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sexta-feira, abril 19, 2024

25N | Dizemos basta de violência machista!

25N, Dia Internacional pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Longe de eliminar essa violência, neste contexto de pandemia a situação se agrava: nada pode ser combatido sem conhecer as raízes profundas do problema. Quais são as causas dessa violência e por que as mulheres trabalhadoras deveriam estar na linha de frente da luta para acabar com ela?

Por: Luta Mulher – PSTU (Argentina)
É fato comprovado que a crise econômica e a pandemia alimentam brutalmente o machismo e a violência em todo o mundo. De acordo com a ONU, “O confinamento alimenta a tensão e o estresse gerado por preocupações relacionadas à segurança, saúde e dinheiro…” [1] A OMS observou que a violência doméstica contra as mulheres aumentou em 60% no mundo durante as quarentenas [2]. O isolamento nunca foi o melhor aliado para as mulheres que sofrem violência dentro de casa.
A América Latina é uma das regiões onde o problema é mais agudo. Na Argentina, já temos 255 feminicídios até agora em 2020 [3]. Mas o feminicídio é apenas a ponta do iceberg de uma série de violências que o próprio Estado e os diversos governos exercem sobre as condições de vida das mulheres trabalhadoras e pobres.
Opressão a serviço do lucro de poucos.
Vivemos em um sistema capitalista que condena a classe trabalhadora à fome e à pobreza. Que com sua violência destrói tudo que encontra em seu caminho, inclusive nossas vidas e de nossas famílias, para continuar acumulando riquezas nas mãos de uns poucos donos do mundo. Em um sistema onde tudo é mercadoria, as pessoas também são. Homens e mulheres estão presos ao trabalho para o resto de suas vidas, e as mulheres, além disso, tendo que realizar outro trabalho gratuito: o trabalho doméstico que garante a reprodução das famílias todos os dias.
Mas como o sistema nos leva a fazer isso e pensar que é natural trabalhar de graça? A verdade é que as mulheres têm capacidade biológica de ter filhos. Mas isso não nos torna mais sensíveis ou possuidoras de um instinto materno “natural” que nos daria mais “facilidade” para os afazeres domésticos e o cuidado da família, onde devemos fazer tudo em nome do amor.
Essas ideias falsas reforçam a visão de que nós somos pessoas a serviço dos outros, os homens, que trabalham fora de casa. Mas acontece que muitas de nós também trabalhamos fora de casa! E, no entanto, ainda temos que cuidar de tudo.
Por outro lado, também somos vistas literalmente como objetos que são compradas e vendidas, por exemplo, quando a miséria nos empurra para a prostituição. Nisso também é reforçada a ideia de que os homens podem ser donos de nossos corpos, de nossa vontade e também do nosso desejo, em troca de dinheiro. E se os homens podem ser nossos donos, por que não fazer o que eles quiserem conosco, até mesmo nos descartar?
O capitalismo é a violência máxima
Todas essas ideias são alimentadas pelo sistema capitalista para nos colocar em desvantagem, assim como o faz com o resto dos setores oprimidos. Da nossa opressão, o sistema tira mais vantagens e riquezas, aproveitando para ganhar mais à custa de pagar menos e manter nossas péssimas condições de vida. E à medida que o capitalismo pode dar cada vez menos respostas às necessidades da classe trabalhadora, a quem castiga com as suas crises, guerras e dívidas externas, quem mais corre perigo são as mulheres trabalhadoras, pois as piores misérias e violências da sociedade recaem sobre os nossos ombros.
Recentemente, o presidente Alberto Fernández declarou: “Queremos um capitalismo onde todos ganhem, não onde alguns ganham e outros perdem. Que todos ganhem tanto quanto contribuam, mas que haja um equilíbrio social mais justo” [4]. Mais uma vez, eles querem nos vender espelhos coloridos. Se nós trabalhadores ganhamos com o que trabalhamos e contribuímos para a sociedade, não teríamos necessidade de sair e lutar todos os dias contra as demissões, por salários dignos, moradia, saúde e educação para todos. O problema é o sistema capitalista, cuja base é a desigualdade: muito para alguns e quase nada para muitos. Essa é a pior violência que os trabalhadores e povo pobre sofrem
 Não existe saída para nós, sem uma revolução operária e socialista
A cada dia fica mais evidente que o sistema capitalista não pode ser reformado a nosso favor e que a única coisa que consegue é espalhar miséria para a maior parte do mundo, aqueles que sobrevivem do próprio trabalho, na pior crise da história. E à medida que humanidade mais se afunda na barbárie, nós mulheres ficamos com a pior parte. Por isso é uma questão de vida ou morte lutar para construir uma solução urgente.
O machismo é uma ferramenta do capitalismo que nos impede de nos unir com nossos companheiros homens. Isso nos divide e nos mostra que o problema de fundo é este sistema que só funciona para poucos. Nós, mulheres trabalhadoras devemos ser a linha de frente no combate para que os nossos companheiros homens nas fábricas, bairros ou locais de estudo compreendam que seremos mais fortes se nos unimos com o objetivo de construir um mundo totalmente diferente daquele em que vivemos.
Só podemos alcançar este mundo com uma revolução liderada pelos trabalhadores e trabalhadoras e estabelecendo um governo que realmente forneça cuidados de saúde para todas as nossas necessidades, tomando como exemplo a Revolução Russa de 1917. Somente uma revolução operária e socialista nos permitirá derrotar o machismo e a opressão, e nos permitirá viver livremente e com dignidade.
Para lutar por esses objetivos e por essa revolução, colocamos o Luta Mulher e o PSTU à sua disposição.
Notas:
[1] https://www.unwomen.org/es/news/stories/2020/4/statement-ed-phumzile-violence-against-women-during-pandemic#notes ONU (Organização das Nações Unidas)
[2] https://www.infobae.com/america/mundo/2020/05/07/la-oms-alerto-que-la-violencia-contra-las-mujeres-se-incremento-un-600-por-las-cuarentenas/  OMS (Organização Mundial da Saúde)
[3] https://ahoraquesinosven.com.ar/reports/255-femicidios-en-2020
[4] https://www.telam.com.ar/notas/202006/472488-estamos-trabajando-para-la-construccion-de-un-nuevo-contrato-social.html
Tradução: Luana Bonfante

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