qua jul 24, 2024
quarta-feira, julho 24, 2024

Voto crítico contra Bukele, sem apoio político à oposição

Parar o avanço do autoritarismo.

DECLARAÇÃO DA PLATAFORMA DA CLASSE TRABALHADORA – LIGA INTERNACIONAL DE TRABALHADORES – ANTE AS ELEIÇÕES DE 4 DE FEVEREIRO EM EL SALVADOR

O que fazer neste 4 de fevereiro?

Depois de quase 5 anos do “novo” governo Bukele, muita água correu por baixo da ponte e embora muitos afirmem o seu “sucesso” na segurança devido ao “combate frontal” contra as gangues, estamos testemunhando à deriva autoritária do regime em El Salvador e como conseguiu apoderar-se das instituições “democráticas”. O que lhe permitiu avançar na consolidação do seu poder absoluto, apoiado pelo seu grupo de deputados servis, elegendo funcionários de segundo nível que respondem às suas ordens e interesses, controlando o Ministério Público, o Supremo Tribunal de Justiça e todas as instituições públicas, que representam qualquer grau de poder e influência na população, de modo que aos poucos se consolida uma autocracia que anuncia cada vez mais um processo ditatorial. O papel do exército na vida quotidiana está cada vez mais presente e a perseguição e criminalização dos dissidentes é real, resultando na prisão de dezenas de líderes sociais, sindicais e populares, e inclusive alguns que perderam a vida nas mãos do Estado salvadorenho. É por isso que surge a questão do que fazer nestas eleições. Não é uma resposta fácil da esquerda revolucionária e da vanguarda da classe trabalhadora salvadorenha.

Ditadura à vista

A instalação plena de uma ditadura em terras salvadorenhas já está prevista, ao virar da esquina. Por esta razão e para conter, frear e deter esta instauração, ao contrário de outras ocasiões em que chamamos ao voto crítico nas opções da classe trabalhadora, à anulação do voto por falta de alternativas classistas ou à construção das nossas próprias candidaturas, como em 2015, quando lançamos a primeira candidatura independente e socialista, acreditamos que neste momento histórico é importante não ficar em casa, nem anular o voto, mas sim é preciso VOTAR CONTRA BUKELE, de forma crítica. sem que isso signifique APOIO POLÍTICO às expressões da oposição política ao regime, uma vez que também está demonstrado que elas não respondem às aspirações e interesses da classe trabalhadora. É importante lembrar e não perder de vista que Bukele é uma cria dos 20 anos da ARENA e dos 10 anos da FMLN no governo, e seu péssimo papel governando o país foi o que sustentou o atual governo. No entanto e apesar do nosso chamado, insistimos: é para parar a facilidade com que o atual regime aprova leis contrárias aos interesses históricos da classe trabalhadora e dos salvadorenhos. Bukele diz que com um deputado a menos não conseguirá mais fazer tudo o que vem fazendo. Esse é o objetivo, ter menos deputados que se dediquem apenas a “apertar botões” seguindo as ordens do presidente, que conseguiu instalar no coletivo popular a ideia de que a segurança que os salvadorenhos desfrutam atualmente se deve ao regime de exceção. Mas a cada nova informação que vem à tona, fica comprovado que é apenas uma desculpa para manter contidas as vontades legítimas da classe trabalhadora, além de mostrar não apenas os abusos do regime, mas também suas mentiras e duas caras ao negociar por baixo da mesa e depois procurar corrigir os graves erros que cometeram nessa mesma negociação com gangues. Além disso, embora haja um clima de segurança, o problema não está resolvido, porque as causas do mesmo não estão resolvidas, que são a pobreza, a marginalização e a falta de oportunidades, além de problemas estruturais como os problemas econômicos, que o atual governo Bukele não pode resolver porque é um governo que representa os interesses da burguesia.

Construir o instrumento político da classe trabalhadora e do povo

Este voto crítico na oposição, sem apoio político, é apenas a resposta à situação das eleições e o freio ao regime, no entanto acreditamos que é uma tarefa difícil e talvez não consigamos atingir o objetivo. A grande tarefa para o dia permanece posto: a construção do instrumento político da classe trabalhadora e do povo. Dado que este instrumento não existe hoje, vemos a necessidade de chamar a um voto crítico à oposição, sem que isso signifique dar-lhes o nosso apoio político, pois só deveríamos dá-lo ao instrumento que conduz à vitória da classe trabalhadora contra o regime que o oprime e explora. É por isso que a grande tarefa que devemos empreender agora é A CONSTRUÇÃO DO INSTRUMENTO POLÍTICO DA CLASSE OPERÁRIA E DO POVO que seja responsável por retomar o rumo revolucionário, e construir um governo da Classe Trabalhadora, que exproprie os grandes empresários para colocar toda a riqueza que geramos a serviço dos interesses da classe trabalhadora e dos povos.

E o que acontecerá na segunda-feira, 5 de fevereiro?

No entanto, estamos convencidos de que mesmo que nós, como povo, consigamos acabar com a facilidade da extrema direita representada por Bukele, Nuevas Ideas e seus partidos satélites, os ataques à classe trabalhadora e ao povo e às suas condições de vida continuarão e piorarão. Por isso acreditamos que nestes tempos que vivemos é necessária uma verdadeira UNIDADE DE AÇÃO DOS SETORES EM LUTA para defender as liberdades democráticas de todos os setores. Não concordamos ideologicamente, mas temos um interesse comum, que é acabar com os abusos do governo e a sua definitiva consolidação numa ditadura plena. É urgente a construção e consolidação de uma Coordenadora de Resistência para poder travar estes ataques a partir de segunda-feira, essa é a tarefa. Insistimos na convocação de um Encontro Nacional da Resistência, para dotá-lo de programa e estrutura, e que vote um Plano Unitário de Luta para enfrentar este duro período de ataques que se aproxima.

O dia 4 de fevereiro é uma data importante que será um divisor de águas na história de El Salvador, ao impor “democraticamente” uma Ditadura que começará a mostrar suas garras no período atual. A partir da Classe Trabalhadora e do Povo que que temos que se preparar para enfrentar as batalhas que estão por vir.

VOTO CONTRA BUKELE, SEM APOIO POLÍTICO À OPOSIÇÃO!

PARAR O AVANÇO DO AUTORITARISMO EM EL SALVADOR!

PELO ENCONTRO DAS RESISTÊNCIAS!

PELA CONSTRUÇÃO DA COORDENADORA DE RESISTÊNCIA!

CONSTRUIR O INSTRUMENTO POLÍTICO DA CLASSE TRABALHADORA E DO POVO!

Plataforma da Classe Trabalhadora- SEÇÃO Salvadorenha da Liga Internacional dos Trabalhadores Quarta Internacional

São Salvador, 2 de fevereiro de 2024

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