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Colômbia

Colômbia: um país de pobres e endividado

dezembro 7, 2021

Por mais mídia e discursos demagógicos de Iván Duque querendo se passar como o presidente de um país do primeiro mundo, o Banco Mundial acaba de publicar um informe onde afirma que a Colômbia é o segundo país mais desigual da América Latina e o mais desigual dos países da OCDE, organização na qual entrou há poucos anos.

Por: RC

A pandemia não justifica tudo

Desde que começou a pandemia, nossa corrente internacional veio afirmando que esta conjuntura, somada à crise econômica capitalista que vem desde 2008 e que não foi superada, provocaria mais miséria à já empobrecida classe trabalhadora e sobretudo aos seus setores terceirizados e precarizados. E isto era previsto porque os governos em todo o mundo privilegiaram salvar os empresários e a economia capitalista, à custa, como sempre, da classe trabalhadora e dos setores informais.

Iván Duque passará para a história como um dos governos nos quais a brecha da desigualdade e pobreza aumentou a níveis indignantes, pois seus planos desde antes da pandemia já o adiantavam, e esta desigualdade social foi a que motivou as paralisações nacionais de novembro de 2019 e abril-maio deste ano. Duque ficou marcado como o presidente ao qual, os trabalhadores e o povo, fizeram duas “grandes paralisações” super massivas, justamente produto da indignação pelas suas políticas que provocaram o aumento da pobreza, o desemprego e mais de 125 mil mortes pela pandemia pessimamente gerenciada.

Segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE), define como pobreza monetária as pessoas que em 2020 tinham uma renda mensal de 331,668 pesos e a pobreza extrema  aquelas que tinham uma renda mensal de 145,004 pesos. Isto nem sequer é pobreza, é miséria.

Então, para o DANE, os trabalhadores com salário mínimo, que não chega a cobrir a cesta familiar básica, não são pobres. Que cinismo! Com certeza o DANE a serviço do Estado e este como aparato dos empresários, banqueiros, latifundiários e grandes comerciantes, nacionais e imperialistas deixam ver seu caráter e para acalmar sua consciência mentem quando afirmam que, sem eles, os pobres não teriam o que comer porque “graças a deus lhes dão trabalho”.

A realidade é completamente ao contrário: graças à exploração da classe trabalhadora, cujo produto de seu trabalho é apropriado e vendido como mercadoria, os capitalistas acumulam suas grandes fortunas, e provocam dia a dia o crescimento de uma brecha cada vez mais profunda entre uma minoria de multimilionários e uma enorme maioria de pobres e miseráveis.

Em 2019, 3,6 milhões de pessoas engrossaram a cifra de pobreza passando de 17, 4 milhões para 21,02 milhões em 2020. Por sua vez, a pobreza extrema passou de 4,68 milhões em 2019 para 7,47 milhões de pessoas no ano passado. Ou seja, 57,6 %da população colombiana vivem com renda abaixo de 331 mil pesos mensais. Estas taxas de pobreza são significativamente mais altas em setores como os camponeses diaristas, os afrodescendentes, os jovens, os migrantes e as mulheres. Somemos a esta situação o desemprego que em abril de 2021 ficou em 14,2% atacando mais as mulheres.

Inflação e desvalorização

Até agora em 2021, o peso é a moeda mais desvalorizada do mundo em comparação ao dólar, com uma queda de 14,2 %. Isto significa que em um país com uma balança comercial na qual o que mais importa é o que exporta e tudo é convertido em dólares, os preços de todos os artigos sobem e são transferidos de imediato ao consumidor, pois os empresários nunca perdem.

Assim segundo o DANE, a inflação em setembro deste ano chegou a 4,33%, mas todos sabemos que estes números são manejados politicamente quando se trata de aumento nos salários. De forma que, ao miserável aumento para este ano que não compensou a perda do valor aquisitivo do ano passado, deve-se somar a inflação deste ano o que expõe na realidade uma alta do custo da cesta básica de pelo menos o dobro do que o governo reconhece.

Por isso, o governo retoma seu plano de ajuste fiscal para descarregá-lo sobre os trabalhadores do setor estatal. Mas os efeitos desta crise econômica não param aí. Quando o dólar sobe, todos os empréstimos que o governo e os empresários privados fazem sobem em juros e em capital, o que aumentou a dívida externa total em 7,2% de junho do ano passado a junho deste ano.

O aumento da dívida foi de 10,649 bilhões de dólares, dívida que por diferentes vias é cobrada da classe trabalhadora. A dívida externa pública e privada hoje sobe para mais da metade do Produto Interno Bruto isto é, do que o país produz, a metade vai para pagar os usurários dos bancos mundial e nacional. Podemos afirmar literalmente que a Colômbia é um país não só de pobres, mas também endividado.

Retomar a luta, a mobilização e a paralisação

. É fato que a política de colocar a economia capitalista acima das necessidades provocadas pela pandemia, agravou a desigualdade social a níveis alarmantes, gerando uma profunda crise social. Esta deteriorização acelerada do nível de vida e o crescimento do desemprego é o que explica, por sua vez, o aumento da delinquência comum. Porém os governos e os ricos só conhecem a repressão como resposta a estes flagelos causados pelo sistema que lhes provê suas fortunas.

Está provado que só a mobilização massiva dos de baixo pode frear e derrotar os de cima, como ficou comprovado na última paralisação. Mas não foi suficiente e, portanto temos que retomar a organização por baixo e a construção de organismos democráticos que realmente nos representem para poder voltar a tomar as ruas. Lamentavelmente, muitas organizações que participaram na paralisação, hoje puseram suas forças a serviço das eleições e não as eleições a serviço da luta como deve ser, se quisermos avançar em nossos objetivos de conquistar uma sociedade onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. O caminho é esse.

Tradução: Lilian Party

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