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segunda-feira, junho 17, 2024

Dirigentes sindicais, economistas e convencionais realizam audiência com o presidente da Convenção Constitucional sobre a nacionalização da Grande Mineração

Ontem foi realizado um importante encontro entre dirigentes sindicais, intelectuais e convencionais com a presidente da Convenção Constitucional, María Elisa Quinteros. A reunião foi solicitada pelo Sindicato Interempresa da Mineração – SIM em 18 de outubro, em nome de seu presidente, Edward Gallardo Basay.

Por: MIT-Chile

O SIM tem sido uma das principais organizações que impulsionam a Iniciativa Popular de norma pela nacionalização da mineração de cobre, lítio e ouro em grande escala, que reuniu mais de 24.000 assinaturas. Também esteve presente a dirigente da Confederação dos Trabalhadores do Cobre, Ana Lamas Aguirre, que promoveu outra iniciativa que reuniu mais de 17 mil assinaturas. Também estiveram presentes:

– Manuel Riesco e Marcela Vera, economistas do CENDA.

– José Manuel Flores, professor da Usach e membro da Comissão de Defesa do Cobre.

– Orlando Caputo, economista e ex-gerente geral da Codelco no período Salvador Allende.

– Os convencionais constituintes María Rivera (MIT), Isabel Godoy e Elsa Labraña.

No encontro, vários dos presentes destacaram a magnitude dos saques realizados pelas transnacionais e como esses recursos, que significam mais de 35 bilhões de dólares por ano, poderiam ser usados ​​para solucionar as demandas sociais do povo chileno. José Manuel Flores disse que esses números podem ser muito maiores devido ao preço altíssimo do cobre hoje.

Manuel Riesco, economista do Cenda, salientou ainda que o regulamento aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, que substitui as concessões por autorizações administrativas, é um retrocesso ao que existe hoje, porque constitucionaliza as concessões e também abre a porta às concessões para substâncias que hoje não são concessíveis, como é o caso do lítio.

Edward Gallardo, dirigente dos subcontratados de Chuquicamata e trabalhador mineiro há 28 anos, comenta que não pôde continuar estudando justamente pelo alto custo da educação no Chile e por isso teve que entrar na mina aos 18 anos, vivendo em um país onde há muitos recursos para que todos possam estudar. Em seu discurso, ele destacou que a Convenção aprovou há poucos dias a educação pública gratuita em todos os níveis, mas questionou como essa educação pública será financiada. Eduardo também reconheceu a importância de manter o “domínio absoluto” do Estado sobre as minas, como já está na Constituição vigente e foi aprovado pela Convenção, porém, disse que isso é insuficiente, pois o que é importante para recuperar o cobre é que as grandes mineradoras sejam nacionalizadas e as concessões extintas.

Orlando Caputo, por sua vez, denunciou uma conversa que teve com o convencional Patricio Fernández, do Coletivo Socialista, no pátio da Convenção. Segundo Caputo, Patricio Fernández lhe disse que o governo disse claramente aos convencionais que não há possibilidade de nacionalizar a mineração em grande escala, intervindo diretamente na Convenção Constitucional.

José Flores, por sua vez, começou por referir que a atual Ministra da mineração tinha declarado, em Fevereiro ao jornal Mercurio, que as empresas mineiras obtinham lucros estratosféricos e que hoje ela tinha mudado de opinião. Ressaltou que os convencionais têm a grande responsabilidade de acabar com os saques, que é imperativo nacionalizar as empresas do “Cartel Mineiro Anglo-Saxão” e que é preciso fundir e refinar no Chile, impedir o contrabando de minerais que vão nos concentrados de cobre e tem alto valor. Em sua conclusão, citou José Manuel Balmaceda e sua preocupação, que hoje é uma realidade lamentável, de que o Chile se torne uma fábrica estrangeira.

Por seu lado, Ana Lamas disse que a Constituinte foi uma conquista do povo que saiu às ruas e que o povo está cansado de esperar, está cansado da política tradicional. Também destacou a importância de manter o controle absoluto do Estado sobre as minas, que foi incluído na Constituição por Allende, mas que isso é insuficiente.

Ao final, as convencionais Elsa Labraña e María Rivera convocaram María Elisa Quinteros e seu coletivo, Movimentos Sociais Constituintes, a apoiar a nacionalização da Grande Mineração, que será votada no Plenário da Convenção no dia 14/05.

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