Porto Rico
Greve estudantil vence em Porto Rico
setembro 16, 2010
Desta forma a edição de 17 de junho do New York Times resume a greve que fechou a Universidade de Porto Rico (UPR) durante 62 dias com amplo apoio da população. Foi a greve geral mais forte na história da UPR.
O acordo final mediado judicialmente cancelou a taxa especial que dobraria o custo para os 62.000 estudantes da UPR. Além de que, manteve a gratuidade para os atletas, os artistas, os estudantes honorários e os empregados e suas famílias. A privatização parcial ou completa de UPR ficou vetada e os grevistas não podem ser punidos. O acordo não contempla um ponto crucial, que é a transparência total no orçamento da universidade, um dos objetivos principais da greve.
Uma Assembléia Geral forte com 3 mil estudantes em 21 de junho, em júbilo, aceitou o acordo, mas votou uma greve “preventiva” se o aumento das taxas voltar à pauta em 2011. Outras ameaças são os cortes em salários e benefícios dos trabalhadores da UPR.
“Vocês podem cortar todas as flores, mas nunca suprimirão a chegada da primavera”
A construção da greve demonstrou uma estratégia correta de como mobilizar em massa, com democracia, para vencer.
Bebendo das fontes da greve estudantil de 29 dias na UPR em 2005, da grande mobilização dos trabalhadores porto-riquenhos em outubro de 2009 e dos protestos na Califórnia, os estudantes denunciaram a exclusão dos estudantes de baixos rendimentos e exigiram transparência nas finanças da UPR, mas não obtiveram resposta alguma. As panfletagens, as reuniões abertas, as ocupações e greves desembocaram na greve geral.
Centenas de estudantes se entrincheiraram nos sete portões do maior campus, em Río Piedras.
Os reitores da UPR recorreram à Justiça, à forte repressão policial e, inclusive, ao corte de água e comida aos grevistas que estavam dentro do campus.
O amplo apoio da comunidade conseguiu romper o bloqueio. Os sindicatos realizaram um dia de greve geral. Entre outros, Ricky Martin, Eduardo Galeano e os estudantes de Berkeley e de Oakland expressaram sua solidariedade. Esta força irresistível estava destinada a triunfar.
O segredo melhor guardado foi, quiçá, o procedimento democrático de tomada de decisões. Ao longo da luta, apresentaram-se vigorosas discussões entre as diferentes tendências sobre questões centrais. No entanto, as assembléias democráticas para decidir as ações permitiram manter a unidade.
Tradução: Rosangela Botelho