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sexta-feira, março 29, 2024

O caso do Haiti mostra que o Exército colombiano é uma máquina mercenária

No assassinato do presidente do Haiti, Jovenal Moïse, perpetrado em 7 de julho, 26 ex-militares colombianos foram implicados – embora existam fontes que indiquem que pelo menos 6 estariam em serviço ativo . Entre eles, vários têm processos em andamento pelos chamados falsos positivos, pertencentes a uma empresa de mercenários cujos sócios estão ligados ao uribismo e próximos ao governo criminoso de Duque, como o recrutador Antonio Intriago, que aparece em fotos com Duque em Miami.

Por: Antonio Romero

Não seria de estranhar se o Governo soubesse da “operação”, em uma ocasião o embaixador nos Estados Unidos participou de um encontro onde se estavam forjando ações militares intervencionistas contra a Venezuela.

A participação de ex-militares colombianos em agressões imperialistas não é nova, aliás o governo Uribe promoveu o recrutamento de centenas de soldados na invasão do Iraque e do Afeganistão, mas vai além disso, faz parte da doutrina militar das Forças. Forças Armadas da Colômbia, que durante décadas foi uma máquina de guerra mercenária.

O Exército colombiano, que desde a implementação do Plano Colômbia, iniciou um processo de ‘profissionalização’ que envolve a mudança do conceito de funcionário público para profissional de guerra que assassina e reprime por salário. Soma-se a isso a doutrinação militar – orientada pela Escola das Américas e pelo Comando Sul dos Estados Unidos – do inimigo interno.

A maior parte dos exércitos da América Latina recorreu a golpes para controlar o ascenso das massas em meados do século XX.  Na Colômbia, após a Junta Militar e a ditadura de Rojas Pinilla, a burguesia assumiu o controle do Executivo sob o modelo da política de alternância entre os dois principais partidos burgueses – liberal e conservador – e uma política férrea de repressão sob a figura do Estado de Sítio.

Com a Constituição de 1991, o Estado de Sítio foi regulamentado, mas a doutrina militar não foi alterada, continuou sendo a de tratamento dos lutadores sociais como inimigo interno e o uso de bandos paramilitares que atuavam como batalhões ilegais de apoio às forças militares.

Com a implementação do Plano Colômbia no governo Pastrana e a desmobilização das Autodefesas Unidas da Colômbia no governo Uribe, as altas patentes militares têm outra oportunidade de negócio: a criação de “empresas de segurança” que são gangues de mercenários a serem contratados em ações internacionais ou por empresas, proprietários de terras e traficantes em nível nacional.

O próprio Exército colombiano promove o mercenarismo dentro de suas forças, como foi o caso dos chamados Falsos Positivos, os 6.402 homicídios fora de combate cometidos pelos militares colombianos contra camponeses, que eram passados ​​como civis em troca de benefícios. Um dos implicados nesses falsos positivos, Francisco Eladio Uribe, é um dos presos pelo assassinato no Haiti.

Por isso, o uribismo está tão intimamente ligado a essas empresas mercenárias e para além das brigas entre facções imperialistas que possam ter levado à morte de Moïse, o que revela é a máquina mercenária que é o Exército colombiano. E demonstra a necessidade urgente de continuar o processo de lutas em nível continental para derrotar de conjunto os regimes assassinos que nos governam e que nem mesmo hesitam em se assassinar entre eles mesmos quando se trata de repartir negócios.

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