Em luta com a nossa classe
Nos últimos meses, a situação política belga esteve marcada por importantes mobilizações em torno a dois temas centrais: a luta contra a austeridade do governo Michel De Wever e os refugiados.
Por: LCT – Bélgica
Os trabalhadores saíram às ruas no dia 7 de outubro para expressar seu cansaço e oposição às políticas antissociais do governo: um ano de cortes e restrições orçamentárias, um ano de presentes à patronal! Em resposta, o governo não só é surdo como reprime e ataca o direito de greve. Certamente, mais uma vez as manifestações pontuais na tradicional Nord-Midi não serão suficientes. É necessário realizar um plano de luta firme e decidido, uma unidade de ação sindical em torno das reivindicações e uma mobilização sem precedentes das bases sindicais, que devemos construir se queremos a vitória desta luta contra a destruição do nosso poder aquisitivo.
O outro tema político quente deste outono foi a chegada massiva de refugiados, em sua maioria expulsos de seus lares devido à guerra. O apoio ativo e concreto foi impressionante, e a solidariedade também se evidenciou politicamente por meio de várias manifestações, enquanto o governo lhes deu uma recepção deplorável, selecionando aqueles que representam um trabalho “útil” para os patrões e aplicando aos outros uma política muito restritiva!
Por outro lado, a questão da recepção dos refugiados não deve nos fazer esquecer uma coisa: se a população síria fugiu de seu país, é principalmente porque já faz cinco anos que os países imperialistas observam com um silêncio cúmplice as atrocidades cometidas por Bashar al-Assad e pelo Estado Islâmico. Se o EI cresceu e executa ataques bárbaros tanto na Síria como em Paris, é fruto de uma barbárie ainda maior das potências imperialistas, que há décadas realizam conquistas sangrentas nesta região estratégica que é o Oriente Médio.
As políticas de austeridade fazem com que o tema dos refugiados deva ser pensado e analisado em um âmbito europeu. E neste processo, em que as políticas da burguesia nacional apontam na mesma direção, mesmo que com diferentes velocidades, a resposta das massas também cresce. Em toda parte, há elementos de reorganização política e sindicais, alguns mais avançados que outros. No Estado Espanhol, está se estabelecendo uma iniciativa de sindicalistas combativos. Na Alemanha, uma Conferência Internacional de Trabalhadores do Setor Automobilístico organiza a solidariedade internacional no setor.
As migrações, as intervenções políticas e militares imperialistas, os ataques, as políticas de austeridade, a reorganização política e sindical: são muitos os aspectos atuais da luta de classes que colocam nossos “corpos em chamas” para levar nossas próprias respostas, intervindo nas lutas concretas.
Finalmente, uma palavra em relação ao nosso jornal. Nossos leitores habituais terão notado a mudança depois de 19 anos e 100 números de “Presse Internationale”. Os primeiros números foram editados por companheiros da LIT que chegaram à Bélgica para defender o programa de nossa organização internacional e, sobretudo, refletir a realidade internacional. Dez anos depois, foi fundada a LCT. Nosso compromisso com a luta, na Bélgica e no mundo, não mudou, mas se tornou mais concreta, com uma melhor integração nas lutas aqui no país. Já era hora de refletir isto, também no título de nosso trabalho: a luta. Um compromisso inequívoco nesta luta de classes que o capital nos impõe.
Tradução: Samanta Wenckstern
Artigo publicado em En Lutte n.° 101, dezembro de 2015.