sáb jul 27, 2024
sábado, julho 27, 2024

Belarus: O ditador Lukashenko teme seu povo e serve ao Kremlin

Em junho, Lukashenko teve reuniões especialmente frequentes com o Kremlin. Putin deu a seu lacaio duas ordens: maior rendição da soberania da Belarus e maior obediência para estrangular a soberania da Ucrânia. Dentro do país, o ditador tem apenas uma preocupação: que não haja protestos das massas oprimidas que o odeiam.

Artigo de jornal Vyzvaliennie Liberation

Cumplicidade criminosa com uma guerra criminosa

Como resultado dos contatos com Putin, desde o final de junho, a partir do espaço aéreo e do território da Belarus, a aviação russa lançou novamente ataques massivos contra cidades ucranianas, matando muitos civis ucranianos, idosos, mulheres e crianças. Graças aos esforços de Lukashenko contra a vontade do seu povo, a Belarus continua a ser um Estado agressor contra o povo irmão ucraniano e cúmplice deste genocídio.

Nas regiões da Belarus que fazem fronteira com a Ucrânia, Lukashenko realizou exercícios militares. Até colocou sacos de areia ao redor dos prédios das cidades. Durante a invasão do exército de Putin na Belarus nos primeiros meses da agressão contra a Ucrânia, os soldados russos estavam por toda parte, comportando-se como donos e senhores do país. Causaram medo de poder andar à noite entre as mulheres e muita indignação entre a população das cidades de Mozyr e Gomel. Hoje, seus habitantes voltaram a ser participantes involuntários do cenário militar.

Embora a maior parte do exército russo tenha sido transferida por Putin para o Donbass, a situação de guerra não abandonou nenhum lugar da Belarus. Há sinais crescentes das tentativas de Putin de transformar a Belarus, não apenas em sua base militar, mas também em uma fortaleza agressiva, com todas as consequências para os belarrussos e os povos da região. Isso continuará até que Putin e Lukashenko sejam derrotados.

A colonização se aprofunda

A queda do rublo belarrusso contra o rublo russo continuou. Isso tem duas implicações. Em primeiro lugar, isso significa um aumento nos preços dos produtos russos, pelos quais os belarussos terão que desembolsar mais rublos belarrussos. E ninguém recebeu ou receberá um aumento salarial. Em segundo lugar, torna-se ainda mais lucrativo para os capitalistas das indústrias belarrussas exportar para a Rússia do que vender no país. Isso levará a escassez interna devido ao aumento da venda de produtos da Belarus para a Federação Russa, especialmente alimentos. E também para um aumento ainda mais rápido dos preços dos produtos dentro do país.

Em conjunto, isso descreve uma tendência para o empobrecimento das pessoas que vivem de seus salários. Além disso, o barateamento relativo geral da Belarus para os proprietários de rublos russos torna mais fácil para a Rússia continuar sua pilhagem da Belarus. No país, também, o aumento dos preços da gasolina continuou, como resultado da propriedade da indústria de combustíveis do país pelos oligarcas russos. Além disso, como consequência da cumplicidade com a guerra, esse aumento de preços dobrou. E com ele o aumento geral dos preços. Mesmo segundo dados oficiais de junho, após a intervenção de Lukashenko na guerra, a taxa de inflação saltou de 10 para 16% em março e atingiu 17% em maio.

Outro evento indicativo foi a falência da fábrica de equipamentos de calefação em Minsk em junho. O Sberbank russo, como credor de seus créditos, colocou todas as oficinas à venda. Assim, o russo Sberbank destruiu a fábrica belarrussa. Destruiu empregos e uma parte importante da base de produção industrial da economia nacional. Este é o preço da dependência da Rússia e da rendição da soberania do país pela ditadura de Lukashenko.

Com tudo isso, a Rússia, com o servilismo da ditadura de Lukashenko, descarrega parte de suas dificuldades econômicas na Belarus e sufoca o país com sua “garra de urso”. Em nível nacional, Lukashenko está descarregando as consequências nas costas dos trabalhadores. Tudo isso é uma consequência direta da dependência da Belarus da Rússia, à qual a ditadura de Lukashenko levou o país, e sua participação na guerra criminosa de Putin.

Política interna: medo de protestos e repressão aos que resistem

Lukashenko decidiu servir a Putin. No entanto, dentro do país seu regime ditatorial range. Para justificar a participação na guerra, as transmissões de televisão de Lukashenko desencadearam propaganda pró-Rússia, justificando a guerra de Putin. No entanto, desde 2020, ele não consegue mais enganar ninguém. E o ditador sabe disso, por isso continua com as repressões seletivas. Principalmente, perseguindo aqueles que fizeram parte do levante. Ou seja, com o propósito de intimidação.

Também percebendo que não será possível reconquistar o apoio da população adulta por meio da intimidação, a ditadura decidiu arregimentar as crianças Introduziram o ritual de hastear a bandeira, cantar o hino e uniformes em todas as escolas. Em outras palavras, eles tentam “lukashizar” e “soldatizar” as crianças. No entanto, não temos dúvidas de que os pais poderão explicar aos filhos quem é quem, e todos juntos – pais, professores e alunos – poderão encontrar formas de sabotar as “inovações” da ditadura.

Lukashenko entende que a eficácia de suas medidas para recuperar a confiança do povo não é muito grande. Ele sabe que é um “pato manco”. Por isso, prefere contar com mais meios materiais e coercitivos. Ele até decidiu aparelhar o Ministério de Situações de Emergência para transformar socorristas em repressores. E anunciou a criação de uma “milícia territorial”, com unidades controladas por ele de cima. E ele reconhece sem rodeios que o faz por medo de possíveis protestos.

O ditador também decidiu cavar trincheiras na fronteira com a Ucrânia. A transferência do exército russo para o Donbass o deixou indefeso. Lukashenko sabe que os soldados do exército belorrusso, recrutados de famílias comuns, não querem lutar contra os irmãos ucranianos. Ele teme a confraternização dos dois povos mais do que a peste. O que fará se a resistência ucraniana cruzar repentinamente a fronteira para impedir a agressão do território da Belarus? Lukashenko entende que os belorrussos, que estão massivamente do lado da Ucrânia e odeiam seu ditador, receberiam os ucranianos como libertadores. E isso seria o fim da ditadura na Belarus e um golpe na ditadura de Putin. É por isso que ele ordena que seus soldados cavem trincheiras.

Fazer o que é necessário e possível

Putin e Lukashenko querem nos dividir e nos desmoralizar, para que baixemos os braços e deponhamos nossas armas. Eles não vão conseguir. Nós, os trabalhadores, das bases faremos nossa parte. Os trabalhadores da Ucrânia estão lutando hoje, o descontentamento está no ar na Belarus e devemos fazer o que for necessário e possível para derrotar nossos inimigos comuns. Continuaremos a arrecadar recursos para apoiar a luta dos ucranianos no âmbito da Ajuda Operária aos trabalhadores de Kryvyi Rih, organizada pela Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Luta (RSISL). Também defenderemos os mais de 1.200 presos políticos na Belarus, exigindo a libertação imediata dos combatentes contra a ditadura, como Mikhail Gromov, Miroslav Sobchuk, Artem Zhernak e Yana Malash, cuja campanha de defesa está sendo promovida internacionalmente pela RSISL.

Vamos distribuir nosso jornal Liberación entre amigos, companheiros de trabalho e conhecidos, porque houve, há e haverá cada vez mais resistência à ditadura. Vamos nos organizar para derrubar a ditadura e lutar pela independência da Belarus.

Juntos venceremos. Viva a Belarus!

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