Não suspendam as greves e piquetes
A morte da Rainha ameaça a onda de greves!
Reconstruir a onda de greves!
Impedir milhões de pessoas de cair na miséria!
Por: Liga Socialista Internacional – Grã Bretanha
De 18 de junho a 7 de setembro, uma grande onda de greves foi construída pelos sindicatos RMT, Aslef, CWU, PCS, Unite e outros. Esta poderosa onda deveria continuar em 15 e 17 de setembro, quando o RMT disse que paralisaria o país em outra greve. O secretário-geral do RMT, Mick Lynch, disse: “Nossos membros não têm outra escolha senão continuar esta ação de greves“. E, nos últimos dias, apelou repetidamente para que muitos mais sindicatos se unissem à greve e para que os bairros operários organizassem ações para alcançar uma unidade na luta de classes. Vamos à greve como um só!, foi o chamado.
Porém, a rainha britânica morreu em 8 de setembro, e a onda desmoronou em poucas horas.
O RMT disse que se uniu a “toda a nação para prestar seus respeitos à Rainha Elizabeth. A greve ferroviária planejada para 15 e 17 de setembro foi suspensa. Expressamos nossas mais profundas condolências à sua família, amigos e ao país”.
A indignação começou na base e entre os ativistas que haviam feito tanto pelo movimento de greve. Os dirigentes do RMT e do CWU (Correios) cancelaram a greve sem qualquer discussão com a base. Se eles quisessem cancelar a greve em 15 e 17 de setembro, deveriam ter convocado reuniões sindicais de emergência, municipais ou regionais para discutir o assunto e decidir. Nossa posição teria sido a de manter as greves.
A democracia operária não pode ser um privilégio de diretores liberados, mas deve ser baseada em reuniões de massa quando cada associado tem o direito de falar e votar. À medida que a onda de greves retorne (como esperamos), devem ser feitos esforços muito maiores para baseá-la na democracia sindical, pois todas as ações grevistas mais fortes da história, como a do sindicato dos caminhoneiros (os Teamsters) dos EUA de 1934 que iniciou uma onda de greves, foram extremamente democráticas. Os trabalhadores foram plenamente consultados, e puderam sentir que estavam tomando decisões.
Algumas greves continuam sendo organizadas pelos sindicatos PCS, Unite e GMB. Não são greves nacionais, mas é imperativo que elas continuem.
O TUC (Trades Union Congress, a central sindical) foi ainda mais longe: seu Congresso deveria reunir-se em 11 de setembro, mas foi adiado para “uma data posterior“, talvez até mesmo para a última quinzena de outubro. Isso é uma vergonha. Muitos trabalhadores estão pensando em uma greve geral. Os membros da ISL que participaram dos piquetes de greve em todo o país não encontraram nenhum grevista que se opusesse à coordenação em massa da greve ou ao chamado a uma greve geral. Mas, uma greve geral tem que ser organizada e, ao mesmo tempo, acolher todas as ações dos trabalhadores e dos bairros operários. Os líderes sindicais que falam sob esta perspectiva poderiam ter expressado sua opinião e lutado por ela no congresso do TUC, agora adiado.
A votação não foi unânime; alguns sindicatos se opuseram ao adiamento. O PCS (trabalhadores estatais), o CWU (trabalhadores dos correios e telecomunicações), o FBU (bombeiros), a UCU (trabalhadores universitários), o EIS (sindicato da educação escocês) e o Equity (atores e indústria do entretenimento) votaram contra o adiamento do congresso. Portanto, nem todas as lideranças sindicais estão recuando.
O sindicato International Workers GB (um sindicato independente, com laços com o United Voices of the World) manteve sua Conferência Geral Anual para o sábado, dia 10/09. É a decisão correta.
Foi anunciado que o CWU fará greve em 1º de outubro. Pensamos ser imperativo que os sindicatos indiquem já seus dias de greve. As greves estavam se espalhando porque as bases se sentiam confiantes de que os líderes sindicais não os decepcionariam desta vez. Um dos ditados do final dos anos 1920 e 1930 no Reino Unido foi: “Os líderes sempre nos decepcionaram”. Todos os dirigentes sindicais combativos devem lutar para garantir que todas as grandes decisões estejam nas mãos da base e não no topo.
Princípios da luta de classes
Há dois grandes princípios da luta sindical: a independência do Estado e de todos os seus pilares e instituições. O papel político da realeza é consagrar a ideia de que uma riqueza fabulosa, propriedade da terra significativa e privilégios para poucos podem existir harmoniosamente com os milhões de trabalhadores e suas famílias que enfrentam a miséria neste inverno, enquanto os patrões atacam furiosamente os direitos, salários e condições de trabalho.
Muitas famílias buscam bancos de distribuição de alimentos e bancos de bebês1. Elas procurarão “bancos quentes” neste inverno, enquanto a realeza vive em palácios. Ninguém pode representar a “nação”. Não estamos todos juntos nisto, como disse o ex-primeiro ministro Boris Johnson. Ninguém pode representar a nação inteira, como disse Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, sobre a Rainha, porque existe uma imensa desigualdade.
Portanto, a independência do Estado capitalista e de todas as suas instituições e a democracia operária nos sindicatos são os dois grandes pilares para a base construir nos sindicatos. A partir disto, pode-se desenvolver um programa para unir a classe trabalhadora na luta contra todos os ataques dos patrões e do governo.
Reconstruir a onda de greves e a democracia sindical!
Acabar com a privação de salários, aposentadorias e benefícios devido à inflação!
Fim dos aumentos de preços e dos lucros!
1 Locais mantidos por instituições de caridades para fornecer alimentos, roupas e, no inverno, salas quentes para as famílias que não podem pagar pelo aquecimento não morram de frio.