Colapso ambiental é produto da barbárie capitalista
É reconhecida a característica de Lula de tentar combinar coisas antagônicas. Por isso, sempre diz que faz um governo para todos. Ricos e pobres. Patrões e trabalhadores. Esquerda e direita. Isto muitas vezes é tido como uma virtude por parte da população. O problema é que esta divisão e a desigualdade social não são criações da cabeça das pessoas.
Por: PSTU Brasil
Elas existem de verdade. Existem apenas 2.544 bilionários entre sete bilhões de pessoas. Eles detêm US$ 12 trilhões que, em sua maior parte, foram herdados, segundo levantamento do banco suíço UBS. Enquanto isso, bilhões de trabalhadores e trabalhadoras que não têm riqueza alguma precisam viver diretamente do seu trabalho. Esses bilionários, que controlam as grandes empresas capitalistas, dominam os países e promovem seus interesses por todo o planeta.
Conciliar o irreconciliável
Ou seja, a impossibilidade de Lula em conciliar os interesses antagônicos não é uma questão de opinião política. É evidenciado pelos próprios fatos da realidade. Quando uma empresa como a GM quer demitir milhares, pressiona por mais isenção fiscal, enquanto não investe no país e tenta rebaixar salários, fica evidente como os interesses dos capitalistas estão contrapostos aos interesses dos trabalhadores. Tudo isso em nome do aumento de seus lucros diante da competição das montadoras.
Quando vemos o resultado da privatização da ENEL, empresa de energia em São Paulo, e a insistência do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) em privatizar a Sabesp (companhia de saneamento e água), fica demonstrado como o seu governo está a serviço dos ricos.
Mas e o governo Lula diante das privatizações? Nos discursos, diz que é contra a privatização, mas, na prática, privatiza de outro maneira, por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Nem reverte as privatizações dos governos anteriores nem luta contra as privatizações dos governos estaduais da direita. Pelo contrário. Vem fazendo acordos e financiando vários projetos privatistas.
O projeto de Lula é uma espécie de neoliberalismo induzido pelo Estado, com relativo aumento dos gastos públicos. É diferente daqueles setores que defendem um neoliberalismo com menor participação do Estado, como Bolsonaro.
Mas, o certo é que quem segue ganhando, apesar dessa mudança na política, são os setores capitalistas. Por isso, tivemos a aprovação do Arcabouço Fiscal, cortes de verbas das áreas sociais, Reforma Tributária e outras medidas para favorecer empresários, além de uma política industrial para garantir o lucro dos empresários em detrimento do trabalhador.
Se seguirmos nessa toada, o problema não é só que os trabalhadores ficarão sem direitos, sem salários ou com péssimas condições de vida. É possível que o colapso ambiental destrua a civilização.
Sede por lucros aprofundam crise ambiental
Na situação escandalosa de Maceió, a Braskem, que é fruto de uma privatização, está afundando e destruindo grande parte da cidade. Ali, se combinam a busca por lucros, o papel nefasto dos governos, mas, também, a falsidade do discurso que tenta conciliar capitalismo com proteção do meio ambiente.
O planeta está registrando temperaturas recordes. O aquecimento global, produto da emissão de CO2 na atmosfera, ameaça as condições de vida de grande parte da humanidade. Basta vermos os desastres cada vez mais frequente e fatais.
Por isso, o fiasco da conferência da COP-28 (conferência do clima da ONU) é um verdadeiro escândalo. Ao invés de ser uma reunião que resultasse em medidas efetivas para redução das emissões, diminuindo a produção e uso dos combustíveis fosseis, o que se viu foi um show de hipocrisia e negociatas capitalistas, em nome da indústria do petróleo ou dos “capitalistas verdes”.
Mais uma vez, a dubiedade de Lula ficou evidente. Ao mesmo tempo em que fez um discurso como se fosse embaixador da sustentabilidade e da “economia verde”, Lula aprovou a entrada do Brasil na Opep+. Tanto ele quanto o presidente da Petrobras reafirmaram seu compromisso de extrair tanto petróleo quanto for possível, inclusive na foz do Amazonas.
O fato é que os países ricos são os responsáveis pela catástrofe ambiental. Suas multinacionais seguem lucrando com a energia suja e a energia limpa.
Por isso, também é bastante sério que Lula foque seu suposto projeto de desenvolvimento no petróleo, e não em energias renováveis. Isso só aprofundará a decadência e a dominação do Brasil pelos países imperialistas, valendo lembrar que as multinacionais já estão entrando aqui para disputar o atual mercado de petróleo; mas, também, o futuro mercado de energia eólica e solar. Inclusive o sistema elétrico nacional já foi praticamente desnacionalizado. Isso é um ataque à nossa soberania.
Em defesa do meio ambiente na luta contra a recolonização
É preciso transformar a Petrobras numa empresa 100% estatal, controlada pelos trabalhadores e pelo povo, que produza energia 100% renovável, não fóssil e sem emissões de CO2. Para isso, seria preciso um volume de capital gigantesco, mas que, hoje, vai para os bolsos dos acionistas bilionários.
Por isso, é preciso reestatizar a Petrobras, a Eletrobras e expropriar essas multinacionais, colocando-as sob controle dos trabalhadores e do povo. Só assim conseguiríamos implementar uma mudança da matriz energética de maneira rápida e eficiente.
Mais importante: chamando uma mobilização mundial para derrotar os governos imperialistas, os negacionistas do clima e as multinacionais do petróleo, rumo a uma nova sociedade. Uma sociedade socialista em que o metabolismo social entre os seres humanos e a natureza estivesse a serviço da vida, dos mais pobres e do planeta. E não a serviço de um punhado de bilionários.
Derrotar o capitalismo
Nenhum setor capitalista se diz contra a transição energética, mas seguem com planos para a extração de máxima de petróleo em todo mundo. Mesmo os capitalistas que investem em energia verde não o fazem por conta do meio ambiente, mas para criar novos ramos de produção, aonde possam enriquecer ainda mais. E enquanto tiver capitalismo, continuará existindo as consequências danosas para a natureza, basta ver a destruição causada pelas turbinas eólicas.
A matriz energética atual é um desastre. E a suposta transição energética é lenta, insuficiente e nos leva à barbárie ambiental. Tudo em nome dos lucros, da disputa de mercados e do controle de tecnologia. O problema é que a natureza não está nem aí para o crescimento do PIB, as taxas de lucro ou os índices de produtividade.
A humanidade, no final das contas, está em risco. Não por uma perversidade das forças naturais, mas por sua própria obra. A raiz do perigo é a forma como a sociedade é organizada neste sistema capitalista, no qual até mesmo criações humanas, como o “PIB”, o “lucro” e a “apropriação privada”, ganham uma força sobrenatural e levam a humanidade a sua própria destruição.
É por isso que precisamos construir uma organização revolucionária nacional e internacional, para deter a barbárie e mudar o país e o mundo.