Entrevista: “Em Angola governa a ditadura do MPLA”
Entrevista a José Gomes Hata, Movimento Terceira Divisão de Angola
Bom dia a todos e todas. Angola é um país localizado em África. Mas concretamente na África austral. Têm cerca de 30 milhões de habitantes e um milhão dois-centos mil quilômetros quadrados. Faz fronteira ao Norte com a República Democrática do Congo, ao Sul com a Namíbia, ao Oeste com a Zámbia. Eu sou José Hata, falo em nome do Movimento Terceira Divisão. Um movimento que começa na arte, no ano 2003, na música na Angola, como instrumento de expressão, mas que fruto da “primavera árabe” começamos a nossa participação política e protestávamos e protestamos contra a longevidade do poder.
Porque desde o 12 de novembro de 1975 até a data presente somos governados pelo mesmo partido, o MPLA (Movimento Pela Libertação de Angola). Ainda hoje protestamos contra a longevidade no poder e a ausência de democracia. O que nos valeu em 2015 uma acusação de “tentativa de golpe de Estado”. Eu fui preso desde julho de 2015 até julho de 2016, sob essa acusação e tentar assassinar ao presidente, o que é uma loucura. Eu e outros companheiros: éramos sete no total, dois deles membros da Terceira Divisão.
Depois desse processo, continuamos com a nossa luta e houve outras prisões. Eu fui preso no ano 2020 e julgado e condenado. Pouco tempo, mas fui raptado em 2021 e várias outras perseguições. Eu trouxe para aqui essa acusação que não tem sentido para dizer que Angola é um estado ditatorial. É um estado onde não é fácil conseguir as liberdades fundamentais, não é fácil para as associações cívicas, não é fácil para os sindicatos. Como o sindicato dos professores porque a educação fundamental é um setor onde o estado quer ter muito controle. E também o sindicato dos professores do ensino universitário público.
Por isso, eu estou aqui para solicitar o vosso apoio. Não tem luta progressista sem apoio, Era assim no passado no colonialismo português e agora porque Angola é uma ditadura. Os líderes que vieram no período pós-colonial, todos tiveram apoio do exterior. Até sua armação fizeram no exterior. Nós infelizmente, parece que retrocedemos.
Eu venho aqui, repito mais uma vez para pedir o vosso apoio porque defender-se numa luta interna num país ditatorial é quase impossível. Nós estamos lá a lutar em Angola, mas vosso apoio é determinante para o resultado dessa luta que se pretende progressista.
Muito obrigado e agradeço vossa atenção