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Catalunha: continuar a luta pela autodeterminação

epa06262759 YEARENDER 2017 SEPTEMBER People gather during a demonstration to support the Catalan independence referendum in Barcelona, Spain, 29 September 2017. Catalonia is to hold an independence referendum on 01 October, which has been declared illegal by the Spanish Constitutional Court. EPA/Alberto Estevez
novembro 25, 2018

O aniversário do 1-O deixou em evidência o divórcio de um grande setor da base independentista com dirigentes que usam a retórica de “fazer uma república” para fazer o oposto. Tornaram-se os gerentes autônomos de prisioneiros políticos, agora em prisões catalãs. Enviam os Mossos (Polícia da Cataluña, ndt) para reprimir os manifestantes independentistas e são aqueles que aplicam as sentenças de Llarena (Juiz do Estado Espanhol, ndt).

Por: Corriente Roja

Apesar da enorme resistência das bases, o aniversário do referendo deixou claro que o movimento de independência sofreu uma enorme derrota política há um ano nas mãos de sua direção, quando esta o abandonou, renunciou a proclamar e defender a República da Catalunha, entregou as instituições sem resistência e aceitou as eleições do 155 (Artigo 155 da constituição espanhola, que visa frear o movimento separatista catalão, ndt).

Agora, depois de um ano, a fase de decepção foi aberta. Um grande setor independentista já está ciente de que a única coisa que impede a total “normalização” autônoma por parte da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e do JxCAT (Juntos por Catalunha) são os prisioneiros e que sua batalha fratricida responde às lutas pelo espaço eleitoral. Enquanto isso, Sanchez lava as mãos e o PP-C (Partido Popular da Catalunha) grita pelo retorno do 155 na versão dura e indefinida.

Recuperar a luta por um referendo de autodeterminação, conscientes de que o Estado nunca o aceitará

Nessa situação, a tentativa de ocupação do Parlamento, realizada pelo setor mais radicalizado dos CDR (Comitês de Defesa da República), é um ato de desespero.

A possibilidade real de proclamar a República da Catalunha foi viável apenas nos primeiros dias de outubro do ano passado, quando dois milhões de pessoas estavam organizadas e mobilizadas e contavam com a simpatia ou neutralidade dos setores populares não independentistas. Mas esta oportunidade foi perdida, traída pela direção independentista e não pode ser reproduzida à vontade. Hoje, “fazer a República” e “implementar o mandato de 1º de outubro” são apenas uma “saudação à bandeira”.

Da mesma forma, o referendo consensual defendido pelos Comunes – e pelo ERC e JxCAT – é tão utópico quanto o “fazer a República” da CUP (Candidatura de Unidade Popular). Se não há condições para “implementar já o mandato de 1º de outubro”, menos ainda para um plebiscito com o Estado, por muitos “ultimatos” vazios que faça Torra (presidente regional da Catalunha).

Uma ampla maioria catalã continua defendendo o direito de decidir. Mas o exercício desse direito nunca será possível se estiver subordinado à vontade do regime, que já demonstrou amplamente que não o permitirá. Apenas uma nova insurreição popular e de ruptura pode garantir isso.

A batalha hoje é recuperar a reivindicação do direito de decidir, de um referendo democrático, que permita reconstruir um movimento majoritário e neutralizar a onda reacionária espanholista.

Qual é o papel da classe trabalhadora nessa batalha?

Há um setor de trabalhadores que simpatiza com a ideia de independência e outro, que é a maioria, que é contra. As duas ideias são igualmente legítimas. Mas, além dessa diferença, como trabalhadores, temos uma obrigação comum: lutar juntos contra todos os tipos de união forçada. Não temos nada a ganhar e muito a perder, apoiando a união forçada.

Apoiar o regime contra o direito de decidir significa fortalecer os ataques às liberdades democráticas e reforçar as forças mais reacionárias e antitrabalhadoras. Significa revitalizar um regime herdeiro do franquismo e um instrumento dócil dos grandes empresários e do capital europeu.

Dada a indiferença que se instalou entre muitos trabalhadores, o setor mais consciente tem que se colocar na vanguarda desta batalha. Em vez de enfrentar esses trabalhadores, temos que garantir a unidade. Uma unidade que é possível se defendermos juntos o direito de decidir, assumindo os resultados democráticos da consulta. Assim também poderemos lutar pela unidade com a classe trabalhadora do resto do Estado. Temos que ser os primeiros a defender o direito de decidir acabar com a monarquia e lançar as bases para uma união livre de repúblicas. Levantar as comportas às demandas operárias e populares e abrir finalmente o caminho para uma revolução socialista que mudará as raízes da sociedade.

Tradução: Tae Amaru

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