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História

Aos 150 anos do nascimento de Rosa Luxemburgo

março 9, 2021

Em 5 de março de 1871 nascia Rosa Luxemburgo, que foi assassinada em 15 de janeiro de 1919 por um governo considerado “de esquerda”, liderado pelo SPD (o principal partido reformista na Alemanha), apoiado pelo USPD (o partido centrista, isto é, semirreformista, no qual Kautsky militava). Como todos os demais governos “de esquerda” ou “reformistas” no capitalismo, que a história conheceu, este governo foi um instrumento da burguesia para frear as lutas operárias. Este governo faria assassinar Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht por um “corpo livre” [o Corpo da Liberdade, Freikorps, bandos paramilitares] .

Depois de detê-los, um bando a mando do capitão Pabst matou Karl com um tiro na testa (disseram que tinha tentado fugir), enquanto o soldado Runge rompia o crâneo de Rosa com a culatra do fuzil, e o tenente Vogel disparava na cabeça antes de atirá-la no canal da ponte Liechtenstein.

Para os reformistas e seu governo de colaboração de classes, Luxemburgo e Liebknecht constituíam o principal perigo de um “contágio bolchevique” na Alemanha (a revolução dirigida por Lenin e Trotsky tinha vencido um ano antes na Rússia).

Nestes dias lemos comemorações do 150º aniversario de Luxemburgo na imprensa burguesa e também nos sites dos partidos reformistas e centristas. Partidos que, na realidade, se estivessem presentes naqueles anos na Alemanha, certamente teriam apoiado o governo ao qual os Espartaquistas de Luxemburgo e Liebknecht faziam uma oposição de classe em nome de um verdadeiro governo operário.

Por: Francesco Ricci

“A vanguarda revolucionária do proletariado alemão se constituiu em partido político autônomo […]. Trata-se agora de substituir o estado de ânimo revolucionário indiferenciado com uma inflexível determinação revolucionária, a espontaneidade pela sistematicidade” (Rosa Luxemburgo, 1918, discurso de fundação do KPD).

Se tivesse podido ver o que certos supostos seguidores e críticos, de direita e de esquerda, fizeram de seu pensamento, talvez também Rosa teria exclamado, como Marx: “não sou luxemburguista!”.

Nas últimas décadas, o rótulo de «luxemburguismo» foi colocado sobre poções preparadas por um grupo de médicos do capitalismo e charlatães do socialismo. Espontaneísmo, movimentismo, anticentralismo, antibolchevismo, antipartidarismo e aventureirismo: são poucos os “ismos” do vocabulário do movimento operário que não têm sido associados de qualquer forma ao nome de Rosa Luxemburgo. Às vezes de boa fé, com mais frequência por fraude, têm se tentado isolar simples erros de Luxemburgo, posições conjunturais, para poder reuni-los depois em uma venenosa alegada doutrina, para dobrá-la, de tempos em tempos, às mais disparatadas exigências.

É necessário atacar o Outubro de ’17? Estão prontas três citações de Rosa contra Lenin. Quer se negar a concepção marxista de partido? Em seguida se tira o pó de um artigo de Rosa que provaria sua convicção sobre a inutilidade do partido.

Que simples artigos ou frases de Rosa tenham sido desmentidos ou superados em sua própria obra e – o que mais conta – com suas ações, é obviamente algo que não perturba os detratores e falsos apologistas. Por detrás do caos de falsificações históricas feitas pelo stalinismo e pelos reformistas neste século, o revisionismo é um delito com impunidade garantida. Pelo menos até o julgamento implacável da próxima revolução.

Rosa espontaneísta?

Segundo muitos, a principal virtude (ou desvio, de acordo com o ponto de vista) da revolucionária polaca seria ter refutado a concepção de partido de Marx e Lenin a favor de uma exaltação da chamada espontaneidade das massas, liberadas da compressão de um “partido guia”. O surpreendente é que não há um só texto escrito por Rosa no qual se teorize uma contraposição partido – massas ou se afirme a inutilidade do partido de vanguarda, isto é, daquele destacamento da classe profundamente integrado nela.

Voltando a ler a obra de Luxemburgo em seu contexto é evidente que cada ênfase da “energia espontânea” das massas é feita em direta polêmica com os aparatos em vias de burocratização da socialdemocracia alemã (SPD), contra sua transformação do partido de meio em fim, ou um meio para subordinar os interesses da classe operária aos de uma casta parasitária de funcionários e deputados. Quando em inícios do século [XX] Rosa polemizava contra aquilo que via como “excessos partidistas” dos leninistas, tinha em mente a situação alemã.

Foi o stalinismo o primeiro a impor a reconstrução histórica da ideia de uma Rosa Luxemburgo como portadora de uma “concepção diferente de partido”.

Isto era funcional para apresentar o bolchevismo como uma completa inovação (de Lenin… e Stalin). Foi o Executivo da Internacional estalinizada, em março de 1935, que cunhou o termo «luxemburguismo». A mesma interpretação foi adotada, ainda que com fins opostos, por supostos «luxemburguistas».

A ruptura com o reformismo e o centrismo

Segundo a história falsificada dos stalinistas [1], Lenin se orientava já em 1904 por uma cisão da Segunda Internacional e pressionava por uma cisão no SPD com a direita e com o centro de Kautsky (que é apresentado como se tivesse sido um renegado desde o início de sua atividade). Isto é totalmente falso. Lenin considerava o SPD um modelo e a Kautsky um mestre ao menos até 1909 (ano em que Kautsky escreve O caminho ao poder, que Lenin reivindicava plenamente e o citava de memoria), e, excetuando alguma rara crítica precedente, só a partir de «4 de agosto» (1914) da Segunda Internacional, Lenin considerou necessário romper com os kautskistas (para iniciar a construção da Terceira Internacional)[2]. Por isso, ainda no verão de 1914, Lenin não criticava de modo algum a Luxemburgo por não ter rompido com o SPD e, ao contrário, sabe-se que Luxemburgo foi a primeira a iniciar a batalha contra Kautsky.

Quando, em 1910, Luxemburgo acusa abertamente a Kautsky de ter tomado o caminho do revisionismo, Lenin tomou posição em defesa de Kautsky. Também sobre a presença de Berstein e do setor abertamente revisionista no SPD, o único entre os dirigentes russos em insistir com os dirigentes alemães para romper com eles é Plekhanov, não Lenin[3].

A diferença tática (ainda que com consequências estratégicas) entre os bolcheviques e o grupo ao redor de Luxemburgo (Internacional, mais tarde Liga de Espartaco) sobre o momento da ruptura se dá somente no final de 1914. É nos meses seguintes que Lenin pressiona por uma ruptura também organizativa (a política já havia se dado) da esquerda alemã com o SPD. Mas a diferença entre Lenin e Luxemburgo não é sobre os princípios de construção do partido: é uma questão de tempos, por importante que seja. Por isto, em sua crítica ao “Folleto Junius”, em julho de 1916, Lenin não propõe críticas de principio à autora, isto é a Luxemburgo, e ao mesmo tempo em que critica o adiamento da ruptura se diz convencido de que os espartaquistas “poderão seguir adiante, pelo bom caminho”[4].

Também não tem fundamento  a afirmação segundo a qual Lenin teria criticado os espartaquistas por não terem rompido imediatamente com o centrismo do USPD (partido formado em abril de 1917 da ruptura do SPD, dirigido entre outros por Kautsky). Com efeito, Lenin sustenta que a ruptura com os centristas já tinha ocorrido de fato, e escreve: “Nos últimos tempos, os que estão particularmente interessados por misturar os papéis fizeram muito barulho ao redor da suposta unificação do grupo de Liebknecht e os kautskistas no USPD. Na realidade, o grupo de Liebknecht não se fundiu inteiramente com os kaustkistas mas conservou a própria autonomia organizativa, limitando-se a constituir um bloco temporário e condicional contra os socialchauvinistas” [5].

Na realidade, Karl Liebknecht confirma que no USPD os espartaquistas (já funcionando como um partido autônomo) estavam fazendo entrismo para juntar forças e constituir um novo partido: o que se fará em fins de dezembro de 1918.

Hoje podemos avaliar que foi um erro não seguir a proposta dos setores revolucionários de não entrar no USPD centrista, mas se trata de uma valorização sobre o momento da ruptura, não de duas concepções diferentes de partido.

O que Lenin criticava em Rosa?

Voltando atrás, diante das primeiras críticas realizadas por Luxemburgo no início do século, Lenin responde com um artigo (“Um passo adiante, dois passos atrás. Resposta a Rosa Luxemburgo”, que não deve ser confundido com o livro precedente, que tem o mesmo título e do qual parte a polêmica de Luxemburgo) [6].

Neste texto, Lenin esclarece vários erros factuais contidos nesta polêmica de Luxemburgo sobre o real curso do II Congresso do POSDR (1903, esse que leva à ruptura entre bolcheviques e mencheviques) e mais em geral faz notar a  Luxemburgo que ela está polemizando não com suas posições mas com uma falsa descrição de suas posições (“Rosa Luxemburgo em Die Neue Zeit faz os leitores conhecerem não meu livro mas outra coisa diferente”). Isto é, Lenin não atribui a Luxemburgo uma concepção diferente de partido. E a respeito da acusação de «ultracentralismo» Lenin responde que Luxemburgo está polemizando tendo em mente o centralismo burocrático utilizado pelos oportunistas no SPD, não as propostas concretas de Lenin.

Alguns fatos históricos «esquecidos»

Aqueles que sustentam a tese segundo a qual Luxemburgo tem com Lenin não diferenças contingentes e secundárias (exageradas pela polêmica) mas “uma concepção diferente de partido” ignoram – além do que reconstruímos até agora – também o seguinte:

1) em um artigo escrito em 1906 (“Blanquismo e socialdemocracia”)[7], Rosa Luxemburgo polemiza com Plekhanov e defende Lenin da acusação de «blanquismo» que ela própria tinha utilizado pouco antes contra Lenin. Ou seja, corrige sua posição sobre isto;

2) já em 1905, vendo na prova da revolução bolcheviques e mencheviques, Luxemburgo começa a atacar as posições da nova Iskra (justamente sobre o tema do partido) e, no Congresso de Estocolmo (1906) tomou posição em quase todas as questões com Lenin contra Martov. No Congresso de Londres em 1907, o voto de Luxemburgo foi determinante para garantir a maioria bolchevique. Nesse mesmo ano, Lenin e Luxemburgo iniciaram uma batalha comum no Congresso da Internacional em Stuttgart;

3) em sua atividade concreta de construção do partido polaco (SKDPIL) Rosa dirige um partido de vanguarda fortemente centralizado;

4) em todos seus textos principais, para além dos limites de alguns destes e alguns erros, nunca é teorizado nada diferente do partido de vanguarda como elemento indispensável para trazer a consciência socialista “a partir de fora” e dirigir a classe operária para a conquista do poder. É Trotsky quem afirma que Luxemburgo sempre “se esforçou por educar antecipadamente a ala revolucionária do proletariado” [8];

5) em suas últimas semanas de vida, no Congresso de fundação do KPD (dezembro de 1918), Luxemburgo se enfrenta com a ala juvenil do partido que critica um “excesso” de centralismo no nascente partido. Rosa responde utilizando exatamente os argumentos de Lenin a favor do centralismo que os jovens (impressionados pelo centralismo burocrático do SPD) rechaçavam.

Toda a evolução de Luxemburgo demonstra que estava se afastando cada vez mais de alguns erros cometidos nos primeiros anos do século e estava se aproximando cada vez mais das concepções de Lenin. Uma evolução similar a que Trotsky fez, entretanto Luxemburgo foi assassinada antes de completá-la;

6) A outra polêmica utilizada pelos detratores de Luxemburgo ou pelos supostos «luxemburguistas» se baseia no texto A revolução russa que era na realidade um conjunto de apontamentos escritos por Luxemburgo na prisão (setembro de 1918) quando não dispunha mais do que de noticias fragmentadas. Ela própria manifestou (a Leo Jogiches, dirigente do partido e seu companheiro de vida) a vontade de que estes apontamentos fossem queimados e não publicados porque tinha mudado de opinião. Foram publicados em 1921 por Paul Levi que, uma vez expulso do partido, traiu a vontade de Rosa. Mas até neste texto que alguns apresentam como «antibolchevique», Rosa escreve, ao contrário, que o partido de Lenin “foi o único que compreendeu as leis e o dever de um partido verdadeiramente revolucionário”. E o texto conclui afirmando: “o futuro pertence, em toda parte, ao bolchevismo” [9]. Realmente estranho para uma “antibolchevique”, não?

Dia a dia sempre mais «leninista»

Podemos afirmar que Rosa Luxemburgo não esteve isenta de erros e desvios centristas (como o Trotsky “unitarista” e o Lenin da “ditadura democrática de operários e camponeses” também não). Mas, entre os erros de Luxemburgo, Lenin não destaca nunca o «espontaneísmo» ou uma suposta diferença de concepção de partido em relação à sua. Por isto, muitas vezes Lenin disse que era necessário publicar todas as obras da grande revolucionária e com elas formar os militantes.

E, sempre por isto, Trotsky sustenta que as diferenças com Rosa se relacionavam apenas “ao acessório”, elementos “episódicos”, mas não uma concepção diferente e contraposta ao partido de tipo bolchevique. Num texto no qual utiliza as expressões que citamos, escrito em 1935, Trotsky expressa o que acreditamos ser o julgamento que melhor desautoriza as visões de uma Luxemburgo autora de “outra concepção” de partido. Tomamos a liberdade de citá-lo amplamente: “[…] Ultimamente,  realizaram-se vários esforços para construir um chamado luxemburguismo para ser utilizado como uma trincheira, pelos centristas de esquerda, contra o bolchevismo-leninismo. Não se avança um passo ao dizer que Rosa Luxemburgo contrapunha desapaixonadamente a espontaneidade das massas com a política conservadora “vitoriosa e coroada” da socialdemocracia alemã, especialmente depois da revolução de 1905.

Esta contraposição tinha um caráter completamente revolucionário e progressista.  Muito tempo antes de Lenin, Rosa Luxemburgo tinha compreendido o caráter retardatário do ossificado partido e do aparato sindical, e tinha começado a lutar contra eles. Porque ela confiava na inevitável intensificação dos conflitos de classe, tinha sempre prevista a certeza de uma aparição independente das massas contra a vontade e contra a linha dos burocratas. Nesta sua visão histórica geral, Rosa se mostrou correta.

[…]A própria Rosa nunca se limitou à mera teoria da espontaneidade […]. Rosa Luxemburgo esforçou-se antecipadamente por educar a ala revolucionária do proletariado e a uni-la organizativamente o mais possível. Na Polônia construiu uma organização independente muito rígida. O máximo que se pode dizer é que sua avaliação histórico-filosófica do movimento operário, a pré-seleção de sua vanguarda frente às ações de massas que eram esperadas, foi muito pouco acentuada em Rosa; enquanto, em troca, Lenin – sem consolar-se sequer com os milagres de ações futuras – tomou os operários mais avançados para soldá-los constante e incansavelmente em núcleos firmes, legal ou ilegalmente, em organizações de massas ou clandestinas, mediante um programa finalmente definido”.

E Trotsky continua: “A teoria da espontaneidade de Rosa foi uma saudável arma contra o ossificado aparato do reformismo. Pelo fato de que este com frequência se dirigia contra o trabalho de Lenin de construção de um aparato revolucionário, isso revelava – certamente só de forma embrionária – seu caráter reacionário. Com Rosa isto ocorreu só ocasionalmente. Ela era muito realista, no sentido revolucionário, para desenvolver os elementos da teoria da espontaneidade em uma consumada metafísica. Na prática, ela própria, como já foi dito, questionava esta teoria a cada passo. Depois da revolução de novembro de 1918, iniciou o ardente trabalho de agrupar a vanguarda proletária […] dia a dia, Rosa estava se aproximando da concepção teoricamente bem delineada de Lenin quanto à liderança consciente e espontaneidade.(Certamente, foi esta circunstância que a impediu de tornar público seu manuscrito contra a política bolchevique, do qual mais tarde se tirou proveito vergonhosamente)” [10].

Notas

[1] Sobre o julgamento de Stalin a respeito de Luxemburgo ver por exemplo um artigo de Stalin de 1931: “Sobre algumas questões da historia do bolchevismo”, publicado na revista Proletarskaja Revoljucija n.° 6, 1931, consultada na versão em espanhol disponível em: www.marxists.org/espanol/stalin/1930s/sta1931.htm

[2] Sobre as relações entre Lenin e a Segunda Internacional, ver: G. Haupt: “Lénine, les bolcheviks et la II Internationale [Lenin, os bolcheviques e a II Internacional], em Cahiers du monde russe et soviétique, 3, 1966. Com relação a Trotsky, sustentava que a Segunda Internacional tinha desempenhado «um papel histórico progressivo [que] tinha terminado com o início da guerra imperialista», citamos de La Tercera Internacional después de Lenin, Schwarz, 1957, p. 107.

]3] Ver a respeito o livro de C. Weill, Marxistes russes et social-démocratie allemande [Marxistas russos e socialdemocratas alemães]. 1898-1904, Maspero, 1976.

[4] Para o julgamento de Lenin sobre o “Folleto Junius”, ver “A proposito dell’ opuscolo di Junius” [A propósito de Folleto Junius], (julho 1912) em V. I. Lenin, Opere complete [Obras Completas], Editori Riuniti, 1966, volume 22, p. 304.

[5] Para o julgamento de Lenin sobre a permanência dos Espartaquistas no USPD, ver: “Socialsciovinisti e internazionalisti” [Socialchovinistas e internacinalistas] (abril 1917) em op.cit., volume 24, p. 335.

[6] V. I. Lenin, “Um passo adiante, dois passos atrás. Resposta de Lenin a Rosa Luxemburgo”, em op. cit. volume 7, p. 460. Este artigo foi enviado a Die Neue Zeit (revista teórica del SPD) mas Kautsky não o publicou, Foi publicado pela primeira vez em 1930.

[7] Rosa Luxemburgo, “Blanquismo y socialdemocracia” (1906), consultado por nós na edição em francês disponível na internet, em: www.marxists.org/francais/luxembur/works/1906/rl19060600.htm

[8] León Trotsky, “Rosa Luxemburg e la Quarta Internazionale” (24 de junio de 1935), disponível na internet, em: www.marxists.org/italiano/trotsky/1935/6/24-luxemburg.htm

[9] Rosa Luxemburgo, La Rivoluzione russa, Massari editore, 2004.

[10] León Trotsky, “Rosa Luxemburg e la Quarta Internazionale”, ver nota 8.

Artigo original publicado em 14/1/2019 pelo Partido de Alternativa Comunista (PdAC) Italia, disponível em: https://www.partitodialternativacomunista.org/politica/internazionale/cento-anni-fa-un-governo-dei-riformisti-uccideva-rosa-luxemburg

Tradução: Lilian Enck

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