Lênin, a covarde burguesia e as valentes mulheres revolucionárias da Rússia
O quinto tomo das Obras Completas de Lênin contém as obras escritas entre maio e dezembro de 1901, quando Lênin está na sua primeira emigração ao estrangeiro.
Por: Nazareno Godeiro
Neste ano, a principal luta de Lênin foi pela publicação de “Iskra” (A centelha, jornal) e “Zariá” (Aurora, revista teórica), órgãos oficiais dirigidos diretamente por ele, cujo objetivo era unificar política e teoricamente as centenas de círculos marxistas dispersos na Rússia. Lênin, ademais de escrever muitos artigos, cuidava das finanças de ambas publicações e do envio clandestino a Rússia. Desde Munique, Alemanha, Lênin se comunicou com diversos dirigentes que continuavam na Rússia clandestinamente, para organizar a distribuição das publicações, arrecadar dinheiro para “Iskra” e organizar o partido. Lênin distribuía, também, os artigos a serem escritos pelos membros da redação e colaboradores das publicações.
Desde o estrangeiro enviou uma carta a sua irmã (Maria) e seu cunhado (Elizárov) que haviam sido presos, indicando as formas de aproveitar bem o tempo na cadeia: a realização de traduções para aprender línguas estrangeiras (indicando um método de traduzir um livro do idioma original ao russo e depois do russo ao original), leituras de estudos econômicos e políticos, alternando com leituras mais leves (novelas, belas artes etc.), ademais de exercícios físicos diários enquanto dure a encarceramento.
Em maio de 1901, escreveu o artigo “Por onde começar?”, publicada na primeira página do “Iskra”:
Este artigo foi a base do livro “Que fazer?”, que define o que é um “partido de ação”, “combativo” à diferença de um grupo fundacional (caráter das organizações anteriores, inclusive a organização “Emancipação do Trabalho”, dirigida por Plekhánov). Lênin construiu, no decorrer de 3 ou 4 anos uma proposta de passagem do grupo fundacional para um partido de propaganda com implantação no movimento operário, isto é, a proposta prática de mudança de fase da organização russa. Por isso, neste artigo, Lênin começou discutindo que não se trata de uma questão de princípios, mas de um “sistema e de um plano de atividade prática”. Se trata de discutir o caráter da luta e de seus métodos. E aí é onde surgiram diferenças importantes com os “economicistas” e seu sucedâneo, o “ecletismo”. Lênin disse que “trabalhar para criar uma organização combativa e fazer agitação política é obrigatório em todas as circunstâncias.” Lênin criticou os economicistas que deram uma guinada das lutas econômicas para a defesa do terrorismo como tática principal. Lênin opinou que a situação política não era de ofensiva geral, apesar de haver lutas importantes no país de camponeses, de estudantes e operários:
“A princípio, nunca renunciamos nem podemos renunciar ao terror. O terror é uma ação militar que pode ser muito útil e até indispensável num determinado momento da batalha, com um determinado estado de forças e sob certas condições. Mas o cerne da questão é precisamente que o terror é agora defendido não como uma operação de um exército no campo, como uma operação intimamente ligada a todo o sistema de luta e coordenada com ele, mas como meio de agressão individual, independente e isolado de qualquer exército. E o terror não pode ser outra coisa quando falta uma organização revolucionária central e as organizações locais são fracas. É por isso que declaramos categoricamente que tal meio de luta nas atuais circunstâncias não é oportuno nem adequado; que separa os militantes mais ativos da sua verdadeira missão, que é mais importante do ponto de vista dos interesses de todo o movimento; isso não desorganiza as forças governamentais, mas sim as revolucionárias”.
A emergência de um novo momento do partido obrigava a decidir que métodos utilizar para entrar no movimento operário (participação combativa do partido nas lutas para elevar o nível de consciência da massa através da agitação e da propaganda ampla) ou o terrorismo individual. A proposta dos economicistas significou uma guinada muito grande: das lutas econômicas como tática central, para o terrorismo como tática central. Ambas colocam o movimento operário cuidando das lutas econômicas enquanto a política, a luta pela libertação e pela derrubada da autocracia, cabia à intelectualidade burguesa.
Lênin não negava o terror individual como tática (“heroicos atos isolados”), mas dizia que só era correto em determinadas circunstâncias da guerra revolucionária e que neste momento da Rússia, desorganizava as forças revolucionárias, principalmente como pretendia os economicistas, o terror como meio principal e fundamental de luta.
A partir daí, Lênin apresentou um plano prático de desenvolver o partido que constituiu principalmente na fundação de um jornal regular (periódico e sistemático) para toda a Rússia. Essa era a única forma, segundo Lênin, para fazer uma agitação e uma propaganda sistemáticas no movimento que estejam de acordo com os princípios marxistas e que tratem todos os aspectos (econômicos, políticos e teóricos). A proposta era esta porque o diagnóstico que fazia Lênin nesse período era que a principal enfermidade do partido era a dispersão local. E justamente essa dispersão local é a causa das vacilações e revisões do marxismo em curso. Já se havia dado um passo importante que foi despertar a classe operária com as denúncias econômicas, através de panfletos, nas fábricas. Agora era a hora de saltar para as denúncias políticas e isso só podia alcançar com um jornal político, regular e periódico, pois já tinha uma classe ávida para escutar essas denúncias: o proletariado, que chegou a um grau de concentração grande e já estão se formando os dirigentes revolucionários ligados a essa massa. A partir desse proletariado, este jornal penetraria no campesinato e na intelectualidade.
A missão do jornal era não só difundir ideias, educar politicamente e conquistar novos apoiadores “O jornal não é só um agitador e um propagandista coletivo, é também um organizador coletivo”.
Assim, Lênin traçou os principais instrumentos para ligar-se ao movimento operário e de massas e passar a segunda fase do partido, a fase da “infância e adolescência”: um jornal central, que organizaria os militantes, lhes daria a base para a agitação e a propaganda, somado aos folhetos, panfletos e outros materiais mais populares, para agitação de massas, inclusive para a luta econômica.
Aqui, Lênin traçou a ideia de um militante ativo, vinculado a uma organização e que participa ativamente do movimento, fazendo agitação, propaganda ou organização do partido e do movimento operário:
“Tal grau de disposição combativa só pode ser alcançado com a atividade constante, que se dedica um exército regular. E se unirmos forças para garantir a publicação de um jornal comum, esse trabalho irá preparar e desenvolver não só os mais hábeis propagandistas, mas também os mais hábeis organizadores, os mais capazes dirigentes políticos do Partido, que possam, no momento necessário, lance a palavra de ordem do combate decisivo e dirija-o.”
Em 12 de junho, a redação da “Iskra” recebeu uma carta entusiástica de um operário, comentando este artigo.
Neste mesmo mês, escreveu o artigo “Os perseguidores dos zemstvos e os Aníbal do liberalismo” para a revista teórica “Zariá”:
Neste artigo Lênin discute a orientação da autocracia de fazer pequenas reformas para dividir o movimento: pressionada pela luta camponesa e a situação internacional convulsionada, a autocracia foi obrigada a decretar o fim da servidão, em 1861, porém, entregou um terço das terras aos camponeses em troca de um resgate pago ao governo e aos nobres, que aprisionavam o campesinato russo e o levava à falência. Essas reformas eram subproduto de uma situação revolucionária na Rússia, que ameaçava explodir em insurreição camponesa. A nobreza e a burguesia liberal exigiam a convocatória de uma constituição geral para o país, tentando limitar o poder do Tzar. Porém, a autocracia convocou a formação de Zemstvos, órgãos de administração local, dirigida pela nobreza, consultivos, com autonomia limitada a questões econômicas locais e sem poder de decisão. Tanto o governador quanto o ministro do interior poderiam anular qualquer decisão destes órgãos. Portanto, iniciou uma transição controladíssima.
A autocracia tratava de introduzir o capitalismo paulatinamente na Rússia, mantendo sob controle das instituições feudais, combinando pequenas concessões para as massas e uma violenta repressão contra os movimentos revolucionários, especialmente a organização “Vontade do Povo”, populista, que utilizava o terror individual como método de luta.
Aqui já podemos nos apropriar de uma ideia que era patrimônio do marxismo no início do século XX: se trata da ideia de que todas as concessões (reformas parciais) que as classes dominantes fazem à classe trabalhadora e aos pobres em geral, resultam da luta do povo trabalhador e tem uma dupla “personalidade”: é conquista da luta que pode se converter no seu contrário, para desviar a revolução a adequar-se ao status quo, com modificações que não afetam os privilégios das classes dominantes.
Os liberais burgueses russos, não entendiam que as reformas, as concessões e as conquistas parciais resultavam da luta geral, por isso, se negavam a apoiar os movimentos revolucionarios da intelectualidade e tratavam de “negociar” com a autocracia seu programa: liberdade de palavra e de imprensa, inviolabilidade pessoal e assembleia constituinte.
Outra ideia, que era também patrimônio do marxismo de então, é que sem uma força social séria e organizada, coisa que a burguesia liberal não estava disposta a fundar, o regime autocrático não avançaria até a implantação de uma constituição na Rússia. Sem uma força revolucionária da classe proletária (ainda engatinhando) e um partido revolucionario firme e disciplinado (ainda se constituindo) toda a luta pela constituição retrocederia, como de fato ocorreu entre 1905 e 1907.
A inconsistência da oposição liberal burguesa, deu tempo suficiente para a autocracia se localizar perante a onda revolucionaria, manter-se no poder e até, no momento adequado, escantear a burguesia liberal.
A segunda parte do artigo debate com Struve, o marxista “legal” que exortava o Tzar a conceder os “zemstvos dotados de poder” senão a revolução violenta o derrubaria. Representava a posição da burguesia liberal que não estava disposta a enfrentar a autocracia e derrubá-la pela mobilização revolucionária, mas pelas reformas pacíficas e constitucionais, convocadas pela autocracia.
Ao discutir este artigo na redação do jornal se revelaram as diferenças de Lênin com Plekhánov e Axelrod (ambos membros, também, da redação da Iskra e Zariá) sobre as relações do proletariado com a burguesia liberal russa. Ambos sugeriram a Lênin mudar a orientação e o tom do artigo, para permitir relações amistosas com a burguesia liberal. Lênin fez todas as mudanças sugeridas no “tom” do artigo, mas se negou a modificar o conteúdo do artigo. Como se vê, as diferenças do Plekhánov foram se intensificando em pontos centrais do programa, da estratégia e da tática (sobre materialismo, sobre relações com a burguesia, sobre os métodos de conduta na direção entre outros).
O jornal Iskra foi publicando artigos que atualizavam os trabalhadores na política do governo e nas crises econômicas. Por exemplo, no artigo “Uma confissão valiosa”, Lênin historia todos os auges grevistas e como o governo fez pequenas concessões para derrotar o movimento. De forma simples, ele mostrou a força do proletariado e como o inimigo trabalhou para derrotar as greves. Em outro artigo “As lições das crises”, Lênin discutiu as causas das crises econômicas no capitalismo e foi dando exemplos concretos, como os lucros e produção do grande cartel petrolífero dos irmãos Nobel. Nomeou todos os grandes milionários da Rússia. Em outro artigo “Os senhores feudais em ação” mostrou que o governo entregou terras na Sibéria aos nobres com 3 mil hectares ou mais, para pagar em 37 anos e se arrendasse a terra não pagaria nos primeiros 5 anos. Na região de Ufá, esses nobres latifundiários compraram terras no valor de 60 mil rublos e em dois anos, venderam estas mesmas terras por 580 mil rublos! Aos camponeses se entregava 15 hectares, por família, sem facilidades de pagamento.
Assim foi educando, pelas páginas do Iskra ou de Zariá, a revista teórica, a vanguarda operária do país, ao mesmo tempo que formava uma coluna de quadros no marxismo.
Em setembro, Lênin escreveu o artigo “O problema agrário e os ‘críticos de Marx’”, fundamentando o programa agrário do POSDR:
Neste livreto, Lênin critica a visão de Bulgákov, economista da corrente marxista “legal”, próximo da corrente de Bernstein, que tentou refutar a visão de Marx sobre a “renda da terra”, quer dizer, uma renda que o proprietário ou arrendatário recebe por possuir ou arrendar a terra. Segundo Bulgákov, existiria uma lei universal, absoluta, que ocorre sim ou sim, da “fertilidade decrescente do solo”. Marx dizia que isso era relativo, pois dependia do desenvolvimento técnico, do nível das forças produtivas. Toda a produção mundial agrícola e industrial refutou essa visão de Bulgákov: diminuiu drasticamente a população rural enquanto aumentou vertiginosamente a produção agrícola. Bulgákov também pretendia provar que Marx estava errado quando dizia que o capital constante (máquinas e equipamentos) cresce com mais velocidade que o capital variável (mão-de-obra). Todo o desenvolvimento da agricultura nos últimos 200 anos mostrou que a produtividade da agricultura foi acompanhada necessariamente pelo crescimento mais rápido do capital constante em relação ao capital variável. Seria equivocado usar o argumento que essa produção capitalista em larga escala é destrutiva da natureza para negar essa lei geral da produção capitalista. Ela é destrutiva porque é usada para enriquecer um punhado de capitalistas que controlam a produção mundial de alimentos no século XXI. Isso não nega o salto da produtividade do operário por hectare usando máquinas modernas. Outro debate importante neste artigo se refere a comparação de produtividade entre a grande e a pequena propriedade rural. Bulgákov (e os bernsteinianos em geral, incluído os populistas russos) tratam de provar que a pequena propriedade é mais rentável que a grande. Para isso, modificam todos os dados estatísticos para provar algo que não ocorre na realidade: a única “vantagem” da pequena propriedade é que ela passa fome para poder colocar seu produto no mercado, além de estender a jornada para limites quase insuportáveis. Todas as estatísticas analisadas por Lênin (da Rússia, da Alemanha, da Inglaterra, etc.) dão uma superioridade muito grande à grande propriedade, seja pelo uso de máquinas, de adubos e de mão de obra assalariada em grande escala. Mas, isso importa pouco para quem quer provar a excelência da pequena propriedade, idealizando preconceitos “naturais” ou “morais”. Quando os marxistas analisavam que a grande propriedade era mais produtiva que a pequena propriedade rural, os ideólogos da pequena propriedade criticavam os marxistas porque diziam que isso ocorre porque havia uma superexploração do operário rural pelo grande proprietário. Porém, os marxistas ao dizer que a grande propriedade era tecnicamente mais produtiva não queria dizer que as condições de vida do trabalhador rural na grande propriedade melhoravam continuamente. Apenas, os marxistas faziam notar que os ideólogos da pequena burguesia embelezavam e idealizavam as condições de vida e trabalho da pequena propriedade sob o sistema capitalista. Para os marxistas, é necessário denunciar a mentira da burguesia que o pequeno produtor vai melhorar sua vida paulatinamente e convocá-los para lutar unidos ao movimento revolucionário do proletariado como única forma de salvação.
Lênin recebeu “A mulher trabalhadora”, primeiro folheto de Nádia Krupskaya, escrito no desterro siberiano, sobre a questão da opressão das mulheres trabalhadoras. Além de elaborar sobre a questão da mulher, Krupskaya será “a” organizadora do jornal “Iskra” e da revista “Zariá”, a partir de 1901, quando termina seu confinamento na Sibéria e ela vai encontrar Lênin no Estrangeiro. Ela seria a secretaria de organização do partido, um papel fundamental na organização dos militantes profissionais que estavam na Rússia. Ela que mantinha todos os contatos com os quadros na Rússia, a partir do jornal, que era quinzenal, no início do século XX. Krupskaya também elaborou muitos materiais sobre a educação e pedagogia (escrevia artigos para jornais), inclusive depois da tomada do poder ajudou na organização da nova escola, tendo alto cargo no Ministério da Educação soviético. Esse papel importante da Krúpskaya no partido, seguia uma tradição revolucionária das mulheres na Rússia. Estamos falando de um país que há 100 anos atrás vendia jovens mulheres no mercado, junto com outras “propriedades”. O código civil da Rússia tzarista obrigava a mulher a ter permissão do marido para ter passaporte ou para conseguir emprego. Conseguir o divórcio era praticamente impossível. A agressão à esposa por parte do marido não era aceitado como motivo para a separação. A partir de 1861, com a abertura de grandes transformações na Rússia, as mulheres entraram com tudo na luta revolucionária. Na direção da organização populista tinha várias mulheres como Vera Figner, Anna Korba, Olga Liubatovich, Sophia Perovskaya, Gesia Gelfman, Anna Yakimova, Tatiana Lebedeva entre outras. Sophia Perovskaya, de descendência da alta nobreza, foi responsável pelo assassinato do Tzar Alexandre II em 1881. Foi enforcada, junto com seus companheiros, em Praça Pública, cercada por 12 mil soldados. Na primeira organização marxista, A Emancipação do Trabalho, Vera Zasulich, que havia atentado contra o chefe de polícia de São Petersburgo, dando um tiro, que não foi fatal. Depois foi fundadora, junto com Plekhanov da organização marxista. Lênin trabalhou junto com ela na redação da Iskra por dois anos. Krupskaya estava seguindo essa tradição e o POSDR terá toda uma coluna de dirigentes revolucionárias profissionais dedicadas toda a vida ao partido e à revolução, como Inessa Armand, Alexandra Kolontái, Larissa Reissner, Vera Slutskaya, Eugenia Bosch, Ludmila Stal, Koncordiya Samoilova entre muitas outras. Estas eram dirigentes do Partido Bolchevique, porém foram mulheres operárias bolcheviques que dirigiram a revolução de fevereiro e cumpriram papel importante na revolução de outubro: Anastasia Deviátkina, operária industrial, que organizou um sindicato de esposas de soldados, Nina Aghadzanova, representante do distrito de Vyborg no Soviete de Petrogrado e Zenia Ezeghorova, Secretária do Partido em Vyborg, uma das organizadoras das ações nas barricadas de soldados entre muitas outras. Estas já eram expressão do grande crescimento de mulheres nas fábricas. Como vimos no episódio anterior, em 1897, já tinham 2,5 milhões de mulheres operárias industriais na Rússia (25% da mão de obra fabril). Em pouco mais de 50 anos, com a revolução socialista de 1917, como produto desta luta das mulheres, se conquistarão os maiores direitos sociais e uma legislação mais avançada que em qualquer país capitalista do mundo, conquistas que veremos no episódio correspondente.
O Governo Provisório não acabou com a guerra, ignorando as necessidades do povo trabalhador. Isso levou a novos protestos, muitos liderados por mulheres. Um exemplo foram as 40.000 lavandeiras organizadas em um sindicato liderado pela bolchevique Sonia Gonschárkaia.
Em setembro de 1901, Lênin foi o delegado das organizações Iskra e Zariá para um congresso que tentou realizar a unificação de 4 grupos socialdemocratas no estrangeiro. O congresso deu em nada, mas Lênin aí já foi o representante da corrente social-democrata mais forte na Rússia e fez o discurso central sobre a impossibilidade da unificação, pois uma parte destas organizações eram simpáticas ao Bernstein, ao terrorismo e ao economicismo:
“Devemos deixar claras as divergências que implicam, saber em que terreno se situa a União e se é possível a unificação ideológica, sem a qual a unificação orgânica não tem sentido: não procurámos e não poderíamos procurar uma unificação desse tipo.” (…) Não devemos esquecer que, sem uma base ideológica comum, não podemos sequer falar de unificação.”