75 Anos sem Trotsky
A construção da IV Internacional “é o trabalho mais importante da minha vida”
setembro 3, 2015
Continuo pensando que o trabalho em que estou empenhado, apesar do seu caráter extremamente insuficiente e fragmentário, é o mais importante da minha vida; mais do que o de 1917, o da guerra civil ou qualquer outro.
Por León Trotsky
Para expressar-me com maior clareza, diria o seguinte. Se eu não tivesse estado em Petrogrado em 1917, a revolução de Outubro ter-se-ia produzido de qualquer forma, com a condição de que Lênin estivesse presente na direção. Se nem Lênin nem eu tivéssemos estado em Petrogrado, não teria havido revolução de Outubro: não tenho a menor dúvida de que a direção do partido bolchevique a teria impedido. Se Lênin não tivesse estado em Petrogrado, duvido que eu pudesse ter vencido a resistência dos dirigentes bolcheviques. A luta contra o “trotskismo” (isto é, contra a revolução proletária) teria começado em Maio de 1917 e o desenlace da revolução teria estado em dúvida. Mas, repito, com a presença de Lênin, a revolução de Outubro teria triunfado. Em termos gerais, o mesmo poderia dizer-se da guerra civil, ainda que na sua primeira etapa, sobretudo na época da queda de Simbirsk e Kazan, Lênin vacilasse, acossado pelas dúvidas. Mas foi sem dúvida um estado de espírito passageiro que não confessou a ninguém além de mim.
Por isso, não posso dizer que o meu trabalho foi “indispensável”, nem sequer no período entre 1917 e 1921. Mas agora o meu trabalho é “indispensável” em todos os sentidos. Nesta afirmação não há a menor arrogância. A destruição das duas internacionais colocou um problema que nenhum dos seus dirigentes é capaz de resolver. As vicissitudes do meu destino pessoal colocaram-me perante o problema e dotaram-me de uma grande experiência para abordá-lo. Não resta ninguém senão eu para levar a cabo a missão de armar uma nova geração com o método revolucionário, sobre as cabeças dos dirigentes das internacionais: a Segunda e a Terceira. E coincido plenamente com Lênin (ou melhor, com Turguenieve) em que o pior dos vícios é ter mais de cinquenta e cinco anos! Necessito pelo menos de mais cinco anos de trabalho ininterrupto para assegurar a sucessão.
Fonte: Diário de Trotsky no exílio, 1935
Tradução: Renata Cambra