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Correio Internacional| França, Grã-Bretanha…a classe operária se faz ouvir

junho 8, 2023

Este número especial do Correio Internacional apresenta uma síntese recente da situação heterogênea em que se encontram os proletariados europeus, ainda que compartilhem um contexto de crise econômica e social em meio à Guerra da Ucrânia. Damos ênfase especial às ondas de luta que ocorreram na Grã-Bretanha e na França este último ano. Ambos os países vivem importantes mobilizações operárias, enquanto o resto do continente mantém um clima de “paz social”. Na França, generalizou-se a onda de greves contra a reforma previdenciária, organizada por uma ampla frente sindical, onde o proletariado industrial e os trabalhadores dos transportes tiveram um papel fundamental. Na Grã-Bretanha, a vanguarda das lutas foram os trabalhadores públicos, primeiro os ferroviários e os funcionários do governo, agora seguidos pelo pessoal da saúde e da educação.

A nível nacional, em ambos os países, vemos que as burocracias sindicais têm sido um verdadeiro obstáculo para avançar para uma maior coordenação e auto-organização dos trabalhadores e conduzir a greves gerais vitoriosas. Macron conseguiu impor sua reforma por enquanto, mas não conseguiu convencer 90% dos franceses que ainda hoje a rejeitam, nem desarmar completamente o movimento social. O presidente francês está politicamente isolado e a simpatia pela luta dos trabalhadores franceses está se espalhando por toda a Europa. A nível continental, a heterogeneidade da mobilização social e a falta de uma verdadeira solidariedade internacional deve-se à atuação das burocracias sindicais europeias, alinhadas com o aparato neoliberal da União Europeia (UE), que procuram sufocar as lutas internas e impedir a respostas europeias unificadas.

Os vários artigos mostram como os proclamados “valores europeus” da UE se tornaram ocos, e a eleição de Meloni na Itália, que se integrou perfeitamente nas instituições europeias, é a melhor expressão disso. Outro exemplo que não podemos ignorar são as ações de Macron contra o estado de bem-estar e os direitos trabalhistas na França, a repressão brutal de protestos e o apoio da UE a governos de extrema direita e suas políticas racistas de imigração. Mas as políticas insuficientes do governo Sánchez na Espanha e Costa em Portugal também mostram que nem os governos burgueses nem o marco da UE podem fornecer uma resposta real aos problemas crescentes da classe trabalhadora. Além disso, para superar a atual crise econômica, a UE planeja impor novas políticas de austeridade, que afetarão especialmente os países periféricos altamente endividados e significarão uma redução brutal do padrão de vida dos trabalhadores.

A guerra ucraniana teve importantes implicações geoestratégicas. Desorganizou o pacto de energia entre a Alemanha e a Rússia, beneficiando as empresas de energia estadunidenses e enfraquecendo o domínio econômico da Alemanha na UE. Também fortaleceu a OTAN e aumentou a influência militar e política dos EUA na Europa. A LIT vem apoiando a resistência ucraniana desde o seu início, dando especial ênfase ao papel da resistência operária e à solidariedade internacional com a mesma. Tanto as contrarreformas neoliberais de Zelensky quanto os empréstimos da UE e do FMI são uma ameaça à independência e ao bem-estar presente e futuro do povo ucraniano. É por isso que afirmamos hoje mais do que nunca a necessidade de construir uma direção independente da classe operária na resistência e no processo de reconstrução, que defenda uma vitória contundente dos trabalhadores ucranianos na guerra e uma reconstrução operária e socialista que estabeleça as bases materiais da verdadeira independência nacional.

A única saída para a guerra, a inflação galopante e a crise ambiental que ameaça o planeta é avançar na construção de uma organização que possa coordenar as lutas para levá-las a questionar a origem comum desses problemas: o sistema capitalista. A resistência na Ucrânia ante a invasão russa é prova tanto da necessidade da revolução socialista mundial como da sua possibilidade.

Diante da crescente polarização social e do fortalecimento dos movimentos de ultradireita, devemos construir partidos socialistas, revolucionários e internacionalistas da classe trabalhadora que defendam a independência de classe, a democracia operária e se coloquem a serviço da organização de lutas para sua vitória, e para construir os passos necessários para avançar rumo ao socialismo. Com esse objetivo, apresentamos esta edição do Correio Internacional, como um instrumento que serve para unir aqueles que estão dispostos a lutar pela construção de um projeto socialista, revolucionário e internacionalista junto conosco.

BAIXE A REVISTA AQUI:

https://litci.org/pt/correio-internacional-europa/

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