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Estado Espanhol

Estado espanhol| Não ao certificado Covid, Vacinação universal Já!

janeiro 27, 2022

Liberação de patentes, vacinação universal e reforço da Saúde são o único caminho para acabar com a pandemia!

Começamos 2021 com a mensagem de todos os governos de que este iria ser o ano do fim da pandemia graças às vacinas, e o terminamos com um dado que expressa o fracasso do imperialismo na gestão da situação: a grande maioria dos 5,4 milhões de mortes oficiais ocorreu em 2021, o ano das vacinas e não em 2020.

Por: Corriente Roja

Certamente sabemos que, devido à subnotificação em muitos lugares do mundo, os dados são muito maiores. A revista The Economist apresentava o cálculo de que, de forma direta ou indireta, 21 milhões de pessoas teriam morrido em consequência da pandemia neste dois anos.

Neste inverno, a Europa volta a ser o epicentro mundial, embora seja o continente  ou um dos continentes com a taxa de vacinação mais alta, deixando em evidência que, apesar da vacina, a pandemia não passou nem ainda está controlada. A desigualdade nos níveis de vacinação no mundo (combinada com a criminosa política da “nova normalidade”), se volta como um bumerangue sobre os próprios países imperialistas, com ondas originadas nas novas cepas. Um verdadeiro tsunami que voltou a deixar em evidência todos os governos.

O tsunami do Ômicron, a nova variante do vírus, se estendeu a todo o mundo e os contágios bateram todos os recordes das ondas anteriores. No Estado Espanhol, o colapso do Atendimento Básico foi tal que nos vimos forçados a um salve-se quem puder e cada um/a teve que se virar como melhor pode. Conseguir um teste de antígenos em farmácia (supondo que se pudesse pagar) ou inclusive uma licença médica no trabalho se estivesse infectado/a era uma odisseia. Isso, sem esquecer que centenas de milhares de famílias nas quais não entra um só salário continuam sem ter recursos para fazer uma quarentena em condições, no caso de contágio.

E diante desta reincidência da pandemia, o que fizeram os governos autônomos? O que fez o Governo central, além de voltar a instaurar a obrigação das máscaras ao ar livre, e mais uma vez oferecer o exército para tarefas de rastreamento e vacinação? Lembremos que em torno de 28.000 trabalhadores/as da saúde, incorporados/as como reforço pela crise da pandemia, foram despedidos/as antes de finalizar o ano pelas diferentes Comunidades Autônomas: 8.000 em Andaluzia, 4.000 em Euskadi, 7.500 em Madrid…e a conta continua.

Em primeiro lugar, tentaram minimizar o impacto da sexta onda e mudar os protocolos com a desculpa de que a Ômicron parece ser menos letal e grande parte da população está vacinada com as dose completa. A maioria das Comunidades Autônomas (CCAA) deixaram de fazer PCR, a não ser que a pessoa tivesse sintomas graves e se deixou de fazer rastreamento dos contatos próximos. A Comissão de Saúde Pública do Conselho Interterritorial da Saúde aprovou que as pessoas vacinadas com o calendário completo não deviam cumprir quarentena, ainda que fossem contatos próximos, caso fossem causados pela variante Ômicron (o que é impossível determinar). Depois, reduziram a quarentena de 10 para 7 dias, como em outros países (no Reino Unido inclusive para cinco). Uma medida que não tem nada a ver com critérios científicos e sim com a tentativa de não paralisar a atividade econômica em determinados setores estratégicos. Isso sim, o Governo vende como uma medida, o ter regulado  para três euros o preço do teste de antígenos em farmácias, semanas depois destas ficaram sem estoque, e sobre isto, nosso flamante Ministro “comunista” do Consumo parece não ter nada a dizer. Está nítido os protocolos foram mudados sobretudo para tentar conter a situação de superlotação do sistema de saúde, que nem sequer tem pessoal suficiente para tirar licenças médicas. E porque este governo, mais uma vez, volta a contrapor os benefícios econômicos da patronal à saúde.

Em segundo lugar,  ao mesmo tempo em que não reforçam a Saúde, nem os transportes, etc, e sobrecarregam alguns trabalhadores/as da saúde exaustos/as com a gestão desta nova onda e a campanha de vacinação, os governos continuam impondo medidas repressivas que culpabilizam a população e são aproveitadas para o controle social. É o caso do toque de recolher, aplicado na Catalunha desde a noite de 23 de dezembro até 20 de janeiro, o do certificado Covid para entrar em espaços fechados. (Na Itália, se exige até para entrar no transporte público e na França passaram a exigir um passaporte de vacinação).

Se alguma coisa ficou demonstrada nesta sexta onda é que, enquanto a pandemia  persistir, estar vacinado/a não evita que possa contagiar outras pessoas. Apesar disso, exigir o certificado Covid ou passaporte de vacinação se converteu na medida estrela e quase a única medida preventiva dos governos europeus, embora aqui, algumas CCAA tenham agora decidido eliminar sua obrigatoriedade. A mídia não duvidou em taxar de “antivacinas” todo aquele ou aquela que coloque em questão ou se oponha a esta imposição. O que acontece, por exemplo, com as/os imigrantes sem papéis que ficam fora do sistema de Saúde Pública?

A Corriente Roja expressa nosso repúdio e rechaço a todas as medidas hipócritas dos governos, como a exigência do certificado Covid ou o toque de recolher. Este rechaço não tem nada a ver com um questionamento às vacinas. As vacinas têm se mostrado uma ferramenta muito útil no combate ao coronavírus: atenuam a periculosidade da doença e, com isso, o risco de morte nas pessoas vacinadas.

Também não tem a ver com a defesa da liberdade individual  como a direita faz, que é quem termina canalizando o descontentamento diante das medidas incongruentes e repressivas deste governo. Rechaçamos por ser repressiva e discriminatória, enquanto não há vacinas e recursos sanitários para toda a população, ao mesmo tempo em que não serve para evitar a propagação do vírus e a aparição de novas variantes.

A sexta onda será atenuada, mas não a pandemia. Os governos são responsáveis!

Em plena sexta onda, com o Atendimento Básico sobrecarregado, mais de 100.000 contágios diários, (dos quais 10% tem risco de desenvolver Covid persistente), os leitos de UTI cada vez mais ocupados por pacientes de Covid e algumas taxas de mortalidade que, apesar da subnotificação, voltaram a superar as 100 mortes diárias em média, Sánchez anunciou que “o objetivo do governo é gripalizar a pandemia e que já estão sendo desenhadas medidas pioneiras para tratá-la como se fosse endêmica. Algumas declarações apressadas sobre as quais até o diretor para a Europa, da Organização Mundial da Saúde, Hans Kluge, teve que alertar que é cedo para tratar a infecção por Covid como uma doença endêmica, e advertiu  que nas próximas semanas a metade da população da Europa seria infectada pela nova variante do vírus.

Embora o objetivo das declarações de Sánchez não fosse outro que colocar uma cortina de fumaça sobre seu fracasso na gestão da sexta onda, Sánchez se apoia em um fato verdadeiro. Em geral, os vírus tendem a evoluir de forma natural para variantes menos mortais, já que as cepas que não nos matam tanto, são mais bem-sucedidas. A Ômicron mostra essa tendência. Mais contagiosa, porém menos mortal. Essa evolução, combinada com a vacinação e a tentativa de isolar possíveis novas variantes que surjam, é a via para acabar com a pandemia, mas não com o vírus. O vírus conviverá daqui para a frente com a humanidade como tantos outros e a lógica indica que é isto o que acabará ocorrendo.

Mas isso não pode servir para ocultar o fato de que, para acabar o quanto antes com a pandemia, e sobretudo para salvar vidas, e não os lucros das multinacionais, é absolutamente necessário liberar as patentes JÁ. Não podemos esperar 8 anos (que é o tempo que a OMS calcula que demorará neste ritmo para atingir  a imunidade global) para que 70% da população mundial esteja vacinada!

A Covid demonstrou que os cortes na saúde matam e que é necessário reforçar a Saúde Pública e em especial o Atendimento Básico, para proteger-se frente a novas pandemias. A aparição das vacinas supôs um grande avanço e uma grande esperança para acabar com a Covid. Mas os governos preferem continuar destinando uma parte do gasto público em assegurar os enormes lucros das multinacionais das vacinas e não em reforçar a saúde e exigir a liberação das patentes. Decidem que a nova normalidade é conviver com o vírus, enquanto milhares de pessoas veem sua saúde deteriorada ou morrem de Covid e outras doenças porque devido ao colapso da Saúde deixam de ser atendidas.  O governo está falando que iremos precisar de uma dose de reforço da vacina a cada certo tempo. Embora alguns especialistas, questionem os reforços vacinais contínuos como estratégia da Saúde Pública em longo prazo.

Porém, independentemente de sua eficácia ou do gasto que isso implicaria, é um desrespeito absoluto que alguns países continuem monopolizando novas doses quando há milhões de pessoas no mundo sem receber uma única dose. Este “apartheid” das vacinas continuará aprofundando a desigualdade entre os países, e abre a porta para que continuem aparecendo novas cepas e não consigamos erradicar a pandemia.

A produção da vacina tem que ser pública e estas devem ser distribuídas o quanto antes em todo o mundo. Mas para isso é necessário que seu desenvolvimento e produção deixem de estar nas mãos de um punhado de empresas privadas, que foram previamente financiadas generosamente pelos Estados com bilhões do dinheiro público para pesquisar as vacinas e acelerar sua produção.

Dois anos depois da pandemia, exigimos deste e de todos os governos medidas de Saúde Pública para proteger a saúde de todas e todos.

Testes de diagnóstico gratuitos para toda a população que a necessite!
Máscaras gratuitas para toda a população!
Por um plano de emergência com recursos econômicos para resgatar a Saúde Pública e dotá-la de todo o pessoal necessário criando emprego público e de qualidade!
Expropriação da Saúde Privada para colocar as clínicas e laboratórios privados a serviço de uma rede pública!
Liberação das patentes e vacinação universal como única medida efetiva real para acabar com a pandemia!
Tradução: Lilian Enck

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