sáb set 07, 2024
sábado, setembro 7, 2024

Marrocos compra satélite espião de Israel em meio ao genocídio em Gaza

Em plena invasão de Gaza, Marrocos fecha acordo de um bilhão de dólares com Israel para adquirir um satélite espião.

Por: Marcel Wando

O Marrocos recentemente firmou um contrato de aproximadamente um bilhão de dólares com a Israel Aerospace Industries (IAI) para a aquisição de um satélite espião, conforme revelado por fontes da indústria de defesa e reportagens de jornais de Israel e França. A negociação foi concluída nos últimos dias, e o satélite deverá ser entregue em cinco anos, substituindo os atuais satélites Mohammed VI-A e Mohammed VI-B, fabricados pela Airbus.

Segundo o jornal israelense Calcalist, o acordo foi mantido em segredo até a sua assinatura, e a negociação contou com a participação direta do presidente do conselho administrativo da IAI, Amir Peretz, que viajou ao Marrocos via um país europeu para concluir a transação. O jornal francês La Tribune também confirmou a escolha da IAI por parte de Rabat, em detrimento das empresas francesas Airbus e Thales, que haviam fornecido os satélites anteriores.

Historicamente, Marrocos adquiriu seus satélites de inteligência da Airbus, uma empresa franco-alemã, e da Thales, outra gigante europeia. A decisão de trocar esses fornecedores por uma empresa israelense marca uma mudança significativa nas relações de defesa do país. Essa mudança é parte de uma crise diplomática que vem se gestando entre Marrocos e a França, que envolve inclusive a restrições de vistos, dado o crescimento das políticas anti-imigrantes e anti-árabes do país europeu.

O acordo atual, ao mesmo tempo que sinaliza um distanciamento em relação ao imperialismo francês, indica uma aproximação com Israel. Ele é parte de uma série de normalizações entre países árabes e Israel, conhecidas como os Acordos de Abraão. Firmados em 2020, esses acordos visam o reconhecimento do Estado Sionista e a estabilização das relações diplomáticas e econômicas entre Israel e diversas nações árabes, incluindo Marrocos, que antes mantinham relações com o estado israelense apenas através da diplomacia secreta.

A assinatura do contrato ocorre em meio a uma intensa ofensiva israelense na Faixa de Gaza, que já resultou em uma escalada de violência e mais de 180 mil mortes de civis palestinos. Apesar da crise humanitária, Marrocos optou por prosseguir com a compra e colocando mais 1 bilhão de dólares na máquina de genocídio israelense.

A decisão de Marrocos de continuar suas negociações com Israel, mesmo durante a invasão de Gaza, não é um ato isolado entre os regimes árabes. A compra dos satélites não é o início da normalização e os acordos de Abraão não são o início da traição desses regimes com a causa palestina. Para entender melhor essa dinâmica, recomendamos a leitura do artigo A Liga Árabe e os inimigos da causa palestina. Além disso, o texto Maher Al-Akhras e os caminhos para a libertação da Palestina oferece uma perspectiva sobre os possíveis caminhos para a libertação da Palestina em meio a tantas traições.

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