sáb set 07, 2024
sábado, setembro 7, 2024

Israel utilizou o protocolo Hannibal no dia 7 de Outubro

Investigação revela que militares israelenses sacrificaram colonos sionistas em resposta à ofensiva palestina.

Por: Marcel Wando

No dia 7 de outubro de 2023, a resistência palestina iniciou a Operação Tempestade de Al-Aqsa, um ataque surpresa às forças militares e colonos sionistas. Imediatamente, a resposta de Israel foi o uso do protocolo Hannibal, o que somente foi comprovado essa semana, com uma reportagem do jornal Haaretz, publicada em 07 de julho de 2024. O jornal teve acesso a documentos internos e testemunhos que comprovam o uso desse protocolo que supostamente teria sido extinto desde 2016.

Os relatórios apontam que a nas primeiras horas desde o início da ofensiva dos palestinos, a Divisão de Operações em Gaza possuía pouca informação e estava estabelecido um cenário caótico. Ainda assim, as ordens eram de que “nenhum veículo poderia retornar a Gaza”. As Forças Militares de Israel sabiam que colonos haviam sido presos, bem como militares, só não sabiam quantos. Então, tinham consciência do significado dessa ordem: era uma tentativa de frustrar a operação dos palestinos, mesmo que às custas das vidas dos seus próprios soldados e colonos.

O Haaretz não conseguiu precisar quantos foram os atingidos, mas os dados demonstram que muitos foram expostos à artilharia israelense e tiveram suas vidas colocadas em riscos pelo Estado Sionista. Foram despachados drones Hermes 450 (armas aéreas não tripuladas chamadas de “ZIK”) que podem ficar no ar por 17 horas. Os ataques ocorreram na passagem de Erez, na base militar Re’im e no Kibutz de Nahal Oz. Contudo, não conseguiram chegar a tempo no Kibutz Nir Oz, onde os soldados sionistsa chegaram somente depois que a resistência tinha ido embora.

Além desses locais onde foram enviados drones, vários outros Kibutzim foram ameaçados com bombardeios e soldados, porém, sem evidências de mortes ou feridos. Contudo, um caso em particular chama a atenção por ter recebido ampla cobertura da imprensa local e internacional. A casa de Pessi Cohen, onde militantes palestinos esconderam 14 prisioneiros no Kibutz Be’eri foi atacado pelas Forças Militares de Israel, incluindo tanques, causando a morte de 13 colonos. O General Brigadeiro Barak Hiram, que estava responsável pelas operações nesse local ainda irá responder inquérito sobre se estava ou não adotando o protocolo Hannibal quando comandou a destruição dessa casa.

Os escombros da casa de Pessi Cohen, onde o Hamas manteve 14 israelenses como prisioneiros em 7 de outubro de 2023, no Kibutz Be’eri, imagem de 19 de novembro de 2023. (Chaim Goldberg/Flash90)

Durante meses as Forças Militares de Israel mantiveram em segredo se havia ou não utilizado o protocolo Hannibal. Enquanto isso, todas as cenas de destruição e morte foram veiculadas pela imprensa como de responsabilidade exclusiva do grupo Hammas, chamado de “terrorista” por conta dessas imagens. Contudo, agora vem à luz que o próprio Estado de Israel estaria por trás desse cenário. Agora veremos se a imprensa internacional irá retratar essa força colonial como terrorista, ou se será utilizado outro critério para manter sua cumplicidade com a colonização da Palestina.

Essa reportagem amplia a crise no interior das forças sionistas. Já era difícil sustentar a imagem de vítima para o mundo diante do genocídio que vem sendo praticado cotidianamente e a recusa sistemática em assinar os acordos de paz. Agora, com provas de que Israel matou seu próprio povo, toda a comoção que originava parte da simpatia popular para o sionismo pode se reverter em rechaço. Esse é um passo importante para pôr um fim no projeto colonial e racista de Israel, mas para isso, é preciso derrotar seus aliados. Para saber mais sobre quem são os inimigos da causa palestina, recomendamos a leitura do texto A Liga Árabe e os inimigos da causa palestina.

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