Desafios para as mulheres trabalhadoras: O que esperar do governo Lula-Alckmin?
Tradicionalmente, as mobilizações do 8 de março inauguram o calendário de lutas da classe trabalhadora do país. Este será o primeiro sob o governo Lula/Alckmin, o que coloca novas discussões e desafios às mulheres e à classe trabalhadora.
Por: Erika Andreassy
É inegável o sentimento de alívio pela derrota eleitoral de Bolsonaro; seu governo foi marcado por brutais ataques aos trabalhadores, aos pobres e aos oprimidos. Vítimas especiais foram as mulheres, que, além de padecer com o desemprego, a fome e a sobrecarga doméstica, ainda sofreram com o discurso e a política reacionária e hipócrita da ultradireita, seja o desfinanciamento de políticas públicas para o enfrentamento à violência, ataques aos direitos sexuais e reprodutivos, desmantelamento dos serviços que realizam aborto legal e a tentativa de impedir esse direito até mesmo às meninas vítimas de estupro. Não por acaso chegamos ao 8M com um aumento sem precedentes na violência contra a mulher e o maior índice de feminicídios de nossa história.
Por isso, derrotar Bolsonaro, ainda que nas urnas, não foi secundário, o que não quer dizer que a ultradireita esteja acabada; ao contrário, ela segue organizada, como vimos na tentativa fracassada de golpe do dia 8 de janeiro. Sabemos que seu projeto nos reserva mais opressão e violência. Portanto, é fundamental preparar nossa autodefesa e nos organizarmos para garantir sua derrota nas ruas. Nós, mulheres, estivemos na linha de frente contra os ataques bolsonaristas. Exigimos a prisão de Bolsonaro e de todos os golpistas, incluindo os setores burgueses que financiaram essas ações e todos os militares envolvidos na tentativa de golpe.
Expectativas e a dura realidade
É compreensível que muitos ativistas, em especial os que militam nos movimentos de luta contra as opressões, tenham expectativas no novo governo, que finalmente nossas pautas serão atendidas. Sabemos que existem diferenças entre o projeto de governo de Bolsonaro e o de Lula/Alckmin, mas será que este último representa os interesses das mulheres trabalhadoras? Opinamos que não, e explicaremos por que.
Lula foi eleito por uma frente que contou com o apoio de diversos setores da burguesia, incluindo a ala dirigente do imperialismo americano, representado por Biden. Seu comprometimento com a burguesia é nítido. Pressionado pelo movimento, o governo tem aplicado medidas aparentemente progressivas, como o aumento da quantidade de mulheres na nova equipe de governo, o que, sem dúvida, é importante, pois é parte da luta por sermos reconhecidas, mas entre essas mulheres estão burguesas como Simone Tebet, representante do agronegócio e defensora da reforma trabalhista que tanto penaliza as trabalhadoras, portanto não é uma aliada.
Da primeira vez que esteve à frente do governo, em troca de seu apoio e de setores mais conservadores, o PT de Lula e Dilma deixou pautas como a legalização do aborto, salário igual para trabalho igual paralisadas, abrindo espaço para a ultradireita conquistar as eleições de 2018. De volta à presidência, e de mãos dadas com Alckmin, atua da mesma forma, apoiando Arthur Lira à reeleição na Câmara, o mesmo que até ontem era aliado de Bolsonaro e o ajudou a atacar a classe trabalhadora.
Em nome das alianças burguesas, Lula já sinalizou que não deverá atender uma das demandas mais urgentes das mulheres trabalhadoras, a revogação integral de todas as reformas. E se bem o governo revogou as portarias que dificultam o acesso ao aborto legal e retirou a assinatura do Brasil do Consenso de Genebra, bloco reacionário na Organização das Nações Unidas cuja plataforma defende a criminalização do aborto no mundo, sua ministra da mulher, Cida Gonçalves, já afirmou que a discussão sobre o aborto não é prioridade do governo e que cabe ao Congresso (um dos mais reacionários da história do país) discutir o tema.
Apoiar o governo ou manter nossa independência?
Lula/Alckmin têm buscado incorporar também ao governo partidos de esquerda e os movimentos sindical e social para assegurar que não expressem nenhum tipo de oposição a sua política de conciliação com nossos inimigos. Ao se localizarem no campo governista, essas organizações afiançam os compromissos com a burguesia e acabam atuando contra os interesses do movimento e da classe trabalhadora.
Nós, ao contrário, defendemos que é preciso manter nossa independência política e de classe frente a esse ou a qualquer governo, seja burguês ou de conciliação, e dizemos que não devemos confiar nem no governo, nem nas organizações que o apoiam, mas organizar nossas forças e a luta para exigir nossas pautas: a legalização do aborto, a revogação das reformas, emprego, salário, moradia, salário igual para trabalho igual, socialização do trabalho doméstico, combate à violência e tudo o mais que sirva para melhorar a condição de vida das mulheres e fortalecer a luta estratégica contra o capitalismo e pela construção do socialismo.
Desafios para as mulheres trabalhadoras: O que esperar do governo Lula-Alckmin?
Tradicionalmente, as mobilizações do 8 de março inauguram o calendário de lutas da classe trabalhadora do país. Este será o primeiro sob o governo Lula/Alckmin, o que coloca novas discussões e desafios às mulheres e à classe trabalhadora.
Por: Erika Andreassy
É inegável o sentimento de alívio pela derrota eleitoral de Bolsonaro; seu governo foi marcado por brutais ataques aos trabalhadores, aos pobres e aos oprimidos. Vítimas especiais foram as mulheres, que, além de padecer com o desemprego, a fome e a sobrecarga doméstica, ainda sofreram com o discurso e a política reacionária e hipócrita da ultradireita, seja o desfinanciamento de políticas públicas para o enfrentamento à violência, ataques aos direitos sexuais e reprodutivos, desmantelamento dos serviços que realizam aborto legal e a tentativa de impedir esse direito até mesmo às meninas vítimas de estupro. Não por acaso chegamos ao 8M com um aumento sem precedentes na violência contra a mulher e o maior índice de feminicídios de nossa história.
Por isso, derrotar Bolsonaro, ainda que nas urnas, não foi secundário, o que não quer dizer que a ultradireita esteja acabada; ao contrário, ela segue organizada, como vimos na tentativa fracassada de golpe do dia 8 de janeiro. Sabemos que seu projeto nos reserva mais opressão e violência. Portanto, é fundamental preparar nossa autodefesa e nos organizarmos para garantir sua derrota nas ruas. Nós, mulheres, estivemos na linha de frente contra os ataques bolsonaristas. Exigimos a prisão de Bolsonaro e de todos os golpistas, incluindo os setores burgueses que financiaram essas ações e todos os militares envolvidos na tentativa de golpe.
Expectativas e a dura realidade
É compreensível que muitos ativistas, em especial os que militam nos movimentos de luta contra as opressões, tenham expectativas no novo governo, que finalmente nossas pautas serão atendidas. Sabemos que existem diferenças entre o projeto de governo de Bolsonaro e o de Lula/Alckmin, mas será que este último representa os interesses das mulheres trabalhadoras? Opinamos que não, e explicaremos por que.
Lula foi eleito por uma frente que contou com o apoio de diversos setores da burguesia, incluindo a ala dirigente do imperialismo americano, representado por Biden. Seu comprometimento com a burguesia é nítido. Pressionado pelo movimento, o governo tem aplicado medidas aparentemente progressivas, como o aumento da quantidade de mulheres na nova equipe de governo, o que, sem dúvida, é importante, pois é parte da luta por sermos reconhecidas, mas entre essas mulheres estão burguesas como Simone Tebet, representante do agronegócio e defensora da reforma trabalhista que tanto penaliza as trabalhadoras, portanto não é uma aliada.
Da primeira vez que esteve à frente do governo, em troca de seu apoio e de setores mais conservadores, o PT de Lula e Dilma deixou pautas como a legalização do aborto, salário igual para trabalho igual paralisadas, abrindo espaço para a ultradireita conquistar as eleições de 2018. De volta à presidência, e de mãos dadas com Alckmin, atua da mesma forma, apoiando Arthur Lira à reeleição na Câmara, o mesmo que até ontem era aliado de Bolsonaro e o ajudou a atacar a classe trabalhadora.
Em nome das alianças burguesas, Lula já sinalizou que não deverá atender uma das demandas mais urgentes das mulheres trabalhadoras, a revogação integral de todas as reformas. E se bem o governo revogou as portarias que dificultam o acesso ao aborto legal e retirou a assinatura do Brasil do Consenso de Genebra, bloco reacionário na Organização das Nações Unidas cuja plataforma defende a criminalização do aborto no mundo, sua ministra da mulher, Cida Gonçalves, já afirmou que a discussão sobre o aborto não é prioridade do governo e que cabe ao Congresso (um dos mais reacionários da história do país) discutir o tema.
Apoiar o governo ou manter nossa independência?
Lula/Alckmin têm buscado incorporar também ao governo partidos de esquerda e os movimentos sindical e social para assegurar que não expressem nenhum tipo de oposição a sua política de conciliação com nossos inimigos. Ao se localizarem no campo governista, essas organizações afiançam os compromissos com a burguesia e acabam atuando contra os interesses do movimento e da classe trabalhadora.
Nós, ao contrário, defendemos que é preciso manter nossa independência política e de classe frente a esse ou a qualquer governo, seja burguês ou de conciliação, e dizemos que não devemos confiar nem no governo, nem nas organizações que o apoiam, mas organizar nossas forças e a luta para exigir nossas pautas: a legalização do aborto, a revogação das reformas, emprego, salário, moradia, salário igual para trabalho igual, socialização do trabalho doméstico, combate à violência e tudo o mais que sirva para melhorar a condição de vida das mulheres e fortalecer a luta estratégica contra o capitalismo e pela construção do socialismo.