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domingo, maio 26, 2024

A visita de Biden ao México e suas implicações para a América Central nas questões migratórias

Em 10 de janeiro passado, os presidentes do México, Estados Unidos e Canadá, se reuniram na capital mexicana no contexto da X Cúpula dos líderes da América do Norte. A América Central não esteve ausente em tal cúpula, tanto pelas referências explícitas que o presidente mexicano fez sobre o istmo.

Por: CST México

Do mencionado na cúpula, a ação que teve mais relevância para a América Central na questão migratória, é a confirmação das medidas do governo de Biden (EUA) para o controle dos fluxos que têm como destino final seja EUA ou Canadá.

Estas medidas consistem em criar uma via legal para que até 30.000 migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela possam receber visas e permissões de trabalho temporários por mês, através de uma solicitação on line que deverão fazer de seus países de origem, além de que a entrada no país terá que ser por avião e não por via terrestre na fronteira norte do México com os EUA. Por outro lado, aqueles que não cumprirem estes requisitos, serão deportados ao país mexicano.

O presidente mexicano, totalmente servil, deu seu apoio a tais medidas, celebrou que o governo estadunidense tenha decidido “organizar o fluxo migratório” e garantiu que colaborará com a recepção das pessoas migrantes que forem rejeitadas nos Estados Unidos. O mandatário estadunidense, por sua vez, esclareceu que esse programa migratório já havia sido implementado para a migração venezuelana e que demonstrou ser bem sucedido “para fornecer processos seguros, humanos e organizados” para aqueles que buscam asilo.

A verdade é que este programa, apesar dos elogios que recebe dos mandatários que se reuniram na Cúpula, gerará maiores dificuldades para implementar esse tipo de gestão necessária, assim como piorará as condições de trânsito e espera em nossos países para os fluxos migratórios. Em todos os sentidos é uma abordagem totalmente negativa para as classes trabalhadoras da região porque o interesse do imperialismo é manter a todo custo o saque e a exploração.

Em primeiro lugar, com esta medida, o governo estadunidense rejeitará mais migrantes do que receberá, dado que, como o próprio Biden reconhecia, durante o ano, eram mais de 1.000 pessoas por dia que chegavam à fronteira México-EUA. Além disso, uma boa parte desses fluxos migratórios não são dos países especificados no programa, mas provêm ou de outros países latino-americanos (como Equador, entre outros) ou de lugares tão distantes como África e Ásia. O que acontecerá com essas dezenas de milhares de pessoas migrantes?

Provavelmente, muitas dessas pessoas fiquem, forçosamente, retidos em alguns dos países que precedem a fronteira estadunidense na rota destes fluxos migratórios (como o próprio México ou outros países centro e/ou sul-americanos). Desta forma, o governo estadunidense utiliza a América Central (pelo menos) como seu “quintal” para reter centenas de milhares de migrantes cujo desejo é chegar ao país estadunidense, e os deixa em uma situação de grande vulnerabilidade à sorte das ações de governos que não tomam a questão dos fluxos migratórios como uma emergência humanitária, mas como um problema que é melhor ignorar ou criminalizar (como é o caso da Costa Rica com Rodrigo Chaves como presidente).

Estas medidas beneficiam somente os governos dos EUA e Canadá, enquanto transfere o problema aos países latino-americanos sem prover o apoio econômico necessário para que, dos nossos territórios, possamos garantir uma atenção digna às pessoas migrantes em seu caminho para o norte do continente, deixando entrar nada mais além da quantidade de pessoas requeridas pelas empresas estadunidenses que exploram a mão de obra estrangeira nos trabalhos mais difíceis e mal pagos nos EUA.

A partir do resto da América Central e América Latina, devemos exigir que a vida digna destas pessoas migrantes sejam prioridade acima dos interesses do grande capital nacional ou estrangeiro e lutar para que os diferentes governos destinem fundos para financiar programas de assistência humanitária e/ou de inserção às pessoas migrantes ou solicitantes de refúgio. Para isso, devemos exigir o fim do pagamento da dívida pública ilegítima, mais impostos para o grande capital e a nacionalização de setores chave para os fluxos migratórios (como transporte e hospedagem).

Tradução: Lílian Enck

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