sáb out 12, 2024
sábado, outubro 12, 2024

Colômbia: crise nas alturas, o governo e seus chamados à mobilização

As centrais operárias CUT (Central Única de trabalhadores) e CTC (Confederação de trabalhadores da Colômbia) (a CGT – Confederação Geral do trabalho – se declarou “independente”), os sindicatos estatais e o presidente Petro, convocaram uma mobilização para o dia 7 de junho. Segundo eles em defesa das reformas sociais e contra o suposto “golpe brando” orquestrado pela direita.

Por: PST Colômbia

Esta convocatória, é feita em meio a uma verdadeira crise política nas alturas. Além dos problemas da Paz Total e a escalada violenta que assola várias regiões, a crise ministerial de há um mês e o atolamento dos projetos de reformas, o Governo e o Pacto Histórico enfrentam agora os escândalos que brotam de suas próprias entranhas. Primeiro, foram as acusações contra Nicolás Petro, depois as sanções contra Alex Flórez e as investigações contra vários parlamentares do pacto, e o mais recente, o escândalo das “chuzadas” (interceptações ilegais) e o abuso de poder de sua chefe de gabinete Laura Sarabia, abre todo um escândalo que envolve a um dos aliados burgueses mais importantes de Petro, Armando Benedetti. Com a filtragem e publicação pela Semana de áudios, nos quais aparecem mais elementos de corrupção e clientelismo, se mostra a verdadeira natureza de Benedetti.

A burguesia ligada ao uribismo e aos sindicatos assumiu sua derrota eleitoral há um ano com uma política de oposição e obstrução de qualquer tentativa de reformas que questionassem seus privilégios e seu modelo selvagem de acumulação de lucros. Para isso, não apenas se opuseram com unhas e dentes aos projetos de reforma de Petro, mas também usaram a mídia a seu serviço para desprestigiá-lo. A isto somam-se as crescentes tensões do Governo com o Procurador Barbosa e os tribunais superiores, que mostram uma dimensão institucional da mesma luta.

A grande imprensa burguesa, tem a linha editorial de procurar, aumentar e deformar cada escorregão do Governo. Nesta campanha, não só exibem um arsenal de falácias, intrigas, manipulações e a frivolidade disseminadas pelas redes sociais. Também apelam aos piores preconceitos racistas, machistas e arrivistas, especialmente contra Francia Márquez. Ao mesmo tempo, protegem descaradamente a cara do uribismo e da rançosa burguesia diante seus crimes, colocados mais uma vez a descoberto pelas declarações do paramilitar Mancuso diante da JEP- Jurisdição Especial pela Paz; onde se evidencia como o paramilitarismo é uma estratégia do regime que beneficiou e integrou a burguesia de conjunto.

As contradições, erros, políticas equivocadas e concessões à burguesia corrupta e clientelista que integram o governo, somadas aos vícios oportunistas das burocracias sindicais e do reformismo, configuram um coquetel explosivo que não pode produzir outra coisa senão manifestações dos velhos vícios da política burguesa, essa velha e podre política dos governos anteriores que desgraçadamente se reproduz no novo governo.

As alianças com Benedetti, Roy Barreras e aqueles que ainda passam por aliados, como Alfonso Prada e Luis Fernando Velasco entre outros, foram feitas por Petro durante toda a campanha, com plena consciência de quem são. E assim foram integrados ao governo, e lhes foram outorgadas cotas burocráticas e clientelistas. O projeto de Petro, materializado no Pacto Histórico implica a aliança consciente e premeditada com estes setores podres.

Nós do PST, alertamos em múltiplas ocasiões sobre estes personagens e as alianças com os velhos partidos burgueses; do erro de confiar neles. Estes personagens que entraram no Pacto Histórico sem serem da esquerda nem virem da classe trabalhadora, são oportunistas que sempre fizeram política de forma clientelista e corrupta, usando as instituições do Estado em benefício pessoal e continuam fazendo. Mas, finalmente é o próprio Petro o responsável de tê-los colocado no Pacto Histórico e no Governo, com sua política de conciliação e colaboração de classes.

Golpe Brando ou validar o vale -tudo?

O termo “golpe brando” surge como parte da política imperialista que denominamos “reação democrática”, é recorrer à democracia burguesa e a certas liberdades democráticas para desmontar processos revolucionários e governos incômodos quando não podem recorrer à invasão ou ao golpe militar. Segundo a teoria do “golpe brando”, pode-se derrubar governos por meio de uma combinação de manipulações, conspirações e enfrentamento institucional. Este termo também tem sido usado pela esquerda reformista para defender os chamados “governos progressistas”, justificando as alianças e colaboração com a burguesia, calando qualquer crítica ou questionamento vindo de baixo e instrumentalizando a mobilização somente para respaldar os interesses do governo. Dessa forma impedem a independência política e organizativa das massas.

É verdade que existe uma campanha de desprestígio consciente e sistemática e que inclusive há setores da ultradireita abertamente golpistas que procuram abrir um campo, buscando desesperadamente que a burguesia tradicional recupere as rédeas do Estado para voltar a governar pessoalmente. Apesar disso, não vemos que se configure até o momento nenhum tipo de golpe, nem acreditamos que os escândalos sejam produto de uma conspiração da direita. Também não descartamos que dentro das opções que apresentam, pelo menos um setor da burguesia, esteja a favor de uma saída golpista, mas caracterizamos que esta não é sua política majoritária atualmente, nem é a política do imperialismo. A política majoritária continua sendo a campanha de desprestígio e obstrução. Suas denúncias são cínicas e descaradas e as usam de forma oportunista para encobrir seus próprios crimes. Temos que rejeitar toda manifestação reacionária da direita e qualquer tentativa de organização golpista.

Usar a mobilização e a teoria do golpe brando para cerrar fileiras em torno do Governo e deslegitimar qualquer crítica dos trabalhadores e dos setores populares, só preparam maior descontentamento frente aos escândalos de corrupção e medidas reacionárias, como o aumento da gasolina, deixando este descontentamento em bandeja de prata para a direita. Entretanto, não vemos uma autocrítica do governo e do Pacto Histórico sobre suas questionáveis alianças, nem ao menos uma política para que saiam todos os burgueses e inimigos do povo e dos trabalhadores que ainda integram o Pacto e o Governo. Nem sequer há uma crítica aberta a Clara López por referir-se de forma depreciativa às trabalhadoras domésticas como “serventes”.

Por outro lado, as reformas e mudanças prometidas não passaram de um desejo popular, mas em seu conteúdo não representam uma mudança real. Mantêm as leis regressivas que tiraram direitos dos trabalhadores como a lei 50 e a lei 100, garantem o negócio às EPS-Entidade Promotora de Saúde, e às AFP- Administração de Fundos de Pensão, intimamente ligadas ao capital financeiro. A reforma previdenciária, não só mantém as AFPs como as favorece, obrigando os assalariados médios a contribuir para estes fundos privados, e reduzindo a futura garantia previdenciária de milhares de trabalhadores, em especial dos estatais. Também não se desmontou a ESMAD – Esquadrão Móvel de Anti-Distúrbios, só se muda o nome e alguns protocolos mantendo o uso de armamento como a conhecida Venom. Centenas de presos políticos apodrecem nas prisões. A situação de miséria não é resolvida.

Lutar contra a burguesia e por uma mudança de verdade

É urgente se mobilizar contra a burguesia reacionária, a ofensiva patronal que nega e tira direitos dos trabalhadores em completa impunidade, os assassinatos e a violência que se intensifica nas regiões. Mas a mobilização convocada para o 7 de junho não busca isso. Por isso, a partir do PST não chamamos os trabalhadores a participar dessas mobilizações, assim como não chamamos em ocasiões anteriores para mobilizações de caráter similar ou igual. Neste caso com mais razão porque a convocatória pretende livrar a cara de um Governo atolado em escândalos de corrupção, financiamento ilegal e abuso de poder, resultados de suas próprias políticas de vale-tudo a fim de conseguir votos. Certamente, entendemos nitidamente que os níveis de corrupção, clientelismo ou irregularidades alcançadas pelo Governo atual, são incomparáveis com os da burguesia quando governou diretamente, a corrupção de seus partidos e seus negócios, a repressão e seus vínculos com o paramilitarismo. Entretanto, não consideramos que isso desculpe Petro ou o Pacto, que surgiram prometendo ser diferentes. Não confiamos em um Governo que continua integrado por representantes da burguesia, não confiamos no congresso corrupto, nem nas instituições do regime.

Chamamos as Centrais Operárias a retomar o caminho da paralisação nacional, que avance para a paralisação da produção, exigimos que não hipotequem a independência da classe trabalhadora. Exigimos do Governo que rompa com a burguesia e que transfira o poder aos trabalhadores para avançar nas mudanças de fundo requeridas.  Todos os políticos da natureza de Barreras e Benedetti, Velasco, Prada entre outros, devem sair do Governo e do Pacto se o objetivo é fazer verdadeiras mudanças. Petro deve retirar o projeto de reforma previdenciária, que na realidade é uma contrarreforma, e criar uma nova com os trabalhadores e não com as AFPs e a burguesia.

Deixamos evidente que nos mobilizaríamos junto ao governo em unidade de ação no caso de uma tentativa de saída reacionária da burguesia (tentativa de golpe), ou a favor de alguma reivindicação sentida pelas massas. Lamentavelmente, o caráter desta convocatória não é progressivo, mas reacionário, porque representa o respaldo incondicional a um Governo de colaboração de classes, incluindo seus elementos burgueses; e de “reformas” que não apenas não são progressivas, mas vão diretamente contra os interesses dos trabalhadores como a reforma previdenciária. O Governo instrumentaliza a mobilização e os desejos do povo em benefício próprio.

Na aparência, existe um campo de esquerda ou progressista e um campo reacionário. Permanentemente nos chamam a estar do lado de um suposto campo dos trabalhadores e da ala progressista da burguesia, mas aí está o erro. Não existe burguesia progressista, todas as alas burguesas são nossas inimigas inclusive as que estão hoje no Governo e que na realidade ditam a política do mesmo, defendendo os interesses deles em detrimento dos nossos, os trabalhadores. O país, e o mundo continuam realmente divididos em classes, com interesses irreconciliáveis. Por isso, devemos de forma independente nos organizar para a luta independente, e exigir uma verdadeira mudança que passará necessariamente por um novo processo de mobilizações. A única forma de parar a direita reacionária, será retomar o caminho da luta, não da mobilização instrumentalizada, mas da luta por verdadeiras reformas e pela verdadeira mudança.

Comitê Executivo Partido Socialista dos Trabalhadores

7 de junho de 2023

Colômbia: crise nas alturas, o governo e seus chamados à mobilização

As centrais operárias CUT (Central Única de trabalhadores) e CTC (Confederação de trabalhadores da Colômbia) (a CGT – Confederação Geral do trabalho – se declarou “independente”), os sindicatos estatais e o presidente Petro, convocaram uma mobilização para o dia 7 de junho. Segundo eles em defesa das reformas sociais e contra o suposto “golpe brando” orquestrado pela direita.

Esta convocatória, é feita em meio a uma verdadeira crise política nas alturas. Além dos problemas da Paz Total e a escalada violenta que assola várias regiões, a crise ministerial de há um mês e o atolamento dos projetos de reformas, o Governo e o Pacto Histórico enfrentam agora os escândalos que brotam de suas próprias entranhas. Primeiro, foram as acusações contra Nicolás Petro, depois as sanções contra Alex Flórez e as investigações contra vários parlamentares do pacto, e o mais recente, o escândalo das “chuzadas” (interceptações ilegais) e o abuso de poder de sua chefe de gabinete Laura Sarabia, abre todo um escândalo que envolve a um dos aliados burgueses mais importantes de Petro, Armando Benedetti. Com a filtragem e publicação pela Semana de áudios, nos quais aparecem mais elementos de corrupção e clientelismo, se mostra a verdadeira natureza de Benedetti.

A burguesia ligada ao uribismo e aos sindicatos assumiu sua derrota eleitoral há um ano com uma política de oposição e obstrução de qualquer tentativa de reformas que questionassem seus privilégios e seu modelo selvagem de acumulação de lucros. Para isso, não apenas se opuseram com unhas e dentes aos projetos de reforma de Petro, mas também usaram a mídia a seu serviço para desprestigiá-lo. A isto somam-se as crescentes tensões do Governo com o Procurador Barbosa e os tribunais superiores, que mostram uma dimensão institucional da mesma luta.

A grande imprensa burguesa, tem a linha editorial de procurar, aumentar e deformar cada escorregão do Governo. Nesta campanha, não só exibem um arsenal de falácias, intrigas, manipulações e a frivolidade disseminadas pelas redes sociais. Também apelam aos piores preconceitos racistas, machistas e arrivistas, especialmente contra Francia Márquez. Ao mesmo tempo, protegem descaradamente a cara do uribismo e da rançosa burguesia diante seus crimes, colocados mais uma vez a descoberto pelas declarações do paramilitar Mancuso diante da JEP- Jurisdição Especial pela Paz; onde se evidencia como o paramilitarismo é uma estratégia do regime que beneficiou e integrou a burguesia de conjunto.

As contradições, erros, políticas equivocadas e concessões à burguesia corrupta e clientelista que integram o governo, somadas aos vícios oportunistas das burocracias sindicais e do reformismo, configuram um coquetel explosivo que não pode produzir outra coisa senão manifestações dos velhos vícios da política burguesa, essa velha e podre política dos governos anteriores que desgraçadamente se reproduz no novo governo.

As alianças com Benedetti, Roy Barreras e aqueles que ainda passam por aliados, como Alfonso Prada e Luis Fernando Velasco entre outros, foram feitas por Petro durante toda a campanha, com plena consciência de quem são. E assim foram integrados ao governo, e lhes foram outorgadas cotas burocráticas e clientelistas. O projeto de Petro, materializado no Pacto Histórico implica a aliança consciente e premeditada com estes setores podres.

Nós do PST, alertamos em múltiplas ocasiões sobre estes personagens e as alianças com os velhos partidos burgueses; do erro de confiar neles. Estes personagens que entraram no Pacto Histórico sem serem da esquerda nem virem da classe trabalhadora, são oportunistas que sempre fizeram política de forma clientelista e corrupta, usando as instituições do Estado em benefício pessoal e continuam fazendo. Mas, finalmente é o próprio Petro o responsável de tê-los colocado no Pacto Histórico e no Governo, com sua política de conciliação e colaboração de classes.

Golpe Brando ou validar o vale -tudo?

O termo “golpe brando” surge como parte da política imperialista que denominamos “reação democrática”, é recorrer à democracia burguesa e a certas liberdades democráticas para desmontar processos revolucionários e governos incômodos quando não podem recorrer à invasão ou ao golpe militar. Segundo a teoria do “golpe brando”, pode-se derrubar governos por meio de uma combinação de manipulações, conspirações e enfrentamento institucional. Este termo também tem sido usado pela esquerda reformista para defender os chamados “governos progressistas”, justificando as alianças e colaboração com a burguesia, calando qualquer crítica ou questionamento vindo de baixo e instrumentalizando a mobilização somente para respaldar os interesses do governo. Dessa forma impedem a independência política e organizativa das massas.

É verdade que existe uma campanha de desprestígio consciente e sistemática e que inclusive há setores da ultradireita abertamente golpistas que procuram abrir um campo, buscando desesperadamente que a burguesia tradicional recupere as rédeas do Estado para voltar a governar pessoalmente. Apesar disso, não vemos que se configure até o momento nenhum tipo de golpe, nem acreditamos que os escândalos sejam produto de uma conspiração da direita. Também não descartamos que dentro das opções que apresentam, pelo menos um setor da burguesia, esteja a favor de uma saída golpista, mas caracterizamos que esta não é sua política majoritária atualmente, nem é a política do imperialismo. A política majoritária continua sendo a campanha de desprestígio e obstrução. Suas denúncias são cínicas e descaradas e as usam de forma oportunista para encobrir seus próprios crimes. Temos que rejeitar toda manifestação reacionária da direita e qualquer tentativa de organização golpista.

Usar a mobilização e a teoria do golpe brando para cerrar fileiras em torno do Governo e deslegitimar qualquer crítica dos trabalhadores e dos setores populares, só preparam maior descontentamento frente aos escândalos de corrupção e medidas reacionárias, como o aumento da gasolina, deixando este descontentamento em bandeja de prata para a direita. Entretanto, não vemos uma autocrítica do governo e do Pacto Histórico sobre suas questionáveis alianças, nem ao menos uma política para que saiam todos os burgueses e inimigos do povo e dos trabalhadores que ainda integram o Pacto e o Governo. Nem sequer há uma crítica aberta a Clara López por referir-se de forma depreciativa às trabalhadoras domésticas como “serventes”.

Por outro lado, as reformas e mudanças prometidas não passaram de um desejo popular, mas em seu conteúdo não representam uma mudança real. Mantêm as leis regressivas que tiraram direitos dos trabalhadores como a lei 50 e a lei 100, garantem o negócio às EPS-Entidade Promotora de Saúde, e às AFP- Administração de Fundos de Pensão, intimamente ligadas ao capital financeiro. A reforma previdenciária, não só mantém as AFPs como as favorece, obrigando os assalariados médios a contribuir para estes fundos privados, e reduzindo a futura garantia previdenciária de milhares de trabalhadores, em especial dos estatais. Também não se desmontou a ESMAD – Esquadrão Móvel de Anti-Distúrbios, só se muda o nome e alguns protocolos mantendo o uso de armamento como a conhecida Venom. Centenas de presos políticos apodrecem nas prisões. A situação de miséria não é resolvida.

Lutar contra a burguesia e por uma mudança de verdade

É urgente se mobilizar contra a burguesia reacionária, a ofensiva patronal que nega e tira direitos dos trabalhadores em completa impunidade, os assassinatos e a violência que se intensifica nas regiões. Mas a mobilização convocada para o 7 de junho não busca isso. Por isso, a partir do PST não chamamos os trabalhadores a participar dessas mobilizações, assim como não chamamos em ocasiões anteriores para mobilizações de caráter similar ou igual. Neste caso com mais razão porque a convocatória pretende livrar a cara de um Governo atolado em escândalos de corrupção, financiamento ilegal e abuso de poder, resultados de suas próprias políticas de vale-tudo a fim de conseguir votos. Certamente, entendemos nitidamente que os níveis de corrupção, clientelismo ou irregularidades alcançadas pelo Governo atual, são incomparáveis com os da burguesia quando governou diretamente, a corrupção de seus partidos e seus negócios, a repressão e seus vínculos com o paramilitarismo. Entretanto, não consideramos que isso desculpe Petro ou o Pacto, que surgiram prometendo ser diferentes. Não confiamos em um Governo que continua integrado por representantes da burguesia, não confiamos no congresso corrupto, nem nas instituições do regime.

Chamamos as Centrais Operárias a retomar o caminho da paralisação nacional, que avance para a paralisação da produção, exigimos que não hipotequem a independência da classe trabalhadora. Exigimos do Governo que rompa com a burguesia e que transfira o poder aos trabalhadores para avançar nas mudanças de fundo requeridas.  Todos os políticos da natureza de Barreras e Benedetti, Velasco, Prada entre outros, devem sair do Governo e do Pacto se o objetivo é fazer verdadeiras mudanças. Petro deve retirar o projeto de reforma previdenciária, que na realidade é uma contrarreforma, e criar uma nova com os trabalhadores e não com as AFPs e a burguesia.

Deixamos evidente que nos mobilizaríamos junto ao governo em unidade de ação no caso de uma tentativa de saída reacionária da burguesia (tentativa de golpe), ou a favor de alguma reivindicação sentida pelas massas. Lamentavelmente, o caráter desta convocatória não é progressivo, mas reacionário, porque representa o respaldo incondicional a um Governo de colaboração de classes, incluindo seus elementos burgueses; e de “reformas” que não apenas não são progressivas, mas vão diretamente contra os interesses dos trabalhadores como a reforma previdenciária. O Governo instrumentaliza a mobilização e os desejos do povo em benefício próprio.

Na aparência, existe um campo de esquerda ou progressista e um campo reacionário. Permanentemente nos chamam a estar do lado de um suposto campo dos trabalhadores e da ala progressista da burguesia, mas aí está o erro. Não existe burguesia progressista, todas as alas burguesas são nossas inimigas inclusive as que estão hoje no Governo e que na realidade ditam a política do mesmo, defendendo os interesses deles em detrimento dos nossos, os trabalhadores. O país, e o mundo continuam realmente divididos em classes, com interesses irreconciliáveis. Por isso, devemos de forma independente nos organizar para a luta independente, e exigir uma verdadeira mudança que passará necessariamente por um novo processo de mobilizações. A única forma de parar a direita reacionária, será retomar o caminho da luta, não da mobilização instrumentalizada, mas da luta por verdadeiras reformas e pela verdadeira mudança.

Comitê Executivo Partido Socialista dos Trabalhadores

7 de junho de 2023

Tradução: Lilian Enck

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