Reino Unido | Construir a onda de greves em dezembro e janeiro
Coordenar as categorias em luta – não parar até que nosso objetivo seja conquistado por todos.
Por ISL – International Socialist League – Grã-Bretanha
O jornal Socialist Voice (Voz Socialista), jornal da ISL, entrevistou o trabalhador ferroviário Glenroy Watson, membro do sindicato MRT. Glenroy é um maquinista do metrô de Londres e trabalhou por mais de 40 anos no setor de transporte da cidade, tanto em ônibus quanto em metrô. Ele acredita que os ativistas devem ter um alto nível de participação no processo de tomada de decisões do RMT.
Glenroy e outros membros do RMT, e representantes do RCN, do Cub Transporti, da Itália, e do SUD Education da França, falaram em uma reunião online da ISL chamada Lições da onda de greves britânica.
Depois da entrevista, foi anunciado que o RMT fará greves nos dias 13, 14, 16, 17, 23 e 24 de dezembro; as enfermeiras e enfermeiros do sindicato RCN farão greve nos dias 15 e 20 de dezembro. Estima-se que 300.000 enfermeiras/os entrarão em greve. O sindicato dos trabalhadores postais, CWU, também fará greve nos dias 1, 9, 11, 15, 23 e 24 de dezembro. Os professores dos sindicatos SSTA e NASUWT na Escócia entrarão em greve em 8 de dezembro. Em janeiro, o RMT fará greve nos dias 3, 4, 5, 6 e 7 de janeiro e o sindicato de professores EIS da Escócia no dia 10 de janeiro. Os professores e funcionários de universidades do UCU entraram em greve em novembro e continuarão em janeiro ou fevereiro. Outros também estão em greve, e a votação para greve do sindicato de professores do NEU (640.000 membros) termina em janeiro.
Se todas as greves ocorrerem, mais de 750.000 homens x dias de greve ocorrerão em dezembro e, possivelmente, mais de um milhão homens x dias em janeiro.
A greve da RMT está em todo o Reino Unido, e continua em todas as partes do Reino Unido?
Certamente, com o RMT e o CWU.
Por que tantos trabalhadores estão entrando em greve?
Uma razão é que durante o confinamento pela pandemia, os trabalhadores tiveram que renunciar a qualquer exigência de aumento de salário e os sindicatos não estavam dispostos a fazer greve. Mas, mesmo antes da pandemia as condições de trabalho eram inaceitáveis, e agora queremos que elas sejam corrigidas.
Quais são as restrições que o governo conservador está tentando impor às ações de greve?
Este é um ataque contínuo. Primeiro, eles exigem um quorum mínimo de 50% dos sindicalizados para votar em urnas (pelo correio) para que passemos à ação. Perdemos algumas votações, mas, no geral, nós ganhamos. Portanto, o plano deles para parar as greves não funcionou. Mas eles continuam a tentar.
Quais são os próximos passos para o movimento de greve no Reino Unido?
A coordenação entre as diversas categorias de trabalhadores. Devemos encontrar demandas comuns a todos e não parar até que o mesmo objetivo seja alcançado para todos os envolvidos. Isto será muito difícil com a liderança que temos, que, em alguns casos, não quer coordenar greves nem mesmo na mesma categoria.
Que ganhos seu sindicato teve com a greve até agora?
Em meu setor, nós conseguimos fazê-los retroceder os ataques à aposentadoria pela principal empresa ferroviária e denunciamos o plano do governo ao vencer o obstáculo de nova votação e fazer com que parecessem tolos. Eles vão tentar novas leis.
Em muitas greves nos EUA, há uma desconexão entre os objetivos da burocracia sindical e as necessidades da base. É o mesmo hoje em dia no Reino Unido?
Ainda não, mas com as greves sendo canceladas por todos os tipos de razões[i], a única coisa que resta é o mal-estar causado por alguma senhora idosa [uma referência e crítica à monarquia].
Tradução: Marcos Margarido
[i] As greves marcadas pelo RMT e outros sindicatos foram canceladas, bem como o adiamento do congresso da TUC (a central sindical britânica), com exceção da greve dos portuários de Liverpool, devido à morte e funeral da rainha.