Peru| A classe trabalhadora deve esperar algo do Congresso?

É possível que a ação de duas congressistas, como Isabel Cortez, “Chabelita”, ex dirigente do SITOBUR (Sindicato de Trabalhadores da Limpeza Pública de Lima), e Sigrid Bazán, jornalista, baste para conquistar melhores condições de vida e trabalho a partir do Congresso?
Não há dúvida que ambas se destacaram por participar de atividades sindicais, inclusive greves e protestos, assim como por abrir as portas do Congresso a dirigentes de diferentes organizações sindicais.
Hoje mesmo, Sigrid Bazán foi designada presidenta da Comissão de Trabalho, em substituição, justamente, a “Chabelita”, levantando novas expectativas no que seu trabalho possa obter durante este ano.
Entretanto, temos que dizê-lo, um ano depois de terem chegado, ambas, ao Congresso, e de terem estado à frente da Comissão de Trabalho do mesmo, nenhuma mudança fundamental foi obtida a partir do Parlamento para a classe trabalhadora.
Isto porque, como disse o balanço de “Chabelita” sobre seu primeiro ano como congressista, no Congresso há “…campanhas seguidas pelo setor empresarial, aprovados por congressistas pró-patronal”, que jogam contra a aprovação das propostas de lei que realiza.
É que, efetivamente, os partidos que compõem o Congresso são representantes de diferentes setores patronais, e portanto, não vão aprovar normas que beneficiem a classe trabalhadora e o povo pobre ou, o que é o mesmo, que toquem um fio de cabelo dos interesses patronais ou seus lucros.
Entretanto, nem “Chabelita” nem Sigrid Bazán denunciam esta situação, e em vez disso, continuam criando ilusões entre a vanguarda sindical ao oferecer novos projetos de lei que, no entanto, terão a mesma sorte que a enorme maioria dos anteriores: nada.
Ao fazer isso, tanto “Chabelita” como Sigrid Bazán, terminam confundindo as organizações do povo trabalhador, que deixam de se mobilizar à espera de que a partir do Congresso, as duas “ganhem” novas leis, facilitando finalmente, que a patronal passe à ofensiva diante da inação operária e popular.
Para nós, ao contrário, a tarefa mais importante da classe operária hoje, é retomar o caminho de sua ação direta. Por isso, urge devolver o centro da luta por melhorar nossas condições de vida e trabalho, ao campo da mobilização unitária e consequente dos trabalhadores e trabalhadoras.
Isto significa, parar de esperar que Isabel Cortez e Sigrid Bazán tenham “maioria” no Congresso, e começar a agir diretamente, reivindicando soluções imediatas para nossos problemas.
O que faríamos se estivéssemos no Congresso?
Na tradição operária, os companheiros ou companheiras que assumiram o papel de representantes nos parlamentos, estiveram na primeira linha das lutas, enfrentando a repressão policial e colocando seu cargo, outorgado pelo Estado patronal, a serviço da mobilização. Mas, além disso, é preciso que denunciem, aberta e sistematicamente que, justamente, o Congresso e a democracia dos patrões não são verdadeiramente democráticos. Que não é possível virar a mesa no Congresso e conquistar a partir dele nossas demandas como classe trabalhadora. E que a única saída é unificar as lutas para derrubar essa farsa chamada democracia.
Tradução: Lilian Enck