search
Especial Grécia-Syriza

Primeira greve contra o governo de Syriza

junho 1, 2015
Em 20 de maio passado, o pessoal dos hospitais e centros de saúde pública da Grécia (médicos, enfermeiras e equipes de ambulâncias) realizou uma greve de 24 horas para protestar pela falta de funcionários e financiamento.

O estado da saúde pública no país está à beira de um colapso. O sindicato dos trabalhadores não médicos do setor afirmou que o serviço de saúde está “fora de controle por causa da escassez de fundos e de pessoal” e que o curso das negociações do país com seus credores internacionais não está criando “as condições para solucionar problemas acumulados, e a situação está chegando a um nível de descontrole”(página Informador.mx). Por sua parte, Dimitris Varnavas, presidente do sindicato dos médicos, declarou que o objetivo era conseguir que o governo “destine fundos aos hospitais”.

Outros participantes da greve (como Apostolis, socorrista de ambulância) expressaram que a falta de financiamento tem consequências graves sobre a capacidade operacional das ambulâncias e sobre a saúde dos pacientes. As ambulâncias não saem porque sofrem danos e não há peças de troca”, e “Necessitamos investimento para deixar de ter pacientes em macas nos corredores dos hospitais. Além disso, nos devem o pagamento das horas extras desde janeiro” (Efe Jrisula, ajudante de enfermagem).

À tarde do dia da greve, os trabalhadores iniciaram uma marcha até o Parlamento para então marcharem até a sede do Governo. No entanto, depois de chegarem ao Parlamento, forças da polícia anti distúrbios lhes impediram de continuar sua marcha até a sede do Executivo.

A situação de decadência extrema da saúde pública grega não se iniciou com o governo de Syriza; é o resultado de anos de planos de ajustes e falta de investimentos dos governos anteriores, motivado pelo custo da permanência da Grécia na União Europeia e na zona do euro.

Porém o governo de Alixis Tsipras, em vez de dar um giro de 180º nesta política (o que era uma aspiração muito sentida tanto do povo grego como dos trabalhadores dos hospitais) agravou a situação.

Por exemplo, agravou a situação com a recente lei de austeridade que foi aprovada no Parlamento. Por esta lei todos os organismos estatais (desde os municípios até os hospitais) estão obrigados a por à disposição do governo suas reservas de caixa. Ou seja, se os hospitais que já não dispunham de fundos para enfrentar sequer os gastos mínimos diários, o que dizer então quanto a resolver os problemas mais profundos e estruturais da saúde pública. Foi precisamente esta lei o detonante que desencadeou a greve.

Esta lei, cujo objetivo é garantir fundos para pagar a dívida externa com o FMI, o BCE e os demais credores, é o resultado da capitulação do governo de Syriza às exigências da troika e, ao mesmo tempo, uma traição às aspirações pelas quais o povo grego votou no Syriza e o levou ao governo.

Ante esta capitulação, apoiamos a greve dos trabalhadores dos hospitais, como um primeiro passo da mobilização independente dos trabalhadores e das massas. Reafirmamos que a tarefa imediata na Grécia é organizar a oposição operária e popular para enfrentar o governo. É esta a única possibilidade de construir uma alternativa que se dirija para um verdadeiro governo dos trabalhadores e do povo, assentado em suas organizações democráticas, que rompa com o capitalismo, a União Europeia e com o euro.

Leia também