sáb set 07, 2024
sábado, setembro 7, 2024

Estudo da Lancet estima que número de mortos em Gaza pode ultrapassar 186 mil

Pesquisa revela impacto devastador do conflito na Faixa de Gaza, apontando para uma crise humanitária de proporções massivas

Por: Marcel Wando

Um estudo recente publicado na revista médica britânica “The Lancet”, conduzido por Rasha Khatib, Martin McKee e Salim Yusuf, sugere que o número real de mortos na Faixa de Gaza pode ultrapassar 186.000. O estudo, publicado em 5 de julho de 2024, analisa as mortes diretas e indiretas desde o início da invasão israelense em outubro de 2023.

Os autores chegaram a esse número alarmante utilizando uma estimativa conservadora que considera quatro mortes indiretas para cada morte direta registrada. Até 19 de junho de 2024, o Ministério da Saúde de Gaza relatou 37.396 mortes, número aceito por organizações como a ONU e a OMS, apesar de contestado por autoridades israelenses. Mas o estudo observa que esses números provavelmente estão subestimados, dado o grande número de corpos ainda enterrados sob os escombros e as dificuldades de coleta de dados. Importante ressaltar que o estudo ainda não foi revisado por pares.

Esse tipo de subestimação dos números de mortos não é sem precedentes. Durante a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, um estudo publicado também na “The Lancet” revelou que 601 mil iraquianos morreram como consequência direta da violência, enquanto outros 54 mil morreram devido a fatores relacionados indiretamente com a situação do país. Esses números eram 20 vezes maiores do que as estatísticas oficiais divulgadas pelo governo americano e mais de dez vezes maiores do que os números apresentados por grupos de pesquisa independentes. Em Gaza, os pesquisadores sugerem que a cifra de 186.000 mortes pode ser uma estimativa conservadora, indicando que a verdadeira extensão dos danos só será conhecida anos após o fim do conflito.

O estudo se insere em um contexto onde o governo israelense tenta minimizar o número de vítimas para sustentar a narrativa de que sua ofensiva é uma guerra contra o terrorismo. No entanto, os dados apresentados reforçam a tese de que estamos diante de mais uma fase do genocídio e limpeza étnica promovida contra os palestinos por Israel. A destruição massiva de infraestrutura, a falta de recursos básicos e o bloqueio contínuo de alimentos e medicamentos exacerbam a crise humanitária em Gaza.

A compreensão completa da situação em Gaza requer uma análise mais profunda das estratégias empregadas e suas implicações humanitárias. Para explorar mais sobre como a fome e a privação são usadas como armas de genocídio na Palestina, recomendamos a leitura do artigo “Palestina: A arma da fome no genocídio em Gaza”. Esse texto detalha como essas táticas afetam a população de Gaza e reforça a necessidade de uma resposta urgente da classe trabalhadora internacional.

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