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sexta-feira, outubro 11, 2024

Contra-ataque iraniano cria mais incertezas no Oriente Médio

Em resposta ao criminoso ataque israelense à sua embaixada em Damasco, capital da Síria, no dia 1° de abril, as forças iranianas lançaram no último dia 13, 350 artefatos (drones e mísseis) contra o Estado de Israel com um aviso prévio de 72 horas.

Por: Fábio Bosco

As forças armadas estadunidenses assumiram diretamente a defesa do Estado sionista com o apoio direto do Reino Unido e da Jordânia, e indireto de outros países como a Arábia Saudita. Seu sistema de defesa abateu 99% dos drones e mísseis no ar.

O legítimo contra-ataque iraniano causou pânico entre os israelenses. A sensação de segurança, que existia entre a população sionista, evaporou após a ofensiva da resistência palestina liderada pelo Hamas em 7 de outubro e os bombardeios do Hezbollah na fronteira norte, e agora deu um salto com o contra-ataque iraniano. A percepção geral é que a segurança de Israel está mais frágil que nunca, ampliando o êxodo de milhares de israelenses rumo à Europa e aos Estados Unidos.

A população palestina vibrou com o contra-ataque iraniano em um primeiro momento, mas ficou decepcionada após o anúncio iraniano do fim dos ataques. A população palestina espera há seis meses que o Irã abra uma nova frente militar contra Israel. O alerta prévio de 72 horas também decepcionou pois facilitou a interceptação dos drones e mísseis pelo sistema de defesa imperialista.

Contra-ataque tem efeitos contraditórios e aprofunda instabilidade

O regime iraniano se beneficiou da fraqueza do Estado sionista para fazer seu primeiro ataque direto à Israel em toda a história. Isso lhe deu prestígio em relação aos regimes árabes que, por temer retaliações israelenses, evitam qualquer tipo de ação contra os sionistas.

Ataque teatral

Por outro lado, o aviso prévio de 72 horas lhe valeu críticas de ação “teatral” e, pior ainda, a declaração de que a ação não teria continuidade deixou a certeza que o regime iraniano não atacará Israel para defender os palestinos, mas apenas para se defender.

O primeiro-ministro israelense Netanyahu conseguiu dar um passo em seu objetivo de generalizar a guerra no Oriente Médio, e também conseguiu se reaproximar de seus patrocinadores imperialistas. Outro objetivo atingido foi colocar em segundo plano o genocídio em Gaza, e em terceiro plano os pogroms de colonos sionistas (ações de perseguição e linchamento) contra a população palestina na Cisjordânia.

Por outro lado, o contra-ataque expôs a frágil segurança do Estado sionista e coloca Netaniahu sob intensa pressão por parte da extrema direita e da população israelense para atacar o Irã e a cidade de Rafah em Gaza, o que o distanciaria novamente de seus patrocinadores imperialistas.

Potencial de escalada

O imperialismo estadunidense e europeu conseguiu garantir a defesa aérea de Israel frente a um ataque anunciado, mas expôs sua incapacidade de impedir Israel de expandir a guerra para todo o Oriente Médio, o que pode ter forte impacto nos preços do petróleo e pode arrastar a economia mundial para uma recessão. Além disso, tiveram sua hipocrisia exposta mais uma vez ao denunciar o contra-ataque iraniano, mas silenciar frente ao ataque israelense à embaixada iraniana em Damasco.

Os imperialismos russo e chinês pressionaram para que o contra-ataque iraniano fosse apenas simbólico, evitando uma guerra com Israel que afetaria seus negócios no mercado mundial. Mas a ação iraniana em si, aponta para uma potencial escalada na região.

Colaboradores

Os regimes árabes, incluindo a Autoridade Nacional Palestina, só aprofundaram seu desprestígio. Vistos como covardes ou colaboracionistas, os regimes árabes, particularmente o jordaniano, podem enfrentar uma nova onda de revoluções operárias e populares a exemplo da onda iniciada em 2010 na Tunísia.

Como podemos ver, o contra-ataque iraniano, mesmo que simbólico, trouxe mais instabilidade e incertezas para a ordem imperialista regional e mundial, e deve ser apoiado.

Derrotar Israel e libertar a Palestina do rio ao mar

A questão central é que o genocídio em Gaza continua e, nos últimos dias, aumentaram drasticamente os pogroms (destruição dos bens, violência física e linchamentos) feitos por colonos israelenses contra os palestinos na Cisjordânia, que já provocaram seis mortes.

A resistência palestina em Gaza já está fazendo o que é possível apesar da enorme desigualdade militar. E a Cisjordânia pode estar caminhando a passos largos para uma Intifada generalizada em todo o território.

A abertura de uma frente militar no norte da palestina e a leste do rio Jordão dividiria as forças sionistas, aliviando o genocídio em Gaza. No entanto, os regimes iraniano, sírio, jordaniano e o Hezbollah não querem entrar em guerra contra Israel. Assad, o regime jordaniano e o Hezbollah tampouco permitem que os palestinos na diáspora se armem e ataquem os sionistas.

A única força árabe que está construindo uma solidariedade efetiva com os palestinos são os iemenitas houthis. O regime iraniano já deixou claro que somente atacará Israel em caso de um novo ataque israelense contra o Irã. Ou seja, não atacará Israel para apoiar os palestinos.

As mobilizações nos países vizinhos têm que pressionar seus governos a abrir novas frentes militares contra os sionistas. Mas não podemos ter ilusões. São necessários levantes e revoluções que coloquem a derrota de Israel e dos regimes árabes que colaboram com Israel ou se omitem, no centro de seus objetivos.

Protestos e solidariedade

As ações de solidariedade nos Estados Unidos através do bloqueio de rodovias em Nova Iorque, São Francisco, Chicago e Seattle apontam para uma nova forma de solidariedade efetiva. A elas se somam as passeatas, a campanha pelo embargo de armas contra Israel, e outras ações no que já se constitui na maior onda de solidariedade com os palestinos em vários países para pôr fim ao genocídio.

Esta combinação de uma Intifada Palestina, com novas revoluções nos países árabes e a mobilização multitudinária em todo o mundo poderia derrotar Israel e conquistar não apenas o cessar-fogo e o ingresso de ajuda humanitária em Gaza, mas caminhar para a libertação de toda a Palestina do rio ao mar.

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