sáb maio 25, 2024
sábado, maio 25, 2024

Em 28 de novembro, São Paulo vai parar contra as privatizações do governo Tarcísio

Readmissão dos oito metroviários demitidos também é parte das reivindicações

Por: Deyvis Barros

O governador Tarcísio Freitas (Republicanos) segue com seu plano de vender São Paulo para que grandes empresários lucrem com a prestação de serviços públicos, mesmo que isso cause desastres, como o apagão patrocinado pela empresa privada de energia, a Enel, que deixou mais de 2 milhões de pessoas sem luz nas últimas semanas.

A sanha privatista do governador é tão grande que ele está buscando concretizar a venda da Sabesp (empresa estadual de saneamento) até o final deste ano. Junto com isso, contratou estudos milionários para privatizar o Metrô e a CPTM (empresa de trens).

Ainda na última semana, Tarcísio anunciou que vai construir 33 escolas estaduais com administração privada. Não bastasse um currículo cada vez mais voltado para as necessidades do mercado, o governador quer entregar a gestão da Educação diretamente para os empresários.

E vai viabilizar isso utilizando o mecanismo das Parcerias Público Privadas (PPPs), criado pelo primeiro governo Lula, em 2004, e com recursos federais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Plebiscito Popular

Povo trabalhador de São Paulo está contra as privatizações

O plebiscito popular promovido pelos sindicatos, com apoio de vários movimentos, partidos e centrais sindicais, como o PSTU e a CSP-Conlutas, recolheu cerca de 897 mil votos. 99,9% desses votaram contra as privatizações.

O resultado é uma demonstração de que a população já fez a experiência com os serviços privados e está contra a venda das empresas públicas.

Não poderia ser diferente. Desde a privatização das linhas 8 e 9 da CPTM, as falhas, panes e descarrilamentos são recorrentes. Já o apagão da Enel foi o caso mais grave de uma rotina de transtornos que a população sofre com a administração privada da energia, em especial nas periferias.

28 de novembro

Vem aí uma nova greve unificada contra as privatizações

No dia 3 de outubro, a greve do Metrô, dos trens e do saneamento parou São Paulo e, segundo pesquisa realizada pelo portal UOL, contou com apoio de 84% da população.

A força da primeira greve e do plebiscito popular contra as privatizações, bem como a aceleração do projeto de privatizações de Tarcísio, trouxeram ainda mais sindicatos e movimentos para a construção de uma segunda greve, em 28 de novembro, inclusive os professores.

Agora, a convocação da greve também incorporou a exigência de readmissão dos oito metroviários demitidos por lutarem contra os ataques do governo.

Centrais, movimentos e partidos precisam unificar e impulsionar a luta

Um plano de lutas, que combine as greves com o plebiscito e as mobilizações populares contra as privatizações, pode derrotar o plano privatista de Tarcísio. Mas, para isso, é preciso unificar essa luta. As grandes centrais sindicais precisam mobilizar suas bases e convocar a paralisação contra as privatizações e pela reestatização das empresas privatizadas.

Também é preciso que as direções dos partidos que estão formalmente contra as privatizações se somem à luta sem titubear. É inaceitável, por exemplo, que figuras públicas, como Guilherme Boulos (PSOL), preocupadas com o impacto eleitoral em sua candidatura à prefeitura de São Paulo, não coloquem toda sua influência a serviço da construção da greve.

Programa

Contra todas privatizações! Reestatização das empresas privatizadas!

Serviços privados significam tarifas mais altas e pior qualidade, pois só atendem aos lucros dos empresários.

Mas, nossa luta não pode parar no impedimento das privatizações em curso. A Sabesp, hoje, por exemplo, já não é uma empresa 100% estatal. Na verdade, o governo de São Paulo possui apenas 50,3% das ações. O resto é negociado nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova Iorque.

É essa burguesia, seja ela nacional ou estrangeira, que vive da especulação e lucra com a piora dos serviços e com a falta d’água na periferia. Por isso, hoje, é preciso incorporar a luta para que empresas e serviços públicos sejam 100% estatais.

A distribuição de energia também precisa ser reestatizada. O pedido do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de cancelamento do contrato da Enel é absolutamente insuficiente e demagógico. Nunes também é responsável pelo apagão. Mas ele não é o único.

Na luta contra as privatizações, é preciso enfrentar o governo Lula

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), controlada pelo Governo Federal, é a responsável por fiscalizar e, inclusive, cassar o contrato das empresas que administram esse serviço. Lula precisa cassar o contrato da Enel e estatizá-la, imediatamente, e o mesmo deve acontecer com a Eletrobrás, privatizada sob o governo Bolsonaro.

A luta contra as privatizações ainda precisa enfrentar a lei das PPPs, do governo Lula, e a utilização pelo governo federal dos recursos do BNDES para financiar privatizações, como está sendo feito, agora, com a concessão de escolas em São Paulo e com a construção de um presídio privado, no Rio Grande do Sul.

Não menos importante, precisamos lutar pela entrega do controle das empresas e serviços públicos nas mãos de trabalhadores, trabalhadoras e usuários dos serviços. A forma atual de administração, na qual as decisões são tomadas por empresários, especuladores ou apadrinhados políticos, serve apenas aos seus lucros. Uma administração formada por quem usa e trabalha é a única forma de atender aos interesses dos que necessitam os serviços.

Entrevista

Tarcísio demitiu 8 metroviários para tentar intimidar movimento. Exigimos readmissão, já!

Depois da greve de 3 de outubro, o governo Tarcísio resolveu golpear os setores que estavam à frente da luta contra as privatizações e demitiu oito metroviários, além de suspender um outro. Entre os demitidos, estão quatro diretores do sindicato, inclusive o atual vice-presidente, Narciso Soares, e um ex-presidente, Altino Prazeres, ambos militantes do PSTU.

Não é a primeira vez que isso acontece. Na greve da categoria em 2014, o então governador Geraldo Alckmin (hoje no PSB e vice-presidente do governo Lula) demitiu 42 metroviários. Com bastante luta, esses trabalhadores e trabalhadoras foram readmitidos.

Hoje, a luta contra as privatizações de Tarcísio se combina com a luta pela readmissão daqueles que resistem contra elas. O Opinião entrevistou o vice-presidente do Sindicato dos Metroviários e um dos demitidos, Narciso Soares.

Em primeiro lugar, toda nossa solidariedade diante da perseguição e demissão pelo governo Tarcísio. Você, os outros sete metroviários demitidos e a categoria estão na vanguarda da luta contra as privatizações. Qual relação você vê entre as demissões e essa luta?

Obrigado pela solidariedade. Nós temos recebido muito apoio dos movimentos sociais e da população. Tanto em relação à luta contra as privatizações, quanto pela readmissão.

O plebiscito contra as privatizações mostrou que a população está radicalmente contra elas. Conhecemos as falhas e descarrilamentos nas linhas 8 e 9 da CPTM (trens). Agora, a Enel está deixando uma multidão sem luz.

A greve foi mais um passo para mostrar que a privatização é uma desgraça e a população apoiou o nosso movimento, por isso Tarcísio perseguiu quem estava à frente dessa luta e preparando os próximos passos dela. O objetivo é tentar amedrontar e barrar o avanço da luta contra as privatizações. Mas, nós não somente não iremos nos amedrontar, como vamos fortalecer a greve.

Tarcísio já enviou pra Assembleia Legislativa um projeto para privatizar a Sabesp. Pretende privatizá-la ainda esse ano, no meio do caos do apagão elétrico. Muitos trabalhadores temem que a privatização do saneamento e da água tenha o mesmo efeito da privatização da energia. Você acha que existe esse risco?

Com certeza. A privatização da Sabesp, se for efetivada, vai trazer um grande prejuízo para a população. Onde a água e o saneamento já foram privatizados, como no Rio de Janeiro, o serviço piorou muito e tem vezes que a água chega nas torneiras quase com a mesma qualidade de um esgoto. O preço da tarifa também aumentou muito.

Na Bahia, o saneamento foi privatizado pelo governo petista no estado e, hoje, a tarifa social para a população de baixa renda custa R$ 70,00. Enquanto em São Paulo, em que a Sabesp ainda é estatal, o valor é de R$ 20,00. Essa conversa de que a privatização vai trazer melhorarias para o povo não se comprova na realidade.

Por isso, vamos seguir lutando contra o conjunto das privatizações. Tanto as de Tarcísio, em São Paulo, quanto as que Lula está fazendo em nível federal.

A greve marcada para 28 de novembro contra as privatizações e, agora, também pela readmissão dos metroviários demitidos, está somando, além dos trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp, outros setores como os professores. Como está a construção dessa greve nas bases e com as direções?

O dia 28 vai ser um importante dia de luta, ainda maior do que foi o 3 de outubro. Os metroviários, ferroviários e trabalhadores do saneamento vão parar, e outros setores estão se somando, como os professores. Algumas fábricas estão indicando paralisações.

Nós achamos que as direções das grandes centrais sindicais deveriam jogar mais peso nessa luta e isso seria fundamental para pressionar ainda mais o governo Tarcísio. E também para nacionalizar a luta contra as privatizações e os ajustes nos estados. A localização da maioria dessas centrais dentro do governo Lula impede que façam uma luta coerente contra as privatizações.

Da nossa parte, vamos seguir mobilizando os trabalhadores e trabalhadoras nos locais de trabalho e buscando construir esse processo unitário, para que consigamos parar o conjunto das categorias no dia 28, expandir essa unidade para mais categorias, exigindo das centrais que mobilizem suas bases, tanto em São Paulo quanto nacionalmente, contra as privatizações e os ajustes.

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