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Colômbia

Pegasus: carta de negociação de Petro com o Uribismo

Foto: Collage: Presidencia / Imagen de Pegasus vía X
outubro 31, 2024

No dia 4 de setembro, em discurso presidencial, enquanto ocorria a greve dos caminhoneiros, Petro tornou público o relatório – que deixou de ser classificado como consequência do rompimento das relações diplomáticas com Israel – sobre a compra de software de espionagem (Pegasus) executada pelo governo Duque a uma empresa israelense, sendo esta uma das denúncias mais graves contra o Uribismo nos últimos anos.

Por: PST – Colômbia

Após o discurso, muitos ficaram confusos, já que se esperava que as palavras do presidente fossem dirigidas aos caminhoneiros e ao conflito em curso, mas também porque Petro não explicou o problema em profundidade.

Pegasus é a síntese do que há de pior na burguesia colombiana: é sobretudo sionista, ou seja, defende e apoia incondicionalmente Israel e o genocídio do povo palestino. É também repressivo e terrorista, uma vez que o relatório mostra que o Pegasus foi utilizado para espionar, incriminar falsamente e prender líderes  e ativistas da Paralisação Nacional de 2021; e, entre outras, flagrantemente corrupta, uma vez que o software foi adquirido pela quantia de 10 milhões de dólares em dinheiro, cuja origem é desconhecida e nunca foi informada, chegou-se a afirmar que poderia ter sido produto de apreensão de dinheiro de traficantes de drogas.

Portanto, esta denúncia de Petro é um passo importante para consolidar a ruptura das relações com Israel, e para participar ativamente nas ações de boicote ao sionismo, o que na prática é apoiar ao povo palestino que resiste a ser exterminado pelo exército de Israel.

No entanto, Petro não tem sido totalmente consistente com esta denúncia, uma vez que a tem tratado a conta gotas e de forma fraudulenta com base nas suas negociações com o Uribismo no âmbito da anunciada política do Acordo Nacional. Da mesma forma foi utilizado o paramilitar Mancuso e a ameaça da verdade. Na verdade, que se tenha apresentado a denúncia em plena greve dos caminhoneiros não é uma coincidência, pois foi uma reação ao suposto plano golpista do Uribismo, ao qual segundo o governo esta greve estava relacionada. Da mesma forma, assim que o CNE iniciou as investigações contra a campanha presidencial de Petro, um novo episódio do caso Pegasus se abriu com a confirmação pública, por parte da empresa sionista Grupo NSO, de que o negócio de compra de software tinha sido efeivamente realizado.

É evidente que a única forma de o Uribismo ser salvo do caso Pegasus é através da impunidade, mas também é nítido que o governo tem informações e provas suficientes para que a justiça possa punir completamente os responsáveis. Fazer justiça perante a Pegasus é fazer justiça aos lutadores da Paralisação Nacional de 2021 e à Resistência Palestina, portanto, este processo não deve depender da agenda do governo em torno do Acordo Nacional. O resultado deve ser, no mínimo, a prisão de Duque e do ex-ministro da Defesa Diego Molano.

Comitê Executiva do Partido Socialista dos Trabalhadores

30 de outubro de 2024

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