qua jul 24, 2024
quarta-feira, julho 24, 2024

Argentina: Rumo ao 36º Encontro Plurinacional de Mulheres e Diversidades


O Encontro Plurinacional de Mulheres e Diversidades já é um evento de reconhecimento latino-americano e mundial. No longo fim de semana de outubro em Bariloche, milhares de toda a Argentina nos encontraremos para discutir problemáticas específicas das mulheres e diversidades.

Por: Isabel Morales- Candidata a Deputada Nacional -PSTU Argentina

A campanha eleitoral e os candidatos do ajuste

Este encontro acontece a poucos dias das eleições e parece que o debate central é sobre como garantir a continuidade dos direitos adquiridos até agora graças aos anos de luta nas ruas. A candidata a vice de Javier Milei, Victoria Villarruel, que reivindica a última Ditadura e o terrorismo de Estado, já expressou sua vontade de ir contra a legalização do aborto, a cota de trabalho para travesti trans, o casamento igualitário, etc.

É muito lógico que exista esta preocupação, e a ameaça é real se um candidato como Milei ganhar as próximas eleições. Esta fórmula presidencial quer devolver as mulheres e todos os setores oprimidos ao obscurantismo. Evidente que não podemos permitir.

Entretanto, o governo de Alberto Fernández e o candidato desse espaço, Sergio Massa, hoje Ministro da Economia, também não vão garantir sequer questões básicas que eles mesmos prometeram ao assumir o governo. Fernández prometeu acabar com o “patriarcado”, porém não destinou quase nada do orçamento para combater a violência machista. O aborto e a cota de trabalho para travesti trans estão regulamentados, mas não são garantidos em muitos lugares, as casas de abrigo para proteger as vítimas da violência machista e seus/suas filhos/as deveriam ser multiplicadas, mas nada disto foi sustentado com um orçamento condizente com a urgência das necessidades. O governo “nacional e popular” optou por continuar honrando seus acordos com o FMI e as multinacionais que todos os dias saqueiam o bolso das famílias pobres e trabalhadoras, muitas delas sustentadas fundamentalmente por mulheres.

As famílias trabalhadoras estão cada vez mais pobres

Com uma desvalorização brutal, aumento dos preços de alimentos e tarifas, as famílias trabalhadoras estão cada dia mais pobres. A devolução do IVA ou medidas semelhantes anunciadas nos últimos dias não é suficiente, se cada vez o salário compra menos. Nós mulheres continuamos caindo em uma diferença salarial cada vez mais profunda em relação aos homens que realizam as mesmas tarefas. Somos nós quem carregamos em nossas costas os custos de uma saúde e uma educação cada vez em piores condições. E a lista de promessas não cumpridas continua…

E, apesar disto, direções como Ni Una Menos, bem como os sindicatos seguem o Governo quase sem protestar, dando seu aval concretamente ao ajuste que pagamos todas e todos. Há tempos que já não esperamos nada delas ou deles.

Aprofundar a luta e a organização

Mais além de que há 36 anos este espaço é muito valioso para todas as mulheres e agora diversidades, para reconhecer os problemas comuns que temos, o Encontro para por aí. Nele participam mulheres dos partidos que governam para os ricos, que dão seu aval ao ajuste e à entrega dos nossos recursos, longe das urgências da classe trabalhadora. Muito pouco podemos avançar “abraçadas” com aquelas que depois votam contra nós no parlamento ou que nos dizem que não há como sair para lutar contra os governos da fome. A saída para nós não é por aí.

O PSTU e Lucha Mujer vamos ao Encontro para levar nosso programa de luta e organização para a Revolução. Para dizer que o caminho é o das jujeñas, à frente da luta, defendendo-se da repressão do Estado. Que é urgente derrotar o plano de ajuste e saque dos nossos recursos, rompendo com o FMI e a Dívida que nos condena à miséria.

Para isso, queremos propor a luta junto com aqueles que todos os dias saem para buscar o sustento em cada fábrica, mina, poços petrolíferos, na construção, enfim, junto aos nossos companheiros trabalhadores. Temos que levar às reuniões e assembleias os debates que façamos no Encontro, porque nesse espaço, sim, podemos tomar decisões, votar como lutar pelas reivindicações femininas e dos demais setores oprimidos. E convencer-nos de que temos que tomar a solução dos nossos problemas em nossas mãos e para isso, devemos dar um passo à frente e nos governar no caminho de construir uma Argentina Socialista, conquistando a vida que merecemos.

Extraído de http://pstu.com.ar 20 de setembro de 2023

Tradução: Lílian Enck

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