade depois que a burguesia a ter violado. (…) Considerar a filiação ao partido social-democrata compatível com a negação de métodos ilegais de propaganda e com a ridicularização destes métodos na imprensa legal é trair o socialismo. [8]
Como parte dessa luta, ele analisa o papel dos parlamentares. Ele destaca com orgulho a atuaçõa dos três parlamentares do PSODR (bolchevique) que foram presos e deportados para a Sibéria por denunciarem o caráter imperialista da guerra, e conclui:
Há parlamentarismo e parlamentarismo. Alguns usam a tribuna parlamentar para fazer méritos para seus governos ou, na melhor das hipóteses, para lavar as mãos, como o grupo Chekhidze [9]. Outros utilizam o parlamentarismo para serem revolucionários até o fim, para cumprir seu dever como socialistas e internacionalistas, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. A atividade parlamentar de uns conduz a assentos ministeriais; a atividade parlamentar de outros conduz à prisão, ao exílio e ao trabalho forçado. Uns servem à burguesia, outros ao proletariado. Uns são social-imperialistas. Outros são revolucionários marxistas. [10]
A Nova Internacional
Com base nessas conclusões sobre o que o oportunismo havia se tornado e sobre a necessidade de um novo tipo de partido para corresponder à nova época, Lênin desenvolveu uma grande campanha para a construção da III Internacional, que estava intimamente ligada à luta contra a guerra imperialista.
A II Internacional cumpriu sua tarefa, realizando um trabalho preparatório útil para a organização preliminar das massas proletárias na longa época “pacífica” da mais cruel escravidão capitalista e do mais rápido progresso capitalista do último terço do século XIX e início do século XX. A III Internacional tem diante de si a tarefa de organizar as forças do proletariado para a ofensiva revolucionária contra os governos capitalistas, para a guerra civil contra a burguesia em todos os países pelo poder político e pela vitória do socialismo! [11]
Em busca dessa batalha pela Internacional, ele lutou arduamente contra o centrismo, e é impressionante a dureza com que ele polemiza com quem considera “internacionalistas inconsequentes” por alimentar expectativas com o centro.
Ele via a oposição alemã como os aliados fundamentais para a construção da III Internacional e, mesmo assim, criticou-a duramente por sua indefinição diante do centrismo, como foi o caso do Manifesto que assinaram na Conferência das Mulheres em 1915:
É bastante compreensível que a oposição alemã também aproveite este protesto sem princípios do kautskismo na sua difícil luta contra as “instâncias”. Mas a pedra de toque para todo internacionalista deve continuar sendo a atitude hostil ao neokautskismo. Só são verdadeiros internacionalistas aqueles que lutam contra o kautskismo e compreendem que o “centro”, mesmo após a aparente reviravolta de seus líderes, continua sendo, do ponto de vista dos princípios, o aliado dos chauvinistas e oportunistas (…). Nas conferências internacionais, não podemos limitar nosso programa ao que é aceitável para estes elementos, caso contrário, nós mesmos seríamos prisioneiros desses pacifistas vacilantes. Esse foi o caso, por exemplo, na Conferência Internacional de Mulheres em Berna, onde a delegação alemã, que defendia o ponto de vista da camarada Clara Zetkin, na verdade desempenhou o papel de “centro”. [12]
Durante todo o período de 1914-1915, ele foi especialmente duro com Martov e Trotsky. O jornal Golos, editado na França pelos dois líderes russos, pede repetidamente a unidade dos internacionalistas para lutar contra os social-chauvinistas. Lênin respondeu que, para chegar a um acordo, eles deveriam primeiro definir claramente suas relações com o centrismo.
Mas, embora a polêmica fosse muito dura, as diferenças com Trotsky nada tem a ver com o fato de considerá-lo parte dos sociais-traidores (como afirmam várias das notas dos editores russos das Obras Completas). A uma pergunta sobre se suas críticas a Trotsky não eram exageradas, Lênin responde:
Sim, é claro, “há algum exagero”, mas não da minha parte, mas de Souvarine. Pois eu nunca classifiquei a posição de Trotsky como chauvinista. O que eu o repreendi foi ter representado com demasiada frequência a política do “centro” na Rússia (…). Depois de romper com o partido de Martov, [Trotsky] continua a nos acusar de separatistas. Aos pouco, ele se move para a esquerda e até propõe romper com os líderes social-chauvinistas russos, mas não disse de forma definitiva se quer a unidade ou a ruptura com a facção de Chekhidze [13].
A outra diferença com Trotsky é que ele não adotava a política do “derrotismo revolucionário”, ou seja, transformar a guerra imperialista em guerra civil.
A participação na Conferência de Zimmerwald foi parte dessa batalha pela nova Internacional. Nessa conferência, Lênin era totalmente minoritário, a maioria era pacifista. Lá, ele travou uma grande batalha por suas posições, embora tenha acabado assinando o Manifesto redigido por Trotsky e apoiado pela maioria. Ele justifica sua posição dizendo:
Nosso Comitê Central deveria ter assinado um manifesto que sofre de inconsistência e timidez? Achamos que sim. Nossa discordância – a discordância não apenas do Comitê Central, mas de toda a parte da esquerda, internacional, marxista revolucionaria da Conferência – foi francamente mencionada tanto na resolução especial quanto no projeto especial do manifesto e na declaração especial por ocasião da votação de um manifesto de compromisso. Não escondemos nem um pouco de nossas opiniões, slogans ou táticas. A edição alemã do panfleto “Socialismo e Guerra” foi distribuída na Conferência. Divulgamos, divulgamos e divulgamos nossos pontos de vista, assim como o Manifesto será divulgado. É fato que esse Manifesto dá um passo à frente em direção a uma luta genuína contra o oportunismo, em direção a uma ruptura com ele e a uma separação dele [14].
Trotsky descreve essa batalha da seguinte forma:
Foi preciso muito trabalho para que concordassem com um manifesto coletivo redigido por mim, pela ala revolucionária, representada por Lênin, e pela ala pacifista, à qual pertencia a maioria dos delegados (…). Lênin permaneceu na extrema esquerda. Em vários pontos, ele estava sozinho (…). Eu não me considerava formalmente entre a esquerda, embora estivesse identificado com ela no fundamental. Lênin temperou o aço para os empreendimentos internacionalistas que viriam a ocorrer, e pode-se dizer que foi naquele pequeno vilarejo nas montanhas suíças que foi lançada a pedra fundamental da internacional revolucionária. [15]
Essa intransigência, sobre como abordar acordos entre internacionalistas, marca a sua relação com Trotsky. Somente em maio de 1917 foi aprovada a unidade com os Interdistritalistas (organização orientada por Trotsky) com base na definição de que: As resoluções políticas dos Interdistritalistas em geral adotaram a linha correta de romper com os defensistas. Em tais condições, nada poderia justificar, em nossa opinião, uma fragmentação de forças. [16]
A questão da paz
A partir de 1915, quando os horrores da guerra já estavam sendo sentidos intensamente, a questão da paz começou a ser uma questão profundamente sentida. Lênin não ficou indiferente a esse sentimento das massas. Mas ele diferencia o significado dessa proposta no nível das massas daquele feito pelas organizações, afirmando que a única paz que os revolucionários socialistas podem aceitar é a paz sem anexações, e que isso só pode ser alcançado por meio de uma série de revoluções.
A paz sem anexações está intimamente ligada, para Lênin, à defesa do direito de autodeterminação das nações oprimidas.
A aspiração das massas pela paz denota muitas vezes um início de protesto, de indignação, de compreensão do caráter reacionário da guerra. É dever de todos os social-democratas aproveitarem desse estado de espírito. Estes participarão ativamente de todas as manifestações e movimentos de massa nesse sentido, mas, ao mesmo tempo, os social-democratas não enganarão o povo, deixando-o pensar que, sem um movimento revolucionário, é possível ter uma paz sem anexações, sem opressão de nações, sem banditismo, uma paz que não traga em seu bojo os germes de futuras guerras entre os atuais governos e classes dominantes. Esse engano do povo serviria apenas à diplomacia secreta dos governos beligerantes e a seus planos contrarrevolucionários. Todos aqueles que realmente desejam uma paz duradoura e democrática devem se manifestar a favor da guerra civil contra os governos e contra a burguesia. [17]
A Revolução Russa – a Paz de Brest-Litovsk
De fevereiro a março de 1917, a questão da guerra aparece nos textos de Lênin, intimamente ligada às propostas programáticas para a revolução russa. A realidade confirma sua concepção de que a guerra imperialista engendrará a revolução socialista e, portanto, confirma sua política de “derrotismo revolucionário”.
A guerra imperialista, ou seja, a guerra pela divisão dos despojos entre os capitalistas e pelo estrangulamento dos povos fracos, começou a se transformar em uma guerra civil, ou seja, em uma guerra dos operários contra os capitalistas, em uma guerra dos trabalhadores e dos oprimidos contra seus opressores, contra czares e reis, contra proprietários de terras e capitalistas, em uma guerra para libertar a humanidade completamente das guerras, da miséria das massas e da opressão do homem pelo homem! Coube aos trabalhadores russos a honra e a boa sorte de serem os primeiros a iniciar a revolução, ou seja, a única grande guerra justa e legítima, a guerra dos oprimidos contra os opressores. [18]
Já em 1915, ele havia começado a mudar sua visão sobre a dinâmica da revolução russa:
A guerra imperialista vinculou a crise revolucionária na Rússia, uma crise que surgiu no terreno da revolução democrático-burguesa, à crescente crise da revolução proletária e socialista no Ocidente (…). Levar a revolução burguesa na Rússia às suas últimas consequências para acender a revolução proletária no Ocidente: essa era a missão do proletariado em 1905. Em 1915, a segunda metade dessa tarefa se tornou tão urgente que é colocada ao mesmo tempo em que a primeira. [19]
Isso fica bem claro em 1917, nas Cartas de Longe e, principalmente, nas Teses de Abril. Lênin nunca teve medo de ficar sozinho na defesa da política que considerava correta. Ele não se importava com o isolamento que sofria, mesmo entre os internacionalistas, ao defender o “derrotismo revolucionário”; repetia várias vezes que “um Liebknecht vale mais do que 110 defensistas”, referindo-se aos 110 deputados socialistas alemães que votaram a favor dos créditos de guerra. Tampouco teve medo de ficar em minoria total no CC de seu próprio partido quando retornou à Rússia defendendo as Teses de Abril, que afirmavam que não se podia confiar no governo provisório, que este continuaria a guerra imperialista e que a grande tarefa era a explicação paciente de que, para alcançar a paz e a liberdade, era necessário que os sovietes tomassem o poder.
A partir de abril de 1917, os textos de Lênin foram dedicados, por um lado, ao desenvolvimento da polêmica interna, que ele havia resolvido tornar pública, e o fez centralmente por meio das Cartas sobre Tática. Essa discussão culminou em maio com a VII Conferência Nacional do POSDR (bolchevique), onde as propostas de Lênin foram aprovadas.
Por outro lado, realiza uma intensa atividade, fazendo discursos em reuniões de soldados, nos sovietes, cartas aos vários congressos de operários e camponeses, artigos, às vezes até três ou quatro por dia.
Tudo se concentrava em explicar e denunciar, repetidas vezes, o caráter do governo provisório e sua posição sobre a guerra.
O novo governo quer continuar a guerra de pilhagem. Ele é o agente dos capitalistas russos, britânicos e franceses, que – como os capitalistas alemães – querem a todo custo “lutar até o fim” e ficar com a melhor parte dos espólios. Esse governo não dará e não poderá dar paz à Rússia. [20]
A outra grande pergunta a ser respondida é: por que, agora que a revolução triunfou, não defendemos a pátria?
A resposta dos bolcheviques à pergunta se a “defesa da pátria” é possível foi rsta: se uma revolução chauvinista burguesa triunfar, a defesa da pátria, nesse caso, é impossível. [21]
Outra questão tem a ver com a direção revolucionária, com a forma de promover a unidade dos internacionalistas. Em relação a isso, um salto qualitativo foi dado em maio de 1917, primeiro com o bloco com os Interdistritalistas para as eleições municipais e, depois, com sua entrada no Partido Bolchevique, do qual nasceu a grande equipe de Lenin e Trotsky que conduzirá a revolução de outubro.
Toda essa atividade febril foi marcada pelas Jornadas de Julho e pela repressão subsequente, pela prisão de Trotsky e Kamenev, pela clandestinidade de Lênin e Zinoviev, pela mudança de tática diante do golpe de Kornilov, até que os bolcheviques conquistaram a maioria nos sovietes, o que levou ao grande triunfo revolucionário de outubro: a tomada do poder pelos sovietes.
A tomada do poder marcou o início da grande discussão sobre a paz de Brest-Litovsk, que abriu uma grande crise no nível do partido e do governo, o que pode ser visto claramente nos textos publicados. Após longas e tensas discussões, o tratado foi assinado em 3 de março de 1918, quando os alemães deram um ultimato e retomaram o ataque, ameaçando a segurança da capital revolucionária, Petrogrado.
Em nível do CC, houve uma longa e tensa discussão sobre a proposta a ser levada ao Congresso dos Sovietes sobre a ratificação ou não do tratado. Dentro do CC havia três posições: a de Lênin, que aceitava a proposta alemã desde o início; a dos chamados comunistas de esquerda, liderados por Radek, que eram totalmente contra a aceitação da paz e propunham o lançamento de uma guerra revolucionária contra a Alemanha; a de Trotsky, que propunha ganhar tempo, sair da guerra, mas não assinar nada.
Era uma situação muito difícil. Nos textos publicados, o leitor poderá perceber o grau de tensão que existia. A própria existência do Estado soviético estava em jogo, mas também a revolução alemã, a finlandesa e a ucraniana. Ninguém pensava que era um triunfo ou a paz democrática sem anexações defendida pelos bolcheviques. Em fevereiro, Lênin havia dito:
Trotsky estava certo quando disse: a paz pode ser terrivelmente miserável, mas não pode ser uma paz abominável, vergonhosa; paz vergonhosa que põe fim a esta guerra mil vezes indecente. [22]
Lênin dava grande importância à posição de Trotsky, que era responsável pelas negociações. Durante as discussões no CC, ele disse
Também devo me referir à posição do camarada Trotsky. É necessário distinguir dois aspectos de sua atividade: quando ele iniciou as negociações em Brest, fez um uso magnífico delas para agitação, e todos nós concordamos com o camarada Trotsky. Ele citou uma parte da conversa que teve comigo, mas acrescentarei que havíamos concordado que resistiríamos até o ultimato dos alemães e que, após o ultimato, cederíamos. Os alemães nos enganaram: de sete dias, eles nos roubaram cinco [23]. A tática de Trotsky estava correta na medida em que tendia a atrasar, mas deixou de ser correta quando foi declarado o fim do estado de guerra e a paz não foi assinada. Propus da maneira mais concreta que a paz fosse assinada. [24]
No CC, a posição de Lênin ganhou a maioria, e essa posição, aprovada pelo VIII Congresso do Partido, é a que é levada ao Congresso dos Sovietes. Lá, houve outra discussão acirrada; todos os tipos de acusações foram feitas contra os bolcheviques de diferentes pontos de vista; a proposta foi rejeitada pelos mencheviques, anarquistas, maximalistas, SRs de direita e SRs de esquerda. O Congresso dos Sovietes vota a seguinte resolução:
O Congresso ratifica o tratado de paz assinado por nossos representantes em Brest-Litovsk em 3 de março de 1918.
O Congresso considera justa a ação do Comitê Executivo Central e do Conselho de Comissários do Povo, que concordaram em concluir essa paz extraordinariamente dolorosa, imposta com violência e humilhante, tendo em vista de que carecemos de exército e que a guerra esgotou ao máximo as forças do povo, que, longe de receber em seus infortúnios a ajuda da burguesia e da intelligentsia burguesa, viu esses infortúnios serem usados por eles para seus fins egoístas de classe. [25]
Essa resolução foi adotada por 784 votos a favor, 261 contra e 115 abstenções. Os SRs de esquerda se retiraram do governo.
Os “comunistas de esquerda” não votaram e emitiram uma declaração dizendo que esse tratado minava as defesas do país.
Ninguém duvida da importância que Lênin atribuía à centralização do partido revolucionário, mas as ações de Lênin durante essa crise mostram a importância que ele atribuía à democracia do partido. A firmeza e, ao mesmo tempo, a paciência com que ele discutiu com as posições contrárias. Sua afirmação de que nenhuma das posições justificava uma cisão.
A guerra civil
A guerra civil começou praticamente com a tomada do poder pelos sovietes. As primeiras ações, lideradas por Kerensky, foram repelidas pela Guarda Vermelha e por regimentos do exército dirigidos pelos revolucionários. Mas já na época da Paz de Brest-Litovsk, as ações começaram a aumentar. Um dos motivos pelos quais Lênin insistiu tanto na assinatura do tratado de paz foi a necessidade de ganhar tempo para formar um exército revolucionário para enfrentar a guerra civil e a inevitável invasão dos países da Entente.
A guerra civil estava se intensificando. Vários generais czaristas, com o apoio do imperialismo, organizaram, em diferentes regiões, o exército branco: Denikin, Kolchak, Wrangel. E, junto com isso, o novo Estado operário foi invadido por regimentos de 14 Estados: as grandes potências (Grã-Bretanha, França, EUA, Japão), às quais estavam associados a Tchecoslováquia, Grécia, Polônia, Letônia, Finlândia, Estônia, Iugoslávia, Romênia, Lituânia e Turquia. A Alemanha também atuou na Ucrânia em 1918 e nos Estados Bálticos em 1919.
Os bolcheviques triunfaram sobre todas essas forças com a grande ferramenta que era o Exército Vermelho. Em 18 de janeiro de 1918, o governo soviético decretou a formação do “exército socialista”. Ao mesmo tempo, o CC do Partido Bolchevique e, posteriormente, o Comitê Executivo dos Sovietes nomearam Trotsky como Comissário do Povo para a Guerra, com a tarefa de organizar e dirigir o Exército Vermelho.
O Exército Vermelho estava sendo construído no caminho para as batalhas que enfrentaria. Os textos que publicamos sobre esse período mostram a identidade de critérios entre Trotsky e Lênin, um dedicado a todas as tarefas militares do confronto e o outro colocando todos os recursos do Estado em função dessa guerra pela sobrevivência do Estado operário. Trotsky tomando medidas extremas para garantir a disciplina necessária, Lênin assinando ordens em branco para tais medidas. O orgulho de Lênin pelos sucessos do Exército Vermelho é evidente, e sua resposta a uma pergunta de Maximo Gorky sobre críticas a Trotsky é bem conhecida.
Mostre-me outro homem que seja capaz de criar praticamente um exército modelo em um ano e também conquistar o respeito dos especialistas militares. Nós temos um homem assim! Temos tudo!” [26]
A guerra civil foi vencida com base no heroísmo e no sacrifício do Exército Vermelho, e também graças ao sacrifício do povo russo como um todo, que suportou e aceitou todos os tipos de escassez, decorrentes de colheitas ruins, de grandes epidemias (tifo, gripe espanhola), da resistência imposta por setores do campesinato e da economia totalmente dedicada aos esforços de guerra.
O processo internacional também desempenhou um papel no triunfo, como afirma Lênin.
Vencemos, portanto, não porque éramos mais fortes, mas porque os trabalhadores dos países da Entente demonstraram estarem mais próximos de nós do que de seus próprios governos. A segunda causa de nossa vitória foi o fracasso da campanha dos “14 Estados”. Isso mostra que os pequenos Estados não podem se unir para lutar contra os bolcheviques, pois temem que sua própria vitória e a vitória simultânea das forças de Denikin signifiquem a restauração do Império Russo, que novamente privará as pequenas nações de seu direito de viver (…). As grandes potências da Entente não podem se unir para lutar contra o poder soviético porque há muita hostilidade entre elas. (…) Isso significa que a segunda causa de nossa vitória foi esta: os trabalhadores estão unidos, enquanto os burgueses, por serem burgueses, não conseguem parar de lutar entre si e lutam por uma pequena porção adicional (…)[27]
A leitura desses textos mostra como a democracia interna do partido bolchevique se manteve mesmo nos piores momentos da guerra civil. O leitor pode ver como Lenin responde aos questionamentos sobre se o alistamento deveria ser voluntário ou obrigatório, sobre medidas disciplinares, sobre a questão dos reféns, sobre o tema dos especialistas, sobre o erro cometido na invasão da Polônia.
O outro aspecto que se destaca é a perspectiva internacionalista de todos os dirigentes do partido bolchevique. Todos eles têm a revolução internacional como ponto de referência. Lênin é categórico: sem o triunfo da revolução internacional, especialmente da revolução alemã, o Estado soviético não sobreviverá.
O Estado operário soviético é o vencedor da guerra civil, mas a situação em que ele se encontra é calamitosa. A economia regrediu ao nível anterior a 1913. A combinação de uma grande seca em 1921 com os danos causados pela guerra levaram a uma situação de fome que gerou casos de canibalismo. Milhões de mortos, os dados mais precisos falam em mais de 4 milhões; 7 milhões de crianças órfãs e abandonadas vagando pelas ruas em busca de comida; a desmobilização de grande parte do Exército Vermelho; homens que não conseguiam encontrar emprego; o surgimento de vários casos de banditismo. [28]
Essa situação difícil forçou a direção bolchevique a tomar medidas especiais, como a NEP e a busca de relações econômicas com o imperialismo, para sobreviver até a chegada da ajuda da revolução internacional. Essas medidas reabriram grandes discussões no partido e no governo. Os últimos textos de Lênin que publicamos aqui são dedicados a essa questão: como lidar com a difícil transição da guerra para a paz.
Lênin considerava a revolução russa apenas uma ação avançada da revolução mundial gerada pela guerra imperialista. O prognóstico de Lênin se tornou realidade: depois da revolução russa, eclodiu a revolução na Finlândia, na Hungria e na Alemanha. Mas todas elas foram derrotadas. No nível histórico, o segundo prognóstico de Lênin também se tornou realidade: sem o triunfo da revolução mundial, o Estado soviético estava condenado. A derrota da revolução alemã foi uma das bases objetivas para o triunfo da contrarrevolução stalinista que prevaleceu na URSS. Condução burocrática que, décadas depois, encabeçou a restauração capitalista.
Entretanto, esse resultado da luta de classes mundial não diminui em nada a importância desses textos de Lênin. O estudo deles é fundamental para a armação dos revolucionários, para enfrentar os grandes desafios atuais e se armem política e programaticamente para as guerras revolucionárias que certamente virão.
Maio de 2024
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[1] LENIN, V. I. Conferência sobre a Guerra e o Proletariado, outubro de 1914, vol. 1.
[2] LENIN, V. I. O Socialismo e a Guerra, vol. 1.
[3] LENIN, V. I. Oportunismo e a falência da II Internacional, vol. 1.
[4] LENIN, V. I. A falência da II Internacional, vol. 1.
[5] LENIN, V. I. O que fazer agora? – 1915, vol. 1.
[6] LENIN, V. I. A falência da II Internacional, vol. 1.
[7] Idem.
[8] LENIN, V. I. O Socialismo e a guerra, vol. 1.
[9] Chefe dos parlamentares mencheviques na IV Duma.
[10] Idem.
[11]LENIN, V. I. A situação e as tarefas da Internacional Socialista – 1914, vol. 1.
[12] LENIN, V. I. O Socialismo e a guerra – 1915, vol. 1.
[13] LENIN, V. I. Carta aberta a Boris Souvarine, dezembro de 1916, vol. 1.
[14] LENIN, V. I. O primeiro passo, outubro de 1915, vol. 1.
[15] TROTSKY, Leão. Minha Vida, “Paris e Zimmerwald”.
[16]LENIN, V. I. O problema da união dos internacionalistas, maio de 1917, vol. 2.
[17] LENIN, V. I. A questão da paz, 1915, vol. 1.
[18] LENIN, V. I. A revolução na Rússia e as tarefas dos operários de todos os países, vol 2.
[19] LENIN, V. I. A derrota da Rússia e a crise revolucionária, setembro de 1915, vol. 1.
[20] LENIN, V. I. Aos camaradas que sofrem o cativeiro, 1917, vol. 2.
[21] LENIN, V.I. no. 47 do Sotsial-Demokrat.
[22] LENIN, V. I. Pravda, 24 de fevereiro de 1928.
[23] De acordo com o tratado de armistício assinado em 2 (15) de fevereiro de 1917 em Brest-Litovsk pelo governo soviético e pelas potências da Quádrupla Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia), qualquer uma das partes poderia retomar operações com aviso prévio de sete dias. O comando militar alemão violou este acordo e iniciou a ofensiva em toda a frente no dia 18 de fevereiro, ou seja, dois dias após declarar o fim da trégua.
[24] LENIN, V. I. Discurso resumido sobre a discussão do relatório político do Comitê Central – 8 de março de 1918, vol. 2.
[25] IV Congresso Extraordinário dos Sovietes de toda a Rússia, 14 a 16 de março de 1918, vol. 2.
[26]GORKI, Máximo. Memórias de Vladimir Lênin. Citado por Erich Wollemberg em O Exército Vermelho, Edições Antídoto, p. 115.
[27] LENIN, V. I. Carta ao Congresso dos Trabalhadores Polacos.
[28] Dados de Jean-Jacques Marie, História da Guerra Civil Russa. Editora Contexto, pp. 13-14.
Tradução: Rosangela Botelho